Draft da NBA de 2017: Analisando as escolhas do Oeste

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
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22 min readJul 2, 2017

De Kings dando gás na reconstrução a Lakers desistindo de uma, o draft da conferência foi bastante equilibrado

Ao centro, Lonzo Ball será peça fundamental no plano do Lakers de montar um supertime (Montagem: Felipe Haguehara/Buzzer Beater; Fotos: Divulgação/UCLA/University of Kansas/Gonzaga University/NC State/Sports Illustrated)

Na quarta-feira fizemos a análise do desempenho das franquias do Leste, e como prometido, aproveitamos o domingo para passar pelos jovens que integrarão os elencos das franquias do Oeste.

Com o rol de talentos da classe de 2017 bastante profundo, ambas as conferências tiveram desempenhos muito satisfatórios no evento. Alguns times como é de praxe fizeram apostas arriscadas demais, ou simplesmente sem sentido. Na conferência que carrega o atual campeão da NBA, os times foram até mais sólidos em suas seleções do que a conferência rival.

Apenas para lembrar, as análises e as notas se baseiam num consenso da posição dos veículos de mídia especializados sobre o evento. Levo em consideração também as trocas feitas, o nível do atleta escolhido em determinada posição do draft e como ele se encaixa no time que lhe escolheu.

As notas vão de “um” à “oito”, sendo a última dada aos melhores desempenhos. Para deixar mais simpático usaremos o rosto de famosos busts dos drafts passados. Desse jeito:

Dadas as explicações, vamos ao draft!

Dallas Mavericks

Atlético e agresssivo, o Mavs parte para uma estratégia arriscada, mas que pode dar muito certo (Foto: Divulgação/NC State University)

ESCOLHIDOS: 9ª pick Dennis Smith Jr.

COMO OS CONSEGUIRAM: Foram-se os tempos de playoff garantido nas costas do velho Dirk. Vêm períodos um tanto quanto amargos por enquanto, isso se a estratégia de conseguir jovens esnobados der mais certo do que o esperado e mais cedo também. Uma pick de loteria, vinda de uma temporada pífia do Mavs.

COMO ENCAIXAM: Não se acredita que Dennis Smith Jr. seja a melhor peça para esse Mavs. Além disso ele é uma aposta de risco na nona posição, pode ser detonado pela crítica se não conseguir uma boa temporada de rookie, semelhante a Kris Dunn. Porém tudo o que o cercará em Dallas não é usual, talvez um dos elencos mais desequilibrados da liga.

A chegada é como titular, a franquia buscava um elemento jovem que pudesse jogar na armação e formar um trio próspero com Harrison Barnes e Nerlens Noel. Smith pode ajudar, com cerca de 1,88m ele é um dos melhores atletas da classe e uma máquina de enterradas plásticas, é forte nas infiltrações e tem uma defesa agressiva que compensa a altura em relação a outros armadores. Mas precisa evoluir urgentemente seu Q.I. de jogo, produz muitos turnovers e não é a opção mais consistente nos triplos. Arriscado, mas pode corresponder melhor do que se espera.

NOTA: Basta olhar o elenco do Dallas para dizer que um jovem prospecto, principalmente no backcourt é necessário. Dennis Smith Jr. é arriscado, e foi escolhido à frente de opções talvez mais sólidas, mas basta olhar novamente para esse elenco e descobrir que toda a estratégia de renovação é arriscada. Vale um cinco momentâneo. De olho, pois pode ser a nota que mais vai variar no futuro.

Denver Nuggets

ESCOLHIDOS: 27ª pick Tyler Lydon; 49ª pick Vlatko Cancar e 51ª pick Monte Morris.

COMO OS CONSEGUIRAM: As escolhas de segunda rodada vieram de troca com o OKC. Já a vigésima sétima escolha, veio de uma troca no mínimo curiosa; além dela eles receberam do Utah Jazz o ala-pivô Trey Lyles, mandando em troca a décima terceira escolha.

COMO ENCAIXAM: Cancar pode virar um bom chutador em nível de NBA, mas não passa confiança maior do que a de um role player. Tanto o sloveno, quanto Lydon, fazem parte de um plano único, achar possíveis chutadores talentosos que possam rodear Nikola Jokic.

Parece certo, mas pouco faz sentido adicionar tantas peças lá na frente, onde há Kenneth Faried, Wilson Chandler, Juancho Hernangomez, Danilo Gallinari, Mason Plumlee, e agora Trey Lyles, além do próprio Jokic. Isso querer dizer que o antigo time de Nenê está finalmente pronto para se desligar de algumas dessas peças, Gallinari é o candidato mais forte. Lydon traz uma combinação interessante de um chutador de mais de 39% de aproveitamento na linha de três com 1.4 tocos por jogo. algo que se bem desenvolvido pode ajudar muito Jokic.

A escolha mais certeira porém foi a sua última. Monte Morris precisa provar que pode traduzir seu jogo na NBA, mas fortalecer seus guards deveria ter sido uma prioridade desde o começo. Por sorte acharam um passador de elite na 51ª posição, 6.2 assistências por jogo no basquete universitário. A esperança era que Emmanuel Mudiay virasse um general em quadra para conduzir jogadas, porém ele vem parecendo cada vez mais estagnado. Morris pode ser esse general saindo do banco quando necessário.

NOTA: O Nuggets está pronto pra colocar suas fichas em Jokic no garrafão e Jamal Murray como um combo-guard. Porém não pareceram estar realmente interessados em fazer uma aposta sólida com a 13ª escolha, ao invés disso a trocaram para arranjar mais jogadores numa posição saturada na equipe, escolhendo jogadores incertos para o futuro. Lydon pode ser o parceiro ideal para Jokic, como pode ser o nome que dará pesadelos aos diretores por conta da troca. Nota quatro, seria menor sem Monte Morris pra assegurar.

Golden State Warriors

Um dos melhores jogadores defensivos do basquete universitário (Foto: Divugação/Sports Illustrated)

ESCOLHIDOS: 38ª pick Jordan Bell

COMO OS CONSEGUIRAM: Fruto da sabedoria do Warriors em encontrar achados no segundo round. Enviaram dinheiro ao Chicago Bulls para conseguir Bell.

COMO ENCAIXAM: Com Stephen Curry e Kevin Durant na Free Agency, o primeiro recebendo contrato máximo, era claro que o GSW iria buscar alguém na segunda rodada para completar o elenco, algo que a franquia vem há um bom tempo fazendo. Além, claro, de confiar na possibilidade de faturar um steal ao exemplo de Draymond Green.

Bell é tudo o que os atuais campeão precisam, um defensor acima da média para proteger o garrafão, além de ser um reboteiro potente. Foi um dos defensores mais eficientes no basquete universitário e tem ferramentas para fazer essas habilidade vigorarem na NBA. Há alguns que temem por ser um pouco baixo para os padrões de pivôs e alas-pivôs da liga, mas seu novo companheiro, Green, também era visto da mesma maneira e bem… hoje ele carrega o prêmio de Melhor Defensor do Ano.

NOTA: O Warriors está longe de precisar de uma escolha top-5 para manter seu jogo, mesmo assim achou um atleta de primeira rodada na segunda e sem sequer precisar mandar jogadores ou escolha para consegui-lo. Ótimo draft do Golden State, sem sequer possuir uma escolha, nota sete.

Houston Rockets

Ex-companheiro de Augusto Lima, pivô da seleção brasileira, no Zalgiris Kaunas (Foto: Divulgação/Zalgiris Kaunas)

ESCOLHIDOS: 43ª pick Isaiah Hartenstein

COMO OS CONSEGUIRAM: Chega de uma escolha de segunda rodada, fruto de troca com o Denver Nuggets

COMO ENCAIXAM: Igualmente ao Warriors, está longe de precisar de uma escolha de loteria para completar o time. Agora com a chegada de Chris Paul, menos ainda. Algo que os permitiu arriscar com um dos maiores talentos europeus na segunda rodada.

Não se engane com um alemão de 2,16m, ele não é o novo Dirk, como muitos esperam de gigantões europeus. Hartenstein não tem uma eficiência invejável nos chutes de longa distância, mas pode muito bem melhorar. Seu talento parte de outros setores. Muito boa mobilidade para seu tamanho, consegue inclusive defender contra alguns jogadores mais baixos, além de não ter medo de entrar na briga física no garrafão. Agora, o que faz mesmo alguns olhos brilharem, é seu jogo de perímetro, o picolezão de chucrute é um ótimo driblador e passador, algo que se esperava ver de Dragan Bender em sua primeira temporada, mas não aconteceu. Alguns, inclusive, o comparam a Nikola Jokic.

NOTA: Isaiah Hartenstein não é um talento pronto, precisa melhorar muito seu jogo para enfrentar os jogadores mais atléticos e durões na parte pintada da NBA, não surpreenderia vê-lo por mais um tempo na Europa. Mas foi uma aposta válida do Rockets, nota seis.

Los Angeles Clippers

ESCOLHIDOS: 39ª pick Jawun Evans e 48ª pick Sindarius Thornwell

COMO OS CONSEGUIRAM: Depois de alguns anos despretensiosos em drafts o Clippers resolveu aproveitar a profundidade do draft de 2017. Pagou em dinheiro pelas duas escolhas, a trigésima nona do Philadelphia e a quadragésima oitava do Milwaukee.

COMO ENCAIXAM: O desempenho geral de todas as equipes foi bastante satisfatórios no draft, salvas algumas exceções. O Clippers que ao longo dos anos costuma ser uma dessas decepções decidiu aproveitar e compensou a falta de escolhas com dinheiro.

Chris Paul não está mais, porém a renovação de Griffin ficou como alívio. Para suprir a necessidade de um general de quadra com visão de jogo e habilidades com passe excepcionais trouxeram Jawun Evans. Não, ele não será um novo Paul, sequer será titular, mas o espaço de evolução é palpável. Preocupa apenas a minutagem que ele pode receber, afinal hão muitos guards no time: Austin Rivers, Patrick Berverley, Lou Williams e Jamal Crawford.

Já Sindarius Thornwell não tem apenas um dos melhores nomes de toda a NBA, o ala-armador também é um jogador extremamente inteligente. Ter saído do casulo como um excelente jogador apenas em seu ano de senior e os 22 anos o jogaram para sua posição de escolha. Porém, ainda estamos falando de um dos jogadores mais completos na última temporada do basquete universitário, um repertório de habilidade incrível que se evoluir pode virar um steal maior do que Evans.

NOTA: Foram escolhas inteligentes da franquia de Steve Ballmer, saturaram um pouco o backcourt, mas abriram um leque de possibilidades com possíveis steals. Poderiam gastar uma das escolhas numa posição mais defasada como a ala, mas a Free Agency está aí pra cobrir isso. Nota seis!

Los Angeles Lakers

Apesar do impacto negativo de LaVar Ball, Lonzo não se pode desconsiderar que Lonzo é um dos melhores talentos da classe (Foto: Divulgação/UCLA)

ESCOLHIDOS: 2ª pick Lonzo Ball; 27ª pick Kyle Kuzma; 30ª pick Josh Hart e 42ª pick Thomas Bryant

COMO OS CONSEGUIRAM: A escolha de Lonzo Ball é uma novela antiga desde antes do final da temporada. Ainda tiveram a vigésima sétima posição através da troca que também trouxe Brook Lopez por D’Angelo Russell e Timofey Mozgov. A trigésima e a quadragésima segunda vieram do Utah Jazz em troca da vigésima oitava.

COMO ENCAIXAM: Por um certo tempo se acreditou que o Lakers ia se conformar com uma reconstrução. Talvez as temporadas abaixo do esperado de D’Angelo Russell e Brandon Ingram tenham pesado, além disso culminou a troca de presidência para um cara muito influente, Magic Johnson. Agora o plano é montar um time para vencer. Russell foi embora, e a escolha de Lonzo Ball, que parecia incerta conforme a data chegava, confirmou a desistência no rebuild.

Ball é o melhor passador da classe por uma quilometragem de diferença, é algo sobrenatural que combina um armador de 1,98m de altura com uma visão de jogo vista apenas em grandes armadores na história. O hype negativo em torno do seu pai criou uma imagem mal vista sobre ele e assusta a muitos, mas não se exclui o fato de ele ter seus méritos para ser escolhido na segunda posição. Seu chute de três é sua segunda arma, sua distância limite vai bem além da linha de três e ele tem drible o bastante para criar esses espaços. A mecânica não-ortodoxa é algo a ser testado no nível de NBA, mas não deve atrapalhar tanto seu jogo.

Somam ainda a chegada de outras duas escolhas de primeiro round e uma do segundo. Kuzma e Bryant são dois jogadores de garrafão, ala-pivô e pivô, respectivamente, uma posição bastante povoada no Lakers. Kuzma é mais ofensivo e Bryant faz uso de seus 2,29m de envergadura para proteger a pintura, podem acabar virando viajantes entre G-League e Lakers. Josh Hart surpreendeu muitos por aparecer na primeira rodada, mas vale o risco aos interesses da franquia, o ala-armador de Villanova tem a experiência de um título do basquete universitário e apesar dos 22 anos e não ter exatamente uma área em que exceda aos outros ele é capaz de fazer de tudo um pouco, um two-way guard capaz, que pode contribuir na segunda unidade.

NOTA: Paul George foi para no OKC, mas o contrato é de apenas um ano. O interesse por montar mais um supertime se mantém para o futuro. Ball e o agora segundo anista Ingram farão parte desse time caso se concretize. Não tem como criticar a escolha de Ball, dado o plano de ir atrás de PG,e talvez, LeBron James futuramente. Hart é uma tentativa válida, já os outros, talvez valesse a pena buscar rookies de outra posição considerando o garrafão já lotado de jovens. Vale um sete, por enquanto, não dá pra ser oito sem o plano inteiro concretizado, ainda sim, pegaram um dos melhores talentos da classe!

Memphis Grizzlies

Forte presença no garrafão e tenacidade, o grit-and-grind que Memphis prega (Foto: Divulgação/USA Today)

ESCOLHIDOS: 35ª pick Ivan Rabb e 45ª pick Dillon Brooks

COMO OS CONSEGUIRAM: Sem escolhas próprias o Memphis apostou na quantidade de talentos de 2017. Enviou escolhas futuras de segundo round, uma para Houston e outra para Orlando.

COMO ENCAIXAM: Não há planos de reconstrução ou de superfortalecimento da equipe, as duas estrelas da franquia, Marc Gasol e Mike Conley seguem soberanos no time. Sem atrativos para grandes estrelas, o interesse foi reforçar a segunda unidade com mais talentos jovens, além de Deyonta Davis, e trazer de volta a tenacidade de JaMychal Green na Free Agency.

Rabb e Brooks chegam para fortalecer posições que precisam de adições mais jovens, dada a idade elevada do time num geral na temporada passada. Rabb é muito cru, não tem nenhum tipo de recurso ofensivo muito atrativo, mas com apenas 20 anos pode melhorar, e muito, no garrafão. Seu carro-chefe é a tenacidade defensiva em contestar chutes e rebotar, algo muito parecido com Green, um plano B, caso ele resolva fechar com outro time.

Brooks foi companheiro de Jordan Bell em Oregon na corrida para o primeiro Final Four da universidade desde 1939. Evoluiu muito em suas três temporadas de basquete universitário, tem um chute de três emergente e foi o cara que ganhou muitos jogos para sua equipe quando precisavam de pontos. Clutch é a palavra. Tenacidade, competitividade e agressividade, tanto ele quanto Rabb têm aquele fator Tony Allen que o Memphis adora em seus jogadores.

NOTA: Não foi um draft espetacular para Memphis, mas foi muito bom. Acho que para um time que tanto não tem reconstrução em vista, quanto não tem atrativos para All-Stars, poderia buscar alguma escolha mais alta ou arriscar algum jogador mais produtivo no lado ofensivo. De qualquer maneira, estão dentro da filosofia do time e nas posições, bastante sólido o draft do Grizzlies, mais um dos muitos nota seis da conferência Oeste

Minnesota Timberwolves

O jogo do pivô de Creighton pode casar muito bem com a jovem estrela do Wolves, Karl-Anthony Towns (Foto: Divulgação/USA Today)

ESCOLHAS: 16ª pick Justin Patton

COMO OS CONSEGUIRAM: Na troca mais engenhosa e marcante do draft de 2017, o Minnesota enviou sua sétima escolha, Zach LaVine e Kris Dunn para embarcar de Chicago Jimmy Butler e a décima sexta escolha.

COMO ENCAIXAM: Há muito o que falar da atuação do Minnesota no draft? Não era mais necessário adicionar mais talentos jovens. Não era mais necessário esperar o futuro. Karl-Anthony Towns e Andrew Wiggins confirmaram que são a dupla que o Wolves precisava, faltava apenas uma terceira peça excepcional, então… que tal um dos melhores jogadores da liga acompanhado de fritas? Jimmy Butler chegou, e no primeiro dia da Free Agency veio Jeff Teague, agora playoff é obrigação.

Bem, mas e as “fritas”. Justin Patton é daquelas com bacon, cheddar e iscas de frango! Fruto da troca, eles conseguiram um dos melhores jogadores disponíveis na 16ª posição. Ele pode formar uma dupla interessantíssima com Towns, muito por ter um rol de habilidades muito semelhante ao pivô do Wolves. Patton era um guard que “espichou” e foi jogar lá dentro, ou seja, suas habilidades com a bola são bem raras, além de se sentir confortável chutando bolas de três, mesmo com marcadores à caminho e ser um grande passador. Pode muito bem roubar a vaga de Gorgui Dieng se traduzir esse jogo para o basquete de NBA.

NOTA: Por ter sido um draft bastante recheado de possíveis steals e a maioria dos times ter feito bom proveito disso, equilibrando bastante o desempenho geral, evitei distribuir notas máximas. Mas com a troca que fez por um All-Star, e ainda conseguindo trazer um calouro valioso, não conseguiria não dar um oito para o Minnesota Timberwolves.

New Orleans Pelicans

Um ótimo reserva para Jrue Holiday (Foto: Divulgação/USA Today)

ESCOLHIDOS: 31ª pick Frank Jackson

COMO OS CONSEGUIRAM: O Pelicans foi um dos times que mais se envolveu em negociações até o dia do draft, mas sem nenhum movimento grande. Mandou Tim Frazier para o Wizards em troca da quinquagésima segunda escolha, apenas para trocá-la por dinheiro com o Pacers. Para conseguir a primeira escolha do segundo round eles enviaram a quadragésima ao Hornets numa troca simples.

COMO ENCAIXAM: A franquia de New Orleans estava bem confiante sobre a renovação de Jrue Holiday, muito pela identificação do armador com a cidade. Fora ele seria difícil a franquia arranjar um bom titular pra posição entre os agentes livres.

A renovação veio, porém apenas Holiday não é o bastante para a posição. Depois de trocar Frazier eles precisariam de um reserva na posição. Para isso vem Frank Jackson. Um talentoso calouro de Duke que pode jogar em ambas as posições de guard. Jackson é explosivo, tem um salto vertical impressionante e tem um chute muito subestimado, já que em sua universidade haviam outras opções com mais hype. Chega para contribuir imediatamente saindo do banco.

As trocas porém fizeram pouco sentido. Tim Frazier se mostrou bastante sólido na ausência de Holiday e poderia muito bem comandar a segunda unidade. Mas, foi trocado por uma escolha de segunda rodada que pouco tempo depois foi enviada ao Pacers por dinheiro.

NOTA: Jackson é o tipo de oportunidade que não se deixa passar na segunda rodada, e até faz sentido o buscarem um pouco mais de pontuação entre os armadores do banco. As trocas, porém pareceram um pouco de desperdício, exceto a que culminou na trigésima primeira escolha. Nota cinco, nada de excepecional, nada de terrível no draft do Pelicans.

Oklahoma City Thunder

Escolha de composição, pode gastar um tempo na G-League (Foto: Divulgação/Adelaide 36ers)

ESCOLHIDOS: 21ª pick Terrance Ferguson

COMO OS CONSEGUIRAM: Única e autêntica escolha do Thunder no draft, o interesse do time está na em mexer entre os agentes livres.

COMO ENCAIXAM: A nota máxima do OKC não está no draft e sim em formar a dupla Russell Westbrook-Paul George. A atuação da franquia no dia 22 de Junho beirou o desinteresse. Só não foi nula pois adicionaram um prospecto dentro dos padrões que pensam desde a saída de Kevin Durant.

O plano-diretor sobre titulares e reservas que precisam cercar Westbrook: Bons defensores que possam espaçar e abrir caminho para o MVP amassar o aro ou passar para fora e conseguir uma assistência. À isso serve Terrance Ferguson. O ala-armador, que tem tamanho pra jogar na ala também, saiu do High School direto para jogar no exterior e poder começar a ganhar dinheiro, compôs a equipe do Adelaide 36ers da Liga Australiana. Ainda muito cru, suas principais qualidades estão justamente nos triplos e no atleticismo, e um bom desempenho defensivo. Mas precisa de muito polimento ainda e de trabalho de força sendo que até armadores mais baixos poderiam engoli-lo no jogo físico.

NOTA: Por enquanto até Alex Abrines é uma opção melhor que Ferguson como reserva na posição, porém dá pra evoluir. Uma aposta sem muita pompa de uma das equipes mais indiferentes ao draft de 2017 . Tudo foi compensado na Free Agency, porém a nota é pro draft. Nota quatro!

Phoenix Suns

Jackson tem ferramentas para virar um dos melhores jogadores defensivos da liga (Foto: Divulgação/University of Kansas)

ESCOLHIDOS: 4ª pick Josh Jackson; 32ª pick Davon Reed e 54ª pick Alec Peters

COMO OS CONSEGUIRAM: Exceto a quinquagésima quarta escolha que veio de troca passada com o Raptors, as outras escolhas são pertencentes ao próprio Suns. A reconstrução continua!

COMO ENCAIXAM: Josh Jackson foi a adição ideal para o jovem time de Phoenix. O escolhido seria condicionado à escolha do Boston Celtics na terceira posição, quem sobrasse entre Tatum ou Jackson não seria passado, afinal a ala era a posição mais em necessidade da equipe. T.J. Warren é bom, mas não o titular de um time que espera dar resultados daqui há alguns anos.

Calhou de sobrar o jogador mais adequado. Com Devin Booker sendo o foco ofensivo e ainda existir esperanças no desenvolvimento de Marquese Chriss e Dragan Bender em titulares sólidos. Faltava um two-way com habilidades defensivas invejáveis e um jogo ofensivo versátil, e esse cara é o ala Josh Jackson. Sua habilidade all-around — bom em diversos fundamentos do jogo — e, principalmente, sua qualidade e agilidade em defender diversas posições lhe garantiram comparações a Kawhi Leonard. Excelente peça adicionada pela franquia.

As outras duas escolhas serviram para buscar mais profundidade jovem entre os reservas. Davon Reed, dificilmente verá tempo de jogo, e na verdade foi bastante contestada a sua escolha na trigésima segunda posição, haviam outros alas-armadores talentosos escondidos nesse round. Já Peters foi mais achado, era cotado para um possível final de primeiro round, mas quase saiu sem ser draftado, precisa gastar um tempo levantando peso, mas pode servir como um ala grande, 2,06m de altura, e com capacidade de espaçar o jogo; porém, em sua primeira temporada, dificilmente verá tempo de jogo também.

NOTA: O Suns não fez lá muito proveito de suas escolhas de segunda rodada, selecionou jogadores que não estão prontos para contribuir. Mas tudo se equilibra em Josh Jackson, disparado um dos melhores da classe e com grande futuro à frente, pode formar uma dupla assustadora com Booker no futuro próximo. Nota seis, na maior parte apenas por Josh mesmo.

Portland Trail Blazzers

Zach Collins é uma boa aposta, mas fruto de uma troca horrível (Foto: Divulgação/Gonzaga University)

ESCOLHIDOS: 10ª pick Zach Collins e 26ª pick Caleb Swanigan

COMO OS CONSEGUIRAM: Numa das grandes trocas do draft — que não envolveu nenhum grande jogador. O Trail Blazzers enviou suas décima quinta e vigésima escolhas ao Kings pelo direito de escolher na décima. Além disso, já possuíam a vigésima sexta escolha, de uma troca passada com o Cavaliers.

COMO ENCAIXAM: Se há algo que muitos atletas de garrafão temem é ser escolhido pelo Portland. Não por ser um time que trata mal ou mal-aproveita seus big men, mas parece existir algum tipo de maldição que os faz se machucar.

A equipe já tem Damian Lillard e C.J. McCollum comandando o ataque no backcourt, por isso a adição de um ala, ou ala-pivô já era esperada no primeiro round. Zach Collins é mais uma tentativa da equipe conseguir um ala-pivô que saiba espaçar e chutar de fora, a expectativa era que Meyers Leonard quebrasse do casulo e o fizesse, mas sabemos o quão errado isso deu. Collins não é só um grandão molenga que chuta de três, ele é um competidor sério no garrafão atrás de rebotes, mas precisa ganhar massa para competir com os brutões da NBA.

O outro escolhido, Caleb Swanigan, também é ala-pivô, e entra num time saturado na posição: Al-Farouq Aminu, Ed Davis, Meyers Leonard, Jusuf Nurkic, Noah Vonleh e agora, o novato de Gonzaga, Zach Collins. Se ele não tem a finesse do outro calouro, ele tem a parte física que o falta. Swanigan é forte, um bom defensor e um bom reboteiro, além da energia característica do Trail Blazzers de anos atrás. Outro detalhe é que sua história pessoal é um dos grandes destaques desse draft — contaremos essa história em um texto mais pra frente!

NOTA: O Portland não fez mal em apostar algumas fichas em Collins, ele é bom o bastante para isso. Mas fez mal em fazer isso às custas de duas escolhas de primeiro round, as quais poderiam ser usadas por prospectos igualmente interessantes e talvez gastar num guard para sair da segunda unidade. Vejo os dois selecionados como razoáveis tentativas, um pouco ofuscados por um negociação péssima e que conferiu à outra equipe um dos melhores desempenhos no evento. Nota três para a diretoria, não aos jogadores!

Sacramento Kings

D’Aron Fox foi o começo do excelente draft do Sacramento Kings (Foto: Divulgação/Sports Illustrated)

ESCOLHIDOS: 5ª pick De’Aaron Fox; 15ª pick Justin Jackson; 20ª pick Harry Giles e 34ª pick Frank Mason

COMO OS CONSEGUIRAM: O Kings possuiria a terceira escolha originalmente, mas o 76ers tinha a opção de trocar posições com o time caso quisesse — fruto de uma das trocas mais imbecis já vistas em 2015 — , e foi isso que aconteceu. Curiosamente as outras escolhas vieram de trocas mais coerentes, a trigésima quarta veio da que mandou DeMarcus Cousins ao Pelicans, enquanto as outras duas foram comentadas no time acima, duas escolhas do Trail Blazzers, pela décima escolha.

COMO ENCAIXAM: Nos últimos anos haviam alguns agrupamentos de palavras e expressões que nunca conseguíamos pensar que funcionariam, um desses agrupamentos era: “Vlade Divac General Manager”, “Sacramento Kings” e “escolhas de draft”. Depois de embarcar Cousins com a quinta escolha em 2010, o time nunca mais conseguiu achar gemas valiosas. Depois de anos do torcedor tendo que aturar caras como Thomas Robinson, Ben McLemore e Nik Stauskas, o interruptor que ligava o bom senso desemperrou na franquia.

Nem uma escolha foi mal feita. De’Aaron Fox não recebe comparações a John Wall à toa. Precisa melhorar a qualidade nos chutes, mas a velocidade e a agressividade defensiva são talentos raros, era o melhor jogador a ser escolhido na quinta posição e não foi desperdiçado. Assim, eles embarcaram um dos jovens com maior teto de evolução da classe para formar a jovem dupla com Buddy Hield.

Na troca, transformou uma única escolha de loteria em um jogador erroneamente esnobado pela loteria e um dos potenciais grandes steals do primeiro round. Justin Jackson pode ser tudo que Rudy Gay não foi para o time; extremamente inteligente, atlético, bom passador e um chute de longa distância que evoluiu bem em sua terceira temporada em North Carolina, um enorme achado na décima quinta posição. Já Giles, muitos dizem que seria um top-5 se a lesão que o tirou pela maior parte de sua temporada de calouro não o colocasse em dúvida aos times, mas ele continua como um grande prospecto no garrafão, com altura, envergadura e atleticismo para, se saudável, controlar a pintura em sacramento. Por fim, Frank Mason chega para ser uma possibilidade para comandar a reserva e crescer junto com os titulares, ótimo pontuador e experiência em liderança após quatro anos em Kansas.

NOTA: De’Aaron Fox, Buddy Hield, Justin Jackson, Skal Labissiere/Harry Giles e Willie Cauley-Stein. Em apenas um draft Vlade Divac conseguiu juntar peças que podem formar um time extremamente promissor. Em termos de aproveitar a profundidade do draft, os espaços e necessidades do time, bem como as escolhas altas certas para permitir apostas nas mais baixas, o Kings foi impecável. Nota oito com pompa, pode dar tudo errado e ninguém virar nada, mas a sequência de ações e a base das escolhas foi muito bem orquestrada.

San Antonio Spurs

Seria White mais uma steal de final de rodada para San Antonio (Foto: Divulgação/USA Today)

ESCOLHIDOS: 29ª pick Derrick White e 59ª pick Jaron Blossomgame

COMO OS CONSEGUIRAM: Sem trocas ou malemolência, vigésima nona e quinquagésima nona escolhas vindas de outra grande temporada de Gregg Popovich.

COMO ENCAIXAM: Sempre que o Spurs possui escolhas de final de draft, a pergunta que vem em mente é: “Ok, quem será o steal? Irônico a confiança oposta sobre as qualidade de pesquisar, pensar, escolher, desenvolver e estabilizar um novo jogador que temos na franquia texana em relação ao time anterior dessa análise. Deu certo com Tony Parker — vigésimo oitavo escolhido em 2001 — e Manu Ginobili — quinquagésimo sétimo escolhido em 1999.

White começou sua carreira universitária na segunda divisão da NCAA, cresceu e evoluiu, foi para a primeira divisão, ficou uma ano como red shirt até ser elegível, jogou uma temporada apenas na Division I, entrou para o time ideal da conferência e agora é uma escolha de primeira rodada. O tipo de narrativa de evolução perfeita para o San Antonio. No começo da temporada ele já terá 23 anos, mas nada que assuste o time que deu oportunidade ao calouro de 26 anos Jonathon Simmons.

Jaron Blossomgame tem um nome fantástico — “blossom” significa “florescer”, “desabrochar”; ou seja, numa tradução porca “jogo que desabrocha”. Apesar disso ele passa a sensação de um Dewayne Dedmond na ala, ou um Jonathon Simmons mais alto. Potencial defensivo, durão e sem medo de contato, evoluindo pode ser um valioso role player no elenco.

NOTA: Spurs e roubar talentos em drafts é quase um sinônimo e aparentemente eles podem ter conseguido de novo. Apesar da pouca experiência de White nos níveis mais altos, a mídia vê com bons olhos sua contínua evolução e apoiou sua aposta na vigésima posição. Duas escolhas que precisam se desenvolver, mas bastante razoáveis, nota seis!

Utah Jazz

Mitchell tanto não era o melhor encaixe para o Jazz, como não era o melhor da posição na décima terceira posição (Foto: Divulgação/USA Today)

ESCOLHIDOS: 13ª pick Donovan Mitchell; 28ª pick Tony Bradley e 55ª pick Nigel William-Goss

COMO OS CONSEGUIRAM: A décima terceira troca veio de uma engenhosa troca com o Denver Nuggets pela vigésima quarta escolha e Trey Lyles. A vigésima oitava, porém, foi de uma um pouco mais precipitada, recebendo-a do Lakers pela trigésima escolha e a quadragésima segunda. Enquanto a última, a quinquagésima quinta, pertencia ao próprio Jazz.

COMO ENCAIXAM: O draft de Utah misturou altos e baixos, entendível até pelas preocupações estarem mais direcionadas à tentar trazer Gordon Hayward de volta na Free Agency. A troca com o Denver deu a entender que a saída de Hayward era bem mais possível que o esperado, e que escolheriam um prospecto com bastante futuro. Poderia-se dizer que o mais indicado seria achar alguém que pudesse contribuir a partir do banco entrando ou na ala, ou na ala-pivô, já que o backcourt sempre foi um tanto povoado.

Mas o que foi feito foi exatamente o contrário, priorizaram mais guards. Mitchell sequer era o ala-armador mais promissor dentre os possíveis naquela altura do draft, mas sua qualidade defensiva de alguma maneira seduziu a franquia. Um tanto baixo para a posição, ele compensa com atleticismo e tenacidade. Ainda sim, um pouco de desperdício com a escolha de loteria conseguida através da troca. Goss é experiente e comandou Gonzaga ao Final Four, um ótimo passador adquirido para brigar minutos caso George Hill não fosse alcançável na Free Agency; mesmo com a chegada de Ricky Rubio ainda pode brigar por posição com Raulzinho e Dante Exum.

Tony Bradley foi a escolha mais sensata com os big men que viraram agentes livres. Poderiam ter buscado alguém para espaçar o garrafão ao invés de um reboteiro e protetor de aro, já possuem isso em excelência em Rudy Gobert, que foi candidato ao prêmio de melhor defensor!

Nota: O Jazz possuía boas escolhas, e fez boas trocas para consegui-las, mas não as aproveitou bem para suprir suas necessidades. Ao invés disso aumentou a população em posições já lotadas, ao que parece ser uma infindável busca pelo guard perfeito para o time. Faltou inteligência para aproveitar a profundidade da classe, nota dois!

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