Boston Celtics — Guia NBA 2017/18

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
Published in
8 min readOct 8, 2017

Será esse o ano em que os celtas voltam às finais?

A temporada passada foi um deleite para quem queria ver o Boston Celtics figurando novamente como um competidor de alto nível. Depois da troca que enviou suas principais estrelas para o Brooklyn Nets por um grande número de escolhas de primeira rodada fez muitos se questionarem quando veríamos isso novamente.

Após uma série de trocas e contratações eficientes, aliado ao fiasco que foi o supertime do Nets, não demorou tanto assim para acompanharmos a saga de um novo candidato ao trono da conferência Leste.

No entanto, o principal símbolo do sucesso recente, Isaiah Thomas foi trocado por um novo armador que ainda precisa se provar como principal estrela de uma franquia. A franquia aderiu à necessidade de criar um grande quinteto titular e a questão agora é o quão certo isso vai dar já de imediato.

Como foi temporada passada?

O Celtics não demorou a reestruturar o elenco antes campeão na temporada 2007/08. Após a troca citada acima, muitos acharam que eles haviam cavado a própria cova, pois dificilmente com aquele esquadrão montado pelo outro lado da troca aquelas escolhas de primeira rodada teriam muito valor.

No final da história os celtas saíram como os grandes vencedores. Com chances de escolher bem dentre os principais talentos disponíveis nos drafts, bem como um rápido arranjo de um time competitivo capaz de voltar aos playoffs já em 2015.

O primeiro passo, e talvez mais inteligente, foi contratar Brad Stevens para substituir Doc Rivers. O jovem treinador havia levado a despretensiosa Univesidade de Butler ao seu primeiro Final Four da NCAA — um dos mais jovens treinadores da história a chegar nessa etapa e uma das menores universidades a fazê-lo, também.

Levou pouco tempo para que ele figurasse entre os melhores head coaches da liga. E para abrilhantar ainda mais seu início de carreira, ele contou com a evolução explosiva de um jogador até então pouco apreciado na NBA.

Isaiah Thomas que já demonstrava sinais de qualidade no seu jogo ofensivo desde seus tempos de Sacramento Kings. Virou a principal arma da equipe, incluindo uma erupção notável em seu nível de jogo na temporada passada.

O baixinho se juntou a Calvin Murphy e Michael Adams como os únicos jogadores com menos de 6 pés de altura a ter média de 25+ pontos numa temporada. Com o adendo que ele foi bem melhor do que esses jogadores, fazendo 28.9 pontos por partida.

O sangue frio de Thomas também garantiu várias vitórias aos celtas, visto sua capacidade de pontuar em últimos quartos. Ele fora o segundo melhor da liga na última temporada, atrás apenas de Russell Westbrook, com 9.8 pontos por jogo.

Somou à breakout season do armador, a contratação de um homem de garrafão de respeito em Al Horford, o jogo de garra e eficiência defensiva fundamental de Avery Bradley e Jae Crowder, e um banco razoavelmente bem montado com Marcus Smart liderando a segunda unidade.

Com um quinteto titular conciso formado por Thomas, Bradley, Crowder, Amir Johnson e Horford. Ele tomaram o trono do Leste na temporada regular, e foram até às finais da conferência, onde perderam a série por 4–1 para o Cleveland Cavaliers.

O que mudou?

Se Danny Ainge, presidente de operações de basquete da franquia, troca a roupa de cama com a mesma frequência que ele troca de ideia na operação do Celtics, ele deve ter uma quantidade insana de lençóis.

Tudo parecia seguir um caminho absolutamente normal, quando trocaram de posição no draft com o Nets — um dos termos da troca era que eles poderiam trocar de lugar no draft de 2017, algo que, obviamente, o time de Boston fez!

Com a primeira escolha geral, ele decidiram continuar fazendo negócios, trocando-a com o Philadelphia 76ers pela terceira escolha daquele ano e uma outra escolha de primeira rodada para 2018 ou 2019.

Já reconhecendo suas necessidades eles foram por um dos melhores disponíveis. Jayson Tatum, ala/ala-pivô de Duke. Um jogador fisicamente preparado e talvez o com maior perspectiva de impacto ofensivo imediato na liga.

Avery Bradley o atleta que estava há mais tempo na franquia foi negociado com para o Detroit Pistons por Marcus Morris — também conhecido como “o gêmeo em melhor fase. Uma clara necessidade de abrir determinados espaços no cap para que fosse possível ter folga na contratação de uma superestrelas na free agency.

Enquanto movimentos de peso, como a ida de Jimmy Butler para o Minnesota Timberwolves, Paul Millsap para o Denver Nuggets e Chris Paul para o Houston Rockets eram feitos à torto e à direito, a franquia não obtinha sucesso, na contratação do nome desejado. Até que finalmente conseguiram assegurar o ex- Utah Jazz Gordon Hayward.

Mesmo não sendo um nome com grande mídia ao seu redor, Hayward ainda é um dos atletas ais completos da liga. E a ideia de tê-lo num trio com Isaiah Thomas e Al Horford era algo animador por si só.

Em meio ao desespero de Paul George e Carmelo Anthony por trocas, ninguém imaginava que a franquia teria uma briga efetiva para levar esses nomes. Até que uma bomba explodiu no jardim verde. Kyrie Irving que buscava maior protagonismo fora do Cavaliers veio numa troca que enviou Isaiah Thomas, Jae Crowder, Ante Zizic, uma escolha de primeira rodada em 2018 e uma escolha de segunda rodada em 2020.

O mesmo Ainge que até então parecia mais cauteloso que o necessário fez uma das trocas mais surpreendentes da offseason. Despachou o grande símbolo de identificação entre franquia e seus torcedores para trazer o mais jovem Uncle Drew.

A margem de sucesso desse novo time, sinceramente, parece menos promissora do que com o baixinho. Logicamente, que devemos considerar sua lesão no quadril, e o quanto ela pode atrapalhar na corrida longa, em relação ao normalmente saudável Irving. Mas, mesmo assim, não deixa de adquirir uma peça que sua experiência de liderança é bastante contestável, já que quem mandava em seu último time era LeBron James.

A qualidade do novo armador, é incontestável, não me entenda mal — eu inclusive faço parte do time que acredita nele para fazer muito mais com o devido protagonismo — , entretanto, não deixa de ser um risco.

Dúvidas à parte, olhando no papel, o time do Boston é muito bom, abaixo apenas de Cleveland em sua conferência — o que hoje em dia já não significa muita coisa. Mas o potencial de resultados é imenso. Um Hayward reunido com seu treinador da universidade, um Kyrie tendo mais responsabilidades gerais e um Horford completando o triângulo de talento é bastante assustador.

No mais contestável, teríamos Marcus Morris, que deve começar como ala-pivô titular. Mas nada crítico, o gêmeo que estava no Pistons é bastante sólido e sabe fazer o trbalho sujo que provavelmente sobrará para ele, Marcus Smart e Jaylen Brown.

Enfim, o provável quinteto titular que inicia a temporada deve ser formado por Kyrie Irving, Gordon Hayward, Jaylen Bown, Marcus Morris e Al Horford. Jayson Tatum tem grandes chances de comer alguns minutos na ala pivô e na ala dependendo da formação, às vezes até conseguir chances de titular de acordo com sua resposta no ano de calouro.

Jogador destaque

O Boston é aquele time que tem um destaque um tanto quanto óbvio. Poderíamos até ser bonzinhos e falar que Gordon Hayward é extremamente importante — algo que ele é — , mas ninguém chega para assumir um papel tão grande quanto Kyrie Irving.

O armador chegou numa troca que envolveu a principal estrela da franquia na temporada passada. Por isso se espera que ele atue como o tal. Potencial ele tem, e sabemos da qualidade real de seu jogo, a questão agora é fazer isso, enquanto lidera um time.

Se alguém, fica com medo por perder o reizinho do último quarto; não há necessidade para se chatear. Irving é muito clutch também. E não digo isso apenas por conta de seu game winner na final de 2016. Dentre todos os jogadores hoje na liga, o armador é o único nas últimas seis temporadas que numa situação de três pontos de diferença, no último minuto de jogo, tem mais de 50% em effective field goal — apenas dentre os que tentaram 65+ bolas.

Potencial revelação

Sempre que uma equipe seleciona um jogador entre as três primeiras posições do draft ficamos naquela expectativa dele poder ser a grande revelação do time na temporada. A questão é que, diferentemente, de Philadelphia 76ers e Los Angeles Lakers, o Celtics não tem a regalia de ficar oferecendo espaço de desenvolvimento para Jayson Tatum. Ainda que seja bem possível vê-lo conquistando minutos graduais ao decorrer do calendário.

O jovem que desde já deve receber oportunidades para se provar, no time titular, é Jaylen Brown. O ala, que provavelmente deve transitar na posição 2 também, substituirá um papel de suporte antes conferido por caras como Jae Crowder e Avery Bradley.

Devido à estrelas que compõem o elenco, ele deve ter, inicialmente um papel mais defensivo e de carregar o piano, juntamente com Marcus Morris. Mas, essa é sua chance de demonstrar o valor de seu jogo, em compensação à sua temporada mais tímida como calouro.

Expectativa na temporada

Temos um fato inegável, Boston está vários degraus acima de várias outras franquias da conferência Leste com o time que montou para 2017/18. Tem três jogadores com qualidades de All-Stars, dois jovens absurdamente promissores um banco um pouco mais fraco, mas ainda com um sexto-homem impactante.

Acho difícil o time acabar abaixo da segunda posição. Entretanto, também achávamos difícil eles tomarem o primeiro lugar da conferência do Cavs, e bem… veja só o que aconteceu!

O grande ponto de dúvidas sobre o quão certo será se dá ao fato de nenhuma das estrelas do time ter uma perspectiva passada como líder absoluto de sua franquia. Hayward era o principal jogador do Jazz, mas sua falta de expressividade sempre segurou ressalvas sobre sua liderança e Irving servia à um rei com plenos poderes no time.

Mas só pelo fato de ter um treinador muito bom em Stevens, particularmente acredito que a casa vai ser arrumada mais rápido que o esperado.

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