Engenharia na Carta: Construindo uma cultura de inovação inclusiva

Gustavo Hingel Morada
Building Carta
Published in
8 min readSep 30, 2021

Engenharia na Carta: construindo uma cultura de inovação inclusiva

Desde que abrimos um escritório no Rio, em 2017, a primeira pergunta que ouvimos de candidatos a uma vaga é: “O que é a Carta?”.

Carta é uma startup localizada em São Francisco, na Califórnia. Temos escritórios em diversas cidades dos Estados Unidos, bem como no Canadá, Austrália, Cingapura e Brasil. A Carta foi fundada em 2012; em agosto de 2021, foi avaliada em 7.4 bilhões de dólares.

A missão da Carta é “create more owners” (criar mais proprietários). Nós ajudamos pessoas a terem participação na riqueza criada por empresas de capital fechado — as quais ainda não participam de transações na bolsa de valores. Essa riqueza é representada por “equity” ou cotas de participação nessas empresas. Fundadores de empresas de capital fechado oferecem equity a investidores em troca de investimentos que serão usados para o crescimento da empresa. Frequentemente, eles também oferecem equity para seus funcionários como parte de seu plano de benefícios, além dos salários.

A Carta torna o gerenciamento de equity mais fácil para fundadores, investidores e funcionários. Nós começamos nossa jornada com um produto desenvolvido para ajudar empresas a gerenciar suas tabelas de capitalização (ou “cap tables”, em inglês). Uma cap table é uma lista de pessoas ou grupos que detêm uma porcentagem de uma empresa de capital fechado através de seus investimentos. Simplificar o gerenciamento de cap tables é um grande problema nos Estados Unidos, onde empresas de capital fechado têm centenas ou milhares de investidores. Este não é um problema que chegou ao Brasil: grande parte das empresas de capital fechado no Brasil ainda não oferece equity aos seus funcionários como parte da remuneração — mas essa é uma realidade que esperamos mudar.

Criando um time ideal para o Brasil

Frequentemente somos perguntados: por que a Carta tem escritório no Brasil e como é trabalhar com diferentes culturas e fusos horários?

A Carta tem trabalhado com um time no Brasil desde o início, quando a Carta ainda era conhecida como eShares. O mercado de tecnologia é altamente competitivo, ou seja: encontrar e reter talentos em engenharia pode ser desafiador. Depois de muita pesquisa e contatos com talentos no Brasil, nasceu a eShares Brasil.

Hoje, a cultura da Carta é internacional, com escritórios em quatro continentes. Nossos funcionários brasileiros interagem com pessoas de todas as nossas localidades. A depender do foco da engenharia, seus colegas de trabalho podem ser gerentes de produto, designers ou até mesmo outros engenheiros. Alguns times são compostos exclusivamente por engenheiros no Brasil, outros incluem engenheiros no Brasil e nos Estados Unidos.

Como uma empresa internacional, nós aprendemos a considerar diversos aspectos quando funcionários estão distribuídos ao redor do mundo. As formas de fazer negócios são diferentes em um ambiente multicultural e a comunicação pode ser difícil através de milhares de quilômetros de distância e em diferentes fusos horários.

A Carta tem trabalhado duro para enfrentar esses desafios. Eu conversei com a Preeti Kaur, vice-presidente de engenharia na Carta, para descobrir mais detalhes sobre como ela trabalha com o time no Brasil, uma vez que ela está baseada no escritório da Carta de São Francisco. Quando ela se juntou ao time da Carta, há quase três anos, ela agendou reuniões 1:1 com todos os engenheiros do Rio — além de outros membros do time do Brasil — para entender o que a empresa deveria fazer para construir uma cultura inclusiva.

“Tudo começa por entender as dificuldades de trabalharmos de diferentes lugares e com culturas diferentes,” explicou Preeti. “Nós nos perguntamos: o que faz com que as pessoas se sintam incluídas e psicologicamente seguras no trabalho? Nós então organizamos um comitê de segurança psicológica com pessoas de todos os departamentos no Brasil. Percebemos que, para que todos pudessem se comunicar e contribuir em nossas reuniões, seriam necessárias mais interações, mais formas de superar barreiras culturais e de comunicação e padrões unificados.” Preeti e o time também refletiram sobre como criar uma comunicação mais inclusiva: “Nós criamos benefícios como pagamento de cursos de inglês e cursos de oratória para apresentações. Também treinamos nossos gestores para conduzir as reuniões de forma que o interlocutor seja visto.”

Essa lógica de inclusão estendeu-se para outras formas de superar as diferenças entre escritórios: “Nós temos escritórios em fusos que são relativamente parecidos, então, criamos times para tentar alinhar os horários — isso é mais importante do que a localidade em si. Nova Iorque e Waterloo (Canadá) se aproximam do fuso horário do escritório do Rio, então, alinhamos os times dessas localidades. Também temos quatro horas no dia em que todos estão online e esperamos que essas horas essenciais estejam repletas de reuniões.”

A presença física e representação também se provaram essenciais. “Nós começamos a visitar o escritório do Rio para nos reunirmos pessoalmente com mais frequência,” disse Preeti. “Nosso CEO, Henry Ward, foi ao Brasil para conduzir reuniões chamadas “town hall,” com toda a empresa, para que outros pudessem experimentar a sensação de não estar no escritório matriz.” Antes da pandemia da COVID-19, a Carta também promovia a cultura de viagens e trocas entre os escritórios, possibilitando a interação cara a cara. Viagens dão aos Cartans brasileiros a oportunidade de experimentar a cultura dos nossos outros escritórios. Nossos colegas brasileiros vivem a experiência de trabalhar no Vale do Silício ou Nova Iorque — e colegas internacionais podem visitar nosso escritório no Rio, com sua estonteante vista para o mar. Desejamos retomar essa cultura depois da pandemia.

Preeti e o time também queriam garantir que a cultura de engenharia da Carta fosse sensível a circunstâncias nacionais e regionais: “Nós tomamos decisões relativas a cada escritório baseados nas realidades do que está acontecendo localmente”, continuou Preeti. “Sabemos que as necessidades no Brasil são diferentes durante a pandemia da COVID-19, por exemplo, e garantimos que estamos apoiando nossos funcionários de forma apropriada. Quando a pandemia começou, cada escritório recebeu um benefício baseado nas necessidades locais. No Rio, sabemos que eletricidade e conexão à internet podem ser caras. Sendo assim, quando o time se viu na necessidade de trabalhar de forma remota e longe do ar condicionado do escritório, a Carta ofereceu uma ajuda de custo para compensar os gastos que os funcionários passariam a ter em suas casas.”

Criando times talentosos

Entender a cultura é crucial para recrutar e manter um time de excelência. Nossos planos de recrutamento de engenharia contam com uma recrutadora no Brasil e um comitê de contratação que busca feedback de todos os times de engenharia da Carta, inclusive dos funcionários do escritório do Rio. Isso nos ajuda a garantir que a Carta não faça meras suposições sobre o que é um excelente candidato.

Para sermos bem sucedidos em nossa missão, o processo da Carta é muito engenhoso. Antes de me juntar ao time, trabalhei em várias startups no Brasil. Eu decidi que o momento para expandir meus horizontes havia chegado e deveria começar a trabalhar com empresas internacionais — não só com o intuito de desenvolver meu inglês, mas para aprimorar minhas habilidades técnicas e interpessoais ao ser exposto a pessoas com diferentes experiências culturais e técnicas.

Logo no começo das entrevistas, percebi que a Carta era muito especial. O processo seletivo foi transparente, com alta exigência técnica e uma atenção a detalhes que me deixou absolutamente confortável em todas as fases. Todas as pessoas envolvidas no processo eram amigáveis, prestativas e comprometidas em me apoiar a entregar o meu melhor em cada etapa. Na medida em que eu avançava, ficava cada vez mais empolgado para me juntar à Carta: ficou claro que as características que eu valorizava estavam enraizadas na empresa.

Depois de algumas entrevistas, recebi a minha proposta. As informações contidas na proposta eram claras e bem explicadas. O recrutador dedicou 15 minutos para revisar detalhadamente a proposta comigo, incluindo os benefícios e vantagens. Eles se certificaram de que eu havia entendido como funciona a compensação em equity e qual seria o valor do benefício, uma vez que este era um território novo para mim. Eu fiquei impressionado por poder acumular equity na empresa desde o meu primeiro dia de trabalho. A oferta de equity combinada com o cuidadoso processo de recrutamento fizeram com que eu me sentisse parte da empresa antes mesmo de me juntar a ela. Tive ainda mais vontade de começar essa jornada.

Desde o primeiro dia, funcionários são recebidos de forma que se sintam incluídos na Carta. Cada funcionário passa seus três primeiros dias com o grupo de novos funcionários da empresa. Eles aprendem sobre como os diferentes departamentos da empresa funcionam e têm a oportunidade de conhecer outros Cartans, tanto os recém contratados quanto os mais experientes. Os engenheiros então participam do Carta Engineering Bootcamp, a fim de iniciar o contato com outros engenheiros de outros times. Nós desenvolvemos o bootcamp com o intuito de ajudarmos novos engenheiros a entender o que fazemos na Carta, como fazemos e como buscamos respostas ou ajuda quando precisamos. Esse tempo dedicado à integração ajuda a todos no time a se sentirem mais conectados e capazes de desenvolver seu trabalho desde o início.

Crescimento é importante na Carta. Os padrões são altos, mas são consistentes em todos os escritórios e times. A Carta também valoriza a transparência, que é crucial para o crescimento profissional: os níveis de engenharia da Carta descrevem as habilidades e responsabilidades exigidas de cada nível e como chegar lá. No Brasil, trabalhamos com os mesmos produtos, temos os mesmos caminhos profissionais e somos expostos às mesmas oportunidades de inovação que todos os outros engenheiros da organização.

Resolvendo grandes problemas

Um excelente time de engenharia resolve grandes problemas. Na Carta, nós trabalhamos para resolver problemas que nunca foram atacados antes. Isso significa que nós não temos uma literatura para guiar nossas abordagens. Nós criamos liderança em engenharia na medida em que construímos.

Os problemas que estamos enfrentando vão moldar o mundo pelos próximos anos. Eles vão alterar fundamentalmente políticas de benefícios e geração de riqueza. Nós devemos ser criativos, devemos pensar fora da caixa, experimentar hipóteses e lançar soluções inovadoras que nunca tenham sido concebidas.

Como exemplo, um dos times do Brasil recentemente trabalhou com a nossa colega Natalie Vicas no Carta Launch — uma plataforma com ferramentas gratuitas para fundadores de startups em estágio inicial. Como Natalie disse, “Launch é uma forma de ajudarmos os fundadores de pequenas empresas desde o início. Para nós, é muito importante ajudarmos essas pessoas a desenvolverem seus negócios.”

O time da Natalie desenvolveu um fluxo em tempo real para criação de contas, o que permite aos fundadores criar suas contas de forma imediata. Eles também criaram um novo fluxo de implantação. Esses importantes projetos exigiram muito do nosso time de engenharia. Nosso time foi capaz de resolver esses problemas em um curto espaço de tempo graças à nossa cultura colaborativa. Quando eu pedi para que ela refletisse sobre a experiência dela, Natalie me disse: “Todos os engenheiros com quem eu trabalho tem um completo entendimento da visão: o que eles estão construindo e por que é importante. Todos são parte do time. Todos nós nos importamos muito.” Eu não posso discordar.

As oportunidades oferecidas pela Carta a engenheiros são únicas e enriquecedoras. A empresa me ajudou a desenvolver habilidades que eu não teria a oportunidade de desenvolver trabalhando em uma empresa que limite suas operações ao Brasil. Eu posso dizer, sem dúvidas, que aceitar uma proposta da Carta foi uma das melhores decisões que eu já tomei. O contínuo crescimento pessoal e profissional faz com que eu acorde todos os dias alegre e disposto a fazer a diferença.

Se você ficou interessado em engenharia na Carta, candidate-se a uma vaga aqui.

Traduzido por Matheus Pio.

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