(Re)engajamento

Reordenando um conceito para uma cultura em desordem

Bruno Maroni
LADO B
2 min readMay 31, 2021

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O quão efetivo é o termo “engajamento”, particularmente, “engajamento cultural”? Essa é uma expressão amplamente usado quando se disparam as questões envolvendo fé e cultura, igreja e sociedade.

Coisas do tipo: “os cristãos precisam se engajar na cultura para fazerem a diferença!”. Claro que isso é possível e necessário. Mas será que a ideia não se tornou “escorregadia” demais? Bem, a instabilidade participativa da igreja em meio aos desafios e oportunidade de hoje em dia dá a entender que sim, que precisamos rever os potenciais do conceito.

Engajamento é acomodação, resistência, ativismo ou simples presença? Pode ser um pouco de cada. Esse é o desafio.

Um grande desafio do engajamento cultural ressignificado é que ele se dá pela sabedoria, não só pelos dados reunidos coerentemente. A sabedoria não tem a ver (só) com a boa informação, mas com as posturas adequadas.

Neste caso, as posturas adequadas diante de uma cultura que ao invés de matemática, é caótica; ao invés de estática, é dinâmica; ao invés de uniforme, é plural.

A literatura bíblica de sabedoria é um imprescindível recurso para refinarmos o engajamento cultural, pois lida justamente com a experiência da fé em um mundo e uma cultura contingentes.

A literatura bíblica de sabedoria é um imprescindível recurso para refinarmos o engajamento cultural, pois lida justamente com a experiência da fé em um mundo e uma cultura contingentes.

Penso que a sabedoria pressupõe posição e propósito – saber onde estamos e para onde estamos indo. Ficaremos confusos entre a pluralidade de posturas possíveis em relação à cultura e em relação à própria cultura se não pararmos para, antes de qualquer outra coisa, entendê-la. O que dá os contornos de uma cultura? O que as compõem? Como se dá o orgânico processo de formação cultural que nos envolve? Como os elementos de uma cultura favorecem ou prejudicam o desenvolvimento humano?

Precisamos refletir sobre essas questões para encontrarmos e sustentarmos, sabiamente, um engajamento diverso que respeite e atenda à diversidade cultural.

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Bruno Maroni
LADO B
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Marido da Lari e pai do Tim. Teólogo, jornalista cultural (improvisado) e escritor em formação. Gosto de livros, discos, pizzas e tartarugas.