Representatividade importa sim!

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4 min readOct 27, 2016

Por Tiago Cunha | Planejamento

O Wikipedia resume o termo representatividade da seguinte forma: qualidade de alguém, de um partido, de um grupo ou de um sindicato, cujo embasamento na população faz que ele possa exprimir-se verdadeiramente em seu nome.

Acompanha comigo essa cena (típica): um menino de 8 anos que sofre diariamente todo o tipo de agressão verbal em sua escola e na sua própria casa. Ele não entende muito bem no início, mas depois começa a compreender que o mote das piadas e xingamentos é porque ele é “afeminado” demais para os padrões daquelas pessoas, os seus agressores. Essa criança por sua vez, ouve esses xingamentos através de palavras que ela nem mesmo entende, mas pelo tom que são proferidas sabe que boa coisa não é. Ele não consegue entender aquele contexto em que vive e muito menos ver algo ou alguém semelhante ao seu redor, ou na TV, ou nas revistas, pra que entenda que as suas diferenças são extremamente normais. Aquilo fica em sua mente e o oprime, obviamente. Corta para 20 anos depois: que tipo de adulto temos, vivendo em sociedade, em termos psicológicos? Sabemos de casos como esses aos montes e, consequentemente, o resultado sempre é um desastre social e traumático.

É bem complicado falar de representatividade quando não se faz parte de alguma minoria — seja racial, LGBT, deficiência física ou mental e por aí vai — o que não impede você de militar por causas que se simpatize, até mesmo porque isso te torna civilizadamente mais humano, ou de se sensibilizar e entender alguns contrapontos importantes em torno desses temas.

E representatividade na propaganda?

Na comunicação como um todo, vivemos um momento de grandes discussões, debates de gêneros e um combo de informações super importantes para quebrar paradigmas. O objetivo de todo publicitário comprometido com o contexto em que vive é o de ficar atento à essas questões e entender todos os contrapontos possíveis, podendo assim, compreender todas as nuances desses universos, se livrando de qualquer tipo de “pré conceito”, afinal, foi-se o tempo em que ser exclusivo era algo comum e aceitável. É compromisso como cidadãos sermos inclusivos e pró-ativos para uma sociedade mais acolhedora e receptiva.

É importante e necessário sermos adversos, sabe por que? Porque não faz o menor sentido construir histórias que não representam nada e nem ninguém, afinal, o real é o que importa, o real é o que conta uma história que faz sentido, o real é o que faz com que as pessoas se sintam representadas de alguma forma. Pode ter certeza que acima de tudo estamos fazendo um bem danado para o meio em que vivemos.

Exemplos de onde a representatividade fez total diferença

Você provavelmente conhece Leslie Jones, a atriz destaque de Ghostbuster, que recentemente deu um depoimento emocionante no programa de TV “The View” contando como foi importante acompanhar o sucesso dos programas de Oprah Winfrey e conseguir enxergar um futuro como artista, pois se sentiu representada através da figura pública de Oprah.

Outro caso importante onde a representatividade provou ser uma questão fundamental foi o da atriz transsexual e negra, Laverne Cox. A estrela da série “Orange is the New Black” foi a primeira atriz trans a ser capa da revista Time e a receber uma indicação ao Emmy Awards. Junte isso à um ativismo político-social super representativo e com grande visibilidade na mídia e temos uma mulher forte e transgressora.

Você não tem ideia do quanto se sentir representado de alguma forma é importante. Na verdade é mais que importante, é vital!

Mas você pode pensar aí: “ah, mas são só pessoas comuns com belos trabalhos, talvez pensar que são diferentes por isso pode soar até preconceituoso”. Isso pode ser fácil de ser imaginado quando se vê de uma ótica super confortável econômica e socialmente, mas acredite em mim, quando se é uma criança e vê que não se encaixa em nenhum daqueles “padrões” estabelecidos pela sociedade, você não tem ideia do quanto se sentir representado de alguma forma é importante. Na verdade é mais que importante, é vital!

Quero provocar uma discussão em você: procure entender a fundo o que acontece com algum tipo de minoria. Leia, veja documentários, ouça podcasts e consuma todo o tipo de material que temos ao nosso alcance sobre os temas. Entenda suas lutas, objetivos, vitórias e percas. Se você pertence à alguma minoria, escolha outra e tente se aprofundar nesse universo. É um exercício de total desprendimento, mas também de muito crescimento humano e aprofundamento sociológico em questões tão importantes até chegarmos em conclusões claras de que a evolução da sociedade como um todo só acontece quando seguimos juntos e bem resolvidos.

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