Com Chris Paul e James Harden, Houston Rockets tem uma das melhores armações de todos os tempos

Heitor Facini
buzzerbeaterbr
Published in
5 min readJul 1, 2017

Junte 2 All-Stars no mesmo time e você começa a criar um contender

A melhor dupla de armação de todos os tempos?

Blake Griffin recebeu Chris Paul no Los Angeles Clippers no longínquo ano de 2011. DeAndre Jordan, na época, se mostrava muito feliz por terem criado a cidade da ponte aérea. A história tinha tudo para dar certo. Um excelente passador para dois excelentes pontuadores. Parecia um time destinado a glória.

Mas não foi bem assim que a história se desenrolou. O mais longe que a franquia chegou nesses 6 anos foram 3 semifinais de conferência em 2012, quando foram varridos pelo San Antonio Spurs, 2014, quando foram eliminados pelo Oklahoma City Thunder, e em 2015, quando deixaram uma vantagem de 3–1 ser tomada pelo Houston Rockets.

Por mais promissor que parecia no início, de alguma forma, não deu certo. E foi assim que Chris Paul também pensou e decidiu na temporada que vem rumos diferentes seriam tomados na sua trajetória. Parecia que se continuasse no Clippers, as coisas não sairiam do lugar.

A nova casa escolhida? O Houston Rockets do ataque infernal de James Harden e Mike D’Antoni. Para o time do texas levar Paul para casa enviou para o Clippers Patrick Beverley, Sam Dekker, Montrezl Harrell, Lou Williams, uma pick de primeira rodada do ano que vem, dinheiro e mais uns jogadores com contrato expirante.

Quem fica com a bola?

Houston Rockets é um time que almeja voos mais altos. Juntar James Harden e Chris Paul num mesmo time aparenta ser uma prova de loucura a princípio. Não existem tantas bolas em quadra para todos segurarem e distribuírem. Desde que entrou na NBA, Paul nunca teve um USAGE (porcentagem das jogadas que são feitas pelo time que passam por um jogador) menor que 21%. Inclusive, na última temporada, que o Clippers perdeu Griffin por um bom tempo, Paul teve USG de 27%.

James Harden sempre foi acostumado a ter a bola nas mãos. Na última temporada isso acabou aumentando quando Mike D’Antoni o colocou como armador principal da equipe. Ele chegou a absurdos 34.2% de USG. Basicamente, mais de ⅓ das jogadas do time passava pelas mãos do Harden.

Isso, obviamente não vai acontecer mais. Mike D’Antoni já pronunciou que acredita que quantos mais armadores no time titular, melhor ele será. Isso vem de um cara que conseguiu a melhor versão já vista de Steve Nash e, em menor escala, a melhor versão de Jeremy Lin — desde a Linsanity o torcedor do New York Knicks não foi mais tão feliz. “Nós temos, provavelmente, dois dos melhores — senão os melhores — de toda a liga”, declarou o recém eleito treinador do ano ao USA Today. “É basicamente como a seleção dos Estados Unidos: você tem vários caras bons e descobre um jeito bom de jogar”.

Aparentemente, os dois vão trabalhar para conseguir se encaixar.

É basicamente essa a ideia. Os dois vão ter de ceder de certa forma e jogar menos com a bola que antes. Pelo que se dá a entender, não é simplesmente passar James Harden para ala-armador de volta e posicionar Chris Paul como armador. A idéia por trás desse esquema é ter um duo dinâmico na armação. Uma hora Paul tem a bola e Harden se posiciona sem ela, outra hora inverte. E assim vai. De prontidão, não consigo lembrar de uma dupla tão empolgante e de alto nível juntos armando. Basicamente se você está defendendo você não saberia onde colocar seu melhor defensor. É difícil de prever.

Como Chris Paul vai atuar num time orientado para a cesta de 3 pontos?

Outro fator interessante de se ver é como Chris Paul vai se comportar arremessando. Todos sabem que Mike D’Antoni elevou o uso da bola de três a outro nível. É realmente sem igual um time arremessar mais de 50 bolas de 3 em um jogo. O ataque da equipe era muito baseado nas bolas de 3 — queira elas entrassem ou não. Para se ter uma ideia, foi a equipe que mais arremessou bolas de 3 por partida: 40.3 por jogo — o segundo colocado foi o Cleveland Cavaliers com 33.7. Além disso, é o time que mais usa as bolas de 3 em seu jogo. 46.2% dos arremessos foram de cestas de 3. O segundo colocado é o Cleveland Cavaliers com “apenas” 39.9%.

Chris Paul nunca foi um “especialista” no arremesso de 3, mas sempre foi eficiente. Em sua última temporada ele conseguiu 41.1% de acerto. Mas, ele é uma espécie em extinção na NBA: um exímio chutador de meia distância. Com a popularização do arremesso de 3, é muito difícil ver alguém chutando de um lugar que, dando dois passos para trás, se transformaria num arremesso de 3 pontos. Ele, de 10 pés de distância até a linha de 3 pontos, teve 429 arremessos. Da linha de 3 foram apenas 340. Para se comparar, James Harden, dos mesmos 10 pés de distância até a mesma linha de 3 pontos, arremessou 215 vezes. Da linha de 3 foram 871 arremessos. A probabilidade que os arremessos de meia distância de Paul virem cada vez mais arremessos de 3. É o que faz mais sentido no jogo de Mike D’Antoni.

O que o Houston perde?

Houston acabou perdendo 4 jogadores, desses apenas 1 deles era titular. Se analisarmos bem, nenhum deles era essencial para o esquema da equipe. Harrell e Dekker eram peças de rotação interessantes, mas que podem ter reposição fácil com alguns jogadores da liga. Lou Williams pode ter sido um dos jogadores mais agressivos vindo do banco, mas não era o melhor jogador reserva da equipe — esse era Eric Gordon.

Patrick Beverley é um excelente jogador de defesa, um dos melhores da liga. Dizem que muito do ataque do time dar certo na temporada passada é pela retaguarda que ele dava para Harden. E isso é certo. Mas, Chris Paul é um dos melhores armadores defensivos da liga. Se comparar os dois, Chris Paul tem um melhor Defensive Win Share (2.6 contra 2.4), Defensive Rating melhor (101.3 contra 108), defende melhor na maioria dos chutes. Ou seja, no geral, Chris Paul entrega uma defesa melhor com um ataque extremamente superior. É muito pouco para se entregar para um cara como Chris Paul.

Melhor armação de todos os tempos?

Junta tudo isso num caldo, você tem dois dos melhores armadores no seu backcourt. É a melhor armação de toda a liga num time que ano passado já foi 3ª seed na conferência ano passado. São dois all-stars, dois prováveis Hall of Famers juntos no mesmo time. Mete medo. E é isso que o Houston imagina num próximo passo. Deixar de ser surpresa e passar a ser contender. Aparentemente você tem ainda a vontade de Chris Paul e James Harden em fazer isso funcionar. Adrian Wojnarowski, antes no Yahoo e agora na ESPN, disse que os doi conversaram durante muito tempo imaginando como poderiam trabalhar juntos. Os dois acreditam que podem achar uma forma em equipe.

Mesma coisa no ano passado quando duvidaram se a ida do Durant ia dar certo pro Warriors, que ia desmontar o banco, etc. A coisa é, quando você tem oportunidade de trazer caras como KD e CP3, você trás sem pensar duas vezes. Simplesmente isso.

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