Golden State Warriors: o campeão óbvio

Heitor Facini
buzzerbeaterbr
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4 min readJun 13, 2017

Kevin Durant, Stephen Curry são campeões desde o início da temporada

Uma das melhores duplas de todos os tempos (Ilustração: Heitor Facini)

Estava escrito. Se você não leu, talvez seja por que você não quisesse ler ou não quisesse acreditar naquilo em que você estava lendo. Podia estar com raiva do segundo melhor jogador da NBA, melhor scorer da liga se juntar a uma equipe que tinha o recorde de vitórias numa temporada regular. Como pode? Um time que com seus 5 titulares era quase imbatível ter um Kevin Durant se juntando a eles?

Óbvio que esse não era um dos motivos que você não acreditava e não aceitava o título já escrito do Golden State Warriors. Tinham os “modinhas”. Ah, os modinhas que chegaram agora e acham que o Golden State Warriors é o maior time de todos os tempos e que Stephen Curry é maior que Jordan — você não concorda, mas no fundo sabe que é um dos maiores e que Curry é um jogadorzaço e não só um chuta chuta. Você sabe no fundo do seu peito que eles são de brilhar os olhos de quem acompanha o basquete no início — mas não quer admitir.

Você não queria dar o braço a torcer. Como pode um time que sumiu durante tanto tempo surgir do nada? Só pode ser sorte, você disse. Não vão ter mais banco, nem nas finais vão chegar. E os resultados iniciais, a derrota avassaladora para o San Antonio Spurs começaram a te encorajar. E a raiva começou a tomar conta do seu peito quando o time começou a se acertar. Kevin Durant era ainda melhor que os últimos anos.

Ah, mas Stephen Curry sumiu! Com Kevin Durant não jogou mais nada. E Curry voltou a jogar bem, levar o Golden State a 11 vitórias seguidas. Ah, mas Draymond Green é um jogador sujo. E ele ia lá e era um dos melhore defensores que a liga via. E, sendo ala, ala-pivô e pivô, era também um dos melhores armadores e criadores de jogada que a NBA via.

O Warriors joga numa sinfonia. Uma sinfonia tão bem orquestrada que o violino sabe exatamente qual acorde o violoncelo, no outro canto do palco, vai tocar. Ele sabe o que o trompetista pensou no momento que soprou aquela nota. É um jogo coletivo, em busca da melhor chance de pontuar. Não importa se eu, ou você ou seu tio careca e barrigudo vai fazer a cesta. Mas sim que alguém vai fazer a cesta.

E ainda dizia que Curry sumia em decisões, não jogava nem em finais. Quando chegou esse ano e ele teve médias incríveis nos 5 jogos de 26,8 pontos, 8 rebotes e 9,4 assistências você soube que não tinha como lutar.

É um jogo democrático, é um jogo coletivo, é um jogo em busca da vitória. E por isso ninguém foi páreo nos playoffs, em que o Golden State Warriors apresentou sua melhor versão. Nem mesmo o rei de todos, Lebron James. Não podemos dizer que ele não tentou, afinal 33,6 pontos, 10 assistências e 12 rebotes numa final não é pra qualquer um.

E Kevin Durant. Muita gente ainda vai te odiar. Vão falar que você escolheu o caminho mais fácil, que você foi covarde, que você poderia ter ficado em Oklahoma e ter ganho lá. Mas, ao deitar na sua cama, com o anel no dedo e, ainda mais, com a consciência de que fez parte de uma das melhores equipes da história, você vai saber que tudo valeu a pena. 35,2 pontos, 5,4 assistências e 8,4 rebotes não é para qualquer um. Coloca nessa conta 47,2% de acertos de 3P, 55,5% de FG e 92,7% de lances livres.

O título de MVP das finais é para coroar e colocar você sim na disputa de melhores de todos os tempos. Pode não ser ainda entre os dez, entre os vinte, mas, você vai estar lá. Saiba disso.

Depois de ver o Golden State voltando cada vez mais forte a jogos que pareciam escorregar, você finalmente caiu na real. No momento em que Kevin Durant assinou com o Golden State Warriors, o time seria campeão. Não tinha como duvidar, não tinha como errar. Oakland ia ter seu segundo título.

E, o mais interessante, essa magia, esse balé super orquestrado por Steve Kerr, ainda parece estar longe de acabar. A questão é só que cada vez os adversários estarão mais ligeiros e mais espertos. E assim como cada jogo que o Warriors é derrubado volta 10 segundos depois numa versão ainda melhor, Lebron James virá mais forte ainda na temporada que vem.

De resto, podem reclamar da falta de competitividade, mas nunca, nunca digam que esses últimos três anos não ficarão na história de todo o basquete como anos que o melhor do basquete foi visto.

Adeus, NBA! E até final de Outubro! Já estamos com saudades.

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