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Talking Partners — Uma prática para gerar conexão entre as pessoas

5 min readOct 28, 2021

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Duas pessoas negras se cumprimentando através de um aperto de mãos.
Photo by Cytonn Photography on Unsplash

Em ambientes onde o trabalho distribuído e o crescimento acelerado representam parte da realidade dos negócios, um desafio acaba emergindo: como criar relações profundas entre as pessoas?

Se você já interagiu com processos de fusão entre empresas ou tem lidado com entradas de novas pessoas quase que semanalmente, é possível que você esteja tendo dificuldades em fazer com que as pessoas se sintam parte do todo.

Além do mais, escalar estruturas, por vezes reduz a capacidade da organização em transferir conhecimento e de permitir que as pessoas troquem histórias, aspectos estes relevantes para o cultivo e a disseminação da tão falada cultura.

Foi a partir de tais desafios que venho testando uma prática chamada Talking Partners, apresentada em mais detalhes no livro An Everyone Culture Becoming a Deliberately Developmental Organization. Se você acredita que as organizações são ótimas plataformas de aprendizagem e que as práticas estabelecidas devem potencializar o desenvolvimento das pessoas, não deixe de ler o livro.

Mas, afinal, o que é a prática Talking Partners (TP)?

O TP é um método que se propõe a criar um fluxo de “co-mentoria” entre os membros de uma equipe.

As pessoas são organizadas em duplas que terão a oportunidade de interagir diariamente e de forma intimista.

É esperado que o convívio aumente o senso de pertencimento das pessoas e as ajude no aprimoramento de suas capacidades pessoais e profissionais.

Em linhas gerais, a prática institucionaliza uma abordagem para potencializar relações onde as pessoas aprendam e ensinem, gerando vínculos que vão além das relações formais.

Como a prática funciona?

Cada encontro deve ser organizado em torno de um tripé: se conhecer, desabafar e se desenvolver.

Se conhecer representa incorporar na rotina a disciplina para que a dupla desenvolva uma conexão profunda, ou seja, os encontros devem acontecer em um mesmo horário, todos os dias e durarem no máximo 30 minutos. Cabe ressaltar que a cadência frequente dos encontros é uma aliada para permitir que as pessoas abram suas mentes, compartilhem suas emoções e declarem suas vontades.

O desabafo ou ventilação envolve “retirar as toxinas” que estejam pairando na rotina de quem faz parte da dupla. Qualquer aspecto da vida pessoal ou profissional é relevante para ser discutido. A teoria por trás disso é que, para se reconhecer como uma pessoa integral no trabalho, você precisa de um ambiente que acolha os sentimentos de frustração, medo, ansiedade e felicidade como parte de quem você é.

O último elemento da prática envolve o desenvolvimento. Os encontros representam uma oportunidade para que as pessoas discutam sobre as técnicas que estão aplicando em seu dia a dia, compartilhem referências que possam ser úteis para um aprofundamento em determinado tema, apresentem estratégias para lidarem com problemas e peçam conselhos de como tratar dilemas que se manisfetam. A intenção é fazer com que o aprendizado seja gerado a partir da prática e que a evolução das pessoas aconteça a partir da troca.

É saudável que de tempos em tempos (ex: a cada 3 meses), haja um revezamento entre as duplas, criando um ambiente de contínua troca.

Relatos de pessoas que têm utilizado a prática

Ao longo do segundo semestre de 2021, venho acompanhando o uso da prática dentro de um capítulo de agilidade que dobrou de tamanho em decorrência de uma fusão.

A seguir, listarei relatos das pessoas sobre como tem sido experienciar a prática no dia a dia.

[pessoa 1]

Nas sessões que tenho feito, compartilho coisas sobre a vida, e também o que estou fazendo nos times (ex: as conquistas, os aprendizados e os desafios). As interações diárias me dão ideias práticas do que fazer para melhorar o meu trabalho.

Com algumas perguntas que a minha parceira traz, eu acabo tendo alguns insights que não teria sozinho. Tem sido algo muito leve, uma conversa bacana!

Com esses compartilhamentos tenho aprendido um pouco sobre as facilitações e trabalhos no contexto que a minha parceira está inserida, e me permite conhecer um pouco mais sobre alguns times da empresa.

[pessoa 2]

Minhas sessões com o meu parceiro são enriquecedoras. A gente já falou da vida, falamos dos nossos contextos, apresentamos um pouco do nosso trabalho, falamos sobre o nosso dia a dia e os desafios que encontramos e isso faz com que eu consiga me inspirar e mostrar o quanto parear abre a nossa mente para pensar em coisas que nem sempre pensamos — diversidade de opiniões.

Aproveitamos a sessão para nos conhecermos além da faceta profissional. Conheci uma pessoa que eu não conhecia até ter essa interação diária com ela.

[pessoa 3]

Estamos fazendo sessões diárias de 30 minutos e já falamos sobre vários assuntos. Começamos por nossas histórias de vida e já passamos por carreira, sobre a estrutura da empresa e sobre a estratégia do negócio. Inclusive, a partir de uma das sessões, decidimos envolver mais outras duas pessoas em uma discussão chave sobre uma frente de trabalho.

[pessoa 4]

Tenho aprendido muito sobre como compartilhar conteúdo, sobre a estrutura da empresa e suas complexidades, sobre OKR´s, visibilidade e mapeamento do trabalho, etc.

Cada dia meu par me mostra um material novo que eu não conhecia e me dá um monte de ideias legais.

[pessoa 5]

As sessões têm sido úteis para trocarmos ideias sobre o trabalho e pedirmos ajuda. É interessante saber como as coisas rolavam em cada empresa antes da fusão.

[pessoa 6]

As sessões estão sendo um ótimo momento de check-in, além de ser uma oportunidade de discutir tópicos de comum interesse como: hábitos de produtividade e modelos de trabalho.

[pessoa 7]

Tem sido muito positivo! Já conseguimos nos ajudar com algumas questões do dia a dia. Sem contar que tem certas vezes em que uma conversa muda o dia pra melhor.

[pessoa 8]

As sessões são ótimas! Temos conversado de tudo um pouco. Geralmente começamos contando um pouco do nosso dia e estamos percebendo como os nossos trabalhos podem ajudar um ao outro.

[pessoa 9]

As sessões têm sido maravilhosas, temos usado esse tempo para encontrarmos pontos em comum da vida, compartilharmos rotina e criarmos conexões/escutas/apoio. E sobre os aprendizados, destaco um super bacana. Pedi a ajuda da minha parceira para melhorar minhas habilidades de argumentação e ela compartilhou uma palestra apaixonante da Ainsley Nies que ajudou bastante.

[pessoa 10]

Praticamente todo dia temos assuntos novos (relacionados ou não ao trabalho) e a troca tem sido bem enriquecedora. Pude aprender bastante sobre como uma vertical de produto tem funcionado e até dar alguns insights de quem está fora da situação. Além disso, a minha par é muito animada então já dá um outro astral pro resto do dia.

Conclusões

As organizações, quando desenhadas para suportar o desenvolvimento contínuo das pessoas, são ótimas estruturas de aprendizagem. Para que isso ocorra é fundamental a criação de interações onde haja reflexão e crescimento em conjunto.

A técnica do Talking Partner é um mecanismo para que as pessoas deixem de exercer papéis que cobrem suas fraquezas, levando-as a construírem ambientes onde elas possam ser elas mesmas, sem que precisem mais projetar estereótipos de perfeição.

E você, já ouviu falar da prática? Quais outras estratégias você tem adotado para desenvolver um ambiente de aprendizado contínuo?

Compartilhe suas impressões nos comentários abaixo.

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Raphael Donaire Albino
Raphael Donaire Albino

Written by Raphael Donaire Albino

Brazilian. Agilist. A sport passionate. A person who believed that agility is something that rise in the heart of people.

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