Bauru — Guia NBB 2017/18

Heitor Facini
buzzerbeaterbr
Published in
7 min readNov 20, 2017

Depois de 2 vezes batendo na trave, o Bauru se consagrou o campeão do NBB. E veio no momento que o favoritismo era menor, afinal, terminou apenas na quinta colocação da fase regular sem destaques de outrora (Robert Day, Ricardo Fischer e Rafael Hettsheimeir).

Mas, na cara e na coragem, aconteceu. Um time comandado por um Alex Garcia inspirado, um Léo Meindl decisivo, um Shilton e Gegê segurando as pontas e um Jefferson quase MVP chegou aonde merecia.

Mas, para essa temporada alguns desfalques aconteceram. Saíram principalmente Gegê, Jefferson e Léo Meindl do time titular. Chegaram outros para o lugar.

“Nós queremos manter o mesmo nível que já mantemos há três anos, disputando praticamente todas as finais. Esse é nosso desafio no dia da dia de treinamentos, pois sabemos que por você ter sido campeão brasileiro, passa a ser uma equipe mais visada, muitos vão querer ganhar do campeão. Nosso desafio é esse, manter esse alto nível de excelência, para que possamos voltar a fazer finais e disputar títulos novamente”, explica Demétrius Ferraciú, técnico da equipe.

Mas será que vai ser o bastante?

Como foi temporada passada?

O Bauru começou o ano com insegurança. Afinal, perder mais uma final consecutiva desanima qualquer time. Além disso, um problema com o antigo patrocinador acabou deixando o ambiente mais conturbado.

Como resultado disso, Ricardo Fischer saiu e foi para o Flamengo e Robert Day decidiu se aposentar. Os reforços, a princípio, não eram os mais animadores. Shilton e Valtinho tinham grande história, mas, não enchiam os olhos do torcedor.

Ao final do paulista, com o fim do Rio Claro, vieram também Gegê e Gui Deodato para a equipe do Bauru. No geral, o time conseguiu melhorar um pouco em relação ao elenco da temporada anterior.

Primeira metade de campeonato e a equipe não conseguia engatar. O destaque positivo ficava por conta de Hettsheimeir. O pivô tinha médias de 19.9 pontos e 7.8 rebotes.

O problema é que no meio da temporada ele se transferiu para o basquete espanhol, desfalcando o Bauru. Mas o que podia ser motivo de preocupação acabou se tornando uma melhora.

Isso tudo esteve ligado a mudança de mentalidade da equipe. No papel, o que mudou foi que Shilton entrou no lugar de Hettsheimeir. Na prática, o jogo deixou de ser tão focado no pivô e se dividiu muito com Jefferson, Alex e Léo. A equipe se tornou mais consistente e conseguiu ser um forte defensivo.

O time conseguiu uma consistência e chegou a quinta posição na temporada regular. Tirando a série contra o Macaé, o Bauru sofreu para vencer os adversários. As quartas contra o Brasília foram na base da virada, a semi contra o Pinheiros também, assim como a final contra o Paulistano.

Assim, o time acabou se consolidando como campeão do NBB, o primeiro fora Flamengo e Brasília. O time escalado era Gegê, Alex, Léo Meindl, Jefferson e Shilton.

O que mudou?

Time que está ganhando não se mexe? Muito pelo contrário. Mas, no caso do Bauru, as mudanças aconteceram muito por causa das perdas iniciais. O time acabou se desfazendo de 3 titulares: Gegê, Léo Meindl e Jefferson. Além deles, Valtinho e Gui Deodato acabaram saindo da equipe.

Mas os reforços vieram em bom nível também. Talvez não o mesmo que as saídas, mas em um nível bem elevado. Chegaram Kendall Anthony, armador ex-Macaé e cestinha do último NBB, Duda Machado, ex-Basquete Cearense, Rafael Hettsheimeir, que voltou ao Bauru Basket, Osvaldas Matulionis, ala lituano, Isaac, ala ex-Franca, Renan Lenz, ala-pivô ex-Pinheiros.

“Agora no Bauru, eu vou ter de começar a jogar mais coletivamente para buscar mais vitórias”, comentou Kendall. “Eu estou ao lado de grandes jogadores e vou ter de ser um armador mais completo para dar certo. Meu objetivo é sempre ajudar a equipe a jogar num nível alto para conseguirmos vencer campeonatos”.

“Acompanhei o time mesmo de longe, sempre torcendo e fiquei muito feliz com a conquista”, contou Hettsheimeir pelo fato de ter saído do clube no meio da temporada. “Mesmo não atuando na parte final, o meu sentimento foi de muita satisfação e alegria pelo grupo, por todos os amigos que fiz aqui e pelo carinho que tenho pela cidade e pelo time”.

Agora a equipe de Bauru conta com 4 opções para o garrafão. Demétrius acredita que isso dá versatilidade para a equipe. “O Shilton é um jogador que dá uma estrutura muito forte defensivamente para a equipe. Já o Rafael tem essa qualidade ofensiva junto com o Renan. O Maikão vem ganhando seu espaço também nos jogos”, comentou. “Então, temos opções praticamente de jogar com cinco abertos, caso o Rafael jogue de cinco e o Renan de quatro, abrindo bem a quadra. Tudo isso vai depender do momento do jogo e situações que possamos explorar, tanto na defesa, para ter uma defesa consistente, quanto no ataque, sabendo explorar esses pivôs que estarão jogando no momento”.

Isso também proporcionou que Jaú, antes jogando como ala-pivô, fosse deslocado para a ala — posição escassa no Brasil. “A posição três é carente hoje no Brasil e será mais um desafio para ele, e também para mim como técnico, de tentar mostrar fundamentos para poder crescer nessa posição e, consequentemente, evoluir em duas posições e nós termos um jogador de alto nível nos ajudando bastante na rotação”, declarou.

O time que vai começar a temporada é composto por Kendall, Alex, Duda, Renan e Hettsheimeir.

Jogador destaque

Passa ano e entra ano e não adianta: Alex Garcia é o cara do Bauru — e um dos caras do NBB. O MVP das finais não foi a toa, foi completamente merecido pelo jogador.

Sei da minha importância no time, carrego essa responsabilidade como capitão também e faço questão de passar minha experiência para os mais novos”, comentou. Stefano, Michael Uchendu e Jaú se beneficiam muito disso.

“O desafio sempre é vencer. Entramos nos jogos querendo a vitória e nos campeonatos, o título. Seja NBB ou Liga das Américas, não importa, vamos entrar dispostos a disputar o título. Vem sendo assim nos últimos anos e o desafio será superar os desafios eu aparecerem para conquistar vitórias e títulos”.

Potencial revelação

Apesar de Gabriel Jaú ser o cara que ganhou os holofotes na temporada passada, Michael Uchendu é o que parece ter o prospecto mais animador. Um jogador grande, com boa envergadura, que sabe atuar bem no post alto e baixo e trabalhar a sua altura para chegar na cesta.

Eu me espelho bastante no Draymond Green por ele ser um pivô de força bom, que joga muito bem de frente. E, nacional, o Rafael Hettsheimeir, por ter um ótimo jogo de costas e um bom tiro de três”, declarou o jovem.

“Meu desfio para essa temporada é me afirmar no basquete nacional, mostrar e evoluir cada vez mais meu jogo dentro do NBB”.

Palavra do técnico (NBB)

“O meu maior desafio nesse ano é fazer com que a equipe mantenha o alto nível dos últimos anos. É uma equipe muito diferente da que vinha jogando, com atletas diferentes, que não atuavam juntos. Meu desafio é dar um padrão de jogo o mais rápido possível, uma consistência defensiva que nos deu condição de sermos campeões brasileiros. Acho que tudo isso é um desafio esse ano para que tenhamos o sucesso esse ano que nós tivemos nos últimos anos. Certamente, é mais uma temporada de grande desafio na minha carreira.” — Demétrius Ferraciú, técnico

Expectativa na temporada

As perdas do Bauru, Léo e Jefferson, vão ser muito sentidas. Eles eram dois dos três pilares ofensivos da equipe no ataque. Mas, os reforços que vieram também são muito bons e mudam um pouco o panorama da equipe.

A princípio a equipe parece mais enfraquecida mas com uma boa profundidade. Só falta realmente o ala, que pode ser Duda, Isaac, Jaú ou Osvaldas. O último tem grande possibilidade de dar certo por ser um chutador, algo que falta nessa equipe. Mas entra a questão da adaptação, que pode pegar no inicio.

Dito isso, o Bauru ainda é uma das quatro melhores equipes do Brasil. Tem tudo para brigar lá em cima novamente pelo título da competição.

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