O novo Los Angeles Clippers com Blake Griffin como centro do show — e maestro também

Heitor Facini
buzzerbeaterbr
Published in
5 min readJul 1, 2017

Com a saída de Chris Paul, fica claro que a responsabilidade está nas mãos do ala-pivô — e isso é bom.

Blake Griffin vai ser o novo armador gigantão da NBA.

Quando foi anunciado que Chris Paul deixaria o time do Los Angeles Clippers, o que muita gente achou que aconteceria era que Blake Griffin deixaria o time. A ideia fazia todo sentido: se o time com um dos melhores armadores em atividade não chegou mais longe que uma semifinal de conferência, o que tinha para seduzir um dos melhores armadores a ficar na equipe?

A ideia seria que o Clippers faria um rebuild. Troca Chris Paul por um punhado de bons role-players mais uma escolha de primeira rodada. Troca seus role players por mais escolhas e entra em um modo tank para conseguir se transformar em uma competitiva daqui 5–10 anos. Mas, ao invés disso, o que se aparenta é que não vai acontecer um rebuild e sim um RESHAPE do sistema da equipe. Doc Rivers e Jerry West decidiram que esse RESHAPE será em torno do grandalhão Blake, que renovou por 5 temporadas num valor de 173 milhões de dólares.

Blake Griffin Point Foward

Bom, ser o sistema nervoso da equipe é o principal atrativo para Blake Griffin nesse momento da carreira. Não se assuste. O ala-pivô que estamos falando é sim o mesmo jogador atlético que você está pensando, capaz de fazer excelentes pontes aéreas, enfrentar com força dentro do garrafão e correr toda a quadra. Não são jogadores diferentes. Mas, Blake Griffin sempre rendeu muito mais quando comandava o jogo e não quando era comandado.

O entendimento aqui é que Chris Paul e Blake Griffin juntos não eram uma combinação que faria com que os dois tivessem um desempenho melhor, fazendo que ambos evoluíssem. E muito ao contrário. Paul, com Griffin em quadra, não podia ser tão agressivo em direção ao aro e ser a potência ofensiva como era nos tempos de Hornets. Griffin, com Paul em quadra, não tinha como controlar o jogo e assumir sua função como Point Forward como sua técnica sempre o deu possibilidade de ser.

Blake e Paul juntos anulavam algumas de suas principais habilidades.

Sério. Blake, de acordo com levantamento do site The Ringer, é um dos poucos jogadores na história com sua altura a ter pelo menos 25% das assistências de uma equipe em uma temporada. Em atividade são apenas seis, na história apenas 13. Dois dos outros 5 são Giannis Antetokounmpo e Nikola Jokic, dois exemplos de grandalhões armando a equipe que deram certo na temporada passada.

Griffin melhor sem Paul

Analisando também os momentos em que Blake Griffin foi mais interessante como jogador, são os que Chris Paul não participava — e isso valia para o oposto. Nos dez jogos seguidos em que o ala-pivô jogou sem o armador, ou seja, quando toda a armação se centrou nele, seu jogo melhorou muito. Se na sua temporada regular teve médias de 21.6 pontos, 8.1 rebotes e 4.9 assistências em 34 minutos, nesses 10 jogos conseguiu 24.8 pontos, 9.1 rebotes e 6.5 assistências em 35 minutos. Esses números seriam os melhores do jogador nos três quesitos de TODA a sua carreira praticamente — só de rebotes que seriam o quarto maior. Nesse meio tempo o time do Clippers teve 5 vitórias e 5 derrotas.

A idéia era que o time não conseguiria continuar com Paul e Griffin ao mesmo tempo e evoluir. Um deles tinha de sair. Chris Paul mostrava mais tendência a se juntar ao Houston Rockets, então a aposta foi no mais alto e mais novo jogador.

Mudança na armação é tendência na NBA

Armadores mais altos que vem tomando a liga. Eles, com sua altura avantajada, conseguem enxergar a quadra melhor e decidir o que fazer com a bola a partir disso. Também são mais difíceis de roubar bolas e conseguem um número maior de roubos de bola no adversário.

Seguindo esse conceito, também é pensado cada vez mais em colocar seus jogadores mais talentosos na armação é que eles conseguem ter mais espaço do inicio ao fim para demonstrar o seu poderio ofensivo. Na teoria eles funcionam melhor levando a bola para si mesmo pro ataque do que tendo alguém que leve para eles. Do outro jeito só funciona se por acaso a sinergia entre os dois jogadores for extraordinária, o que é difícil na maior parte do tempo. Por isso, os times tendem a jogar melhor quando são armados pelo seus melhores jogadores.

Novo Clippers: modestia em torno de Griffin

Sam Dekker, Montrezl Harrell, Lou Williams e Patrick Beverley se juntaram ao elenco dando maior profundidade ao banco da equipe. Mudam um pouco a toada das contratações dos últimos anos quando assinavam veteranos por 1 ano apenas para aumentar as chances de irem mais longe. Parece mais uma tática de Jerry West que Doc Rivers.

Dekker e Harrell são adições interessantes de role-players ao elenco do Clippers

Vale lembrar que West chegou ao Clippers depois de ficar 6 anos no Golden State Warriors como consultor especial. Nesse período, conseguiu montar a equipe que se transformou em campeã duas vezes.

Beverley se encaixa com a proposta da equipe.

E se analisarmos os nomes, podemos chegar ao entendimento que o foco é sim transformar Griffin no centro nervoso da equipe. Dekker, Harrell e Williams vem para o banco e sabem trabalhar dessa forma, não sendo o centro. São roleplayers. Beverley é a adição mais interessante. É um armador que sabe defender e jogar sem a bola. Exatamente o que você precisa quando tem um point forward. Os próximos movimentos na free-agency mostram o que está sendo montado. Jonathan Simmons, Danilo Gallinari e Joe Ingles são alguns dos exemplos que estão sob o radar. Jogadores úteis e sub-valorizados que podem contribuir e fazer que os astros evoluam.

É cedo para dizer que o time está no caminho certo. Só os resultados dirão se isso será verdade ou não. Mas o que está mais claro é que há um plano traçado. E esse plano pode ser seguido e montar um elenco bem mais coeso e pensado para chegar algo maior e consistente.

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