O Preço das Decisões Estratégicas sem Análise de Cenários

Fernando Cortezi
Business Drops
Published in
2 min readJan 16, 2018

Nem sempre o caminho que parece ser mais pavimentado, familiar e tranquilo prova ser o melhor no longo prazo. Algumas vezes, a melhor decisão é mudar. O que precede a mudança é a tomada de decisão, mas é a informação que se tem em mãos acerca dos caminhos alternativos que podemos seguir é o que precede todo este processo de mudança. A análise de cenários alimenta este processo com informações que permitem que decisões sejam tomadas com menos viés e maior grau de alerta acerca dos riscos das alternativas.

O objetivo da análise de cenários é iluminar as escolhas do tomador de decisão. Muitas decisões podem ser tomadas sem determinadas informações importantes ou, pior, com informações de baixa qualidade. Isto acontece porque muitas vezes o gestor do negócio ou o empreendedor não consegue enxergar os benefícios do uso desta ferramenta de análise.

O resultado de se tomar decisões sem a devida avaliação das alternativas disponíveis é que muitas vezes as empresas seguem o seu caminho sem grandes desvios de rotas. Muitos gestores procuram se manter em suas zonas de conforto, conservando suas rotinas, enquanto o seu entorno inevitavelmente muda. O rumo destas organizações segue adiante por um tempo até que um dia "surpresas inevitáveis" acontecem. E assim ocorre a destruição criativa, conceito clássico originalmente descrito em 1943 pelo economista Joseph Schumpeter, cada vez mais pertinente e frequente nos dias atuais.

Novos e inovadores empreendimentos simplesmente um belo dia "destroem" produtos e serviços que se tornam ultrapassados. A destruição criativa geralmente significa, para a sociedade como um todo, mais utilidade, mais bem estar. Se um empreendimento ganha destaque em relação a outro ultrapassado é por que proporcionou mais satisfação, portanto mais valor para as pessoas que consumiram seus produtos ou serviços.

Entretanto, para as pessoas que dependiam da empresa ultrapassada e fracassada, a destruição criativa pode significar muito mais do que a momentânea perda de empregos e renda. Para os envolvidos com o fracasso empresarial, a destruição criativa pode acarretar na diminuição da qualidade de seus relacionamentos, devido ao estigma associado ao revés organizacional. Pesquisas indicam que isto pode levar ao fim de casamentos e potencialmente ao fim de redes sociais e de obrigações mútuas importantes. As pessoas envolvidas no negócio destruído podem ser discriminadas em relação a futuras oportunidades de emprego e terem restrições de acesso a recursos financeiros e humanos. Por fim, estudos revelam que as pessoas envolvidas em derrocadas organizacionais podem buscar o distanciamento e o isolamento social que muitas vezes são auto-impostos.

O preço do processo decisório sem uma adequada análise de cenários pode custar muito caro e ir além da sobrevivência da empresa. Se você gostou deste ensaio, bata palmas através do botão abaixo e para saber um pouco mais sobre cenários, recorra ao texto publicado anteriormente e faça seus comentários aqui.

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Fernando Cortezi
Business Drops

Professor de Gestão Geral, Estratégica e Finanças, Doutor em Administração pelo Coppead/UFRJ