Guia da NBA — Utah Jazz: momento de afirmação?

Heitor Facini
buzzerbeaterbr
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5 min readOct 6, 2016

Esse é o ano de Gordon Hayward e companhia voltar aos playoffs.

Foto (Ken Lund/Flickr)

O time de Utah não vai a segunda fase da liga desde a temporada 2011–12. Dessa época, apenas a estrela mais desconhecida de toda a NBA, Gordon Hayward, Alec Burks e Derrick Favors estavam no elenco e continua até hoje. Desses três, podemos dizer que apenas Burks não virou peça chave da equipe, já que os outros dois se desenvolveram muito do ano que eram apenas sophomores até hoje.

Temporada passada foi aquele “game winner” que você tenta fazer faltando 10 segundos para acabar o jogo, o time adversário pega o rebote e enterra na testa de seu pivô. Por muito pouco o time do Utah Jazz não voltou aos playoffs. Mas esse ano a história tem tudo para ser diferente.

COMO FOI NA TEMPORADA PASSADA

O time de Utah começou a pré-temporada sem armação. Sim, não havia um armador no mínimo decente para começar os treinos. Dante Exum, que foi draftado em meio a muito expectativa estava machucado (e acabou perdendo a temporada quase inteira). Trey Burke, uma das maiores decepções dos últimos anos, não tinha qualidade o bastante para elevar o nível do time. Pois bem, o time decidiu exercer seus direitos de draft e pegar o brasileiro Raul Neto para compor o elenco. Para você ver como a situação estava, Raulzinho chegou e assumiu de vez a titularidade do time. Não podemos dizer que ele foi mal, pois para um primeiro ano de liga, 18.5 minutos em média de quadra não é um número baixo. Mas, óbvio que ele não é o cara para conduzir um time rumo a voôs mais altos.

Quanto a armação, inclusive para mostrar a desconfiança em Raulzinho, no meio da temporada chegou Shelvin Mack, que esquentava banco no Atlanta Hawks antes de assinar com o Jazz. Podemos dizer que a substituição de armadores no meio da temporada mais atrapalhou que ajudou no fim. Mas pera, Mack conseguiu estatísticas bem melhores que Raulzinho! Isso não é necesariamente determinante para o desempenho do time. Raul e Mack tem estilos de armação muito diferente. Raul joga muito sem a bola, preenche os espaços defensivamente e não é tão agressivo como outro. Mack busca a finalização, o ultimo passe, o toque, ele precisa que a bola fique na mão dele. Ou seja, menos bola para Hayward e os outros jogadores da equipe. Raulzinho também, mesmo jogando mais pelo time, errou bem menos. Sua média de turnovers por jogo é 1.3 contra 2.9 de Mack. Isso causou um problema, o desempenho do Jazz caiu muito por um tempo depois da troca. E até o time se acostumar com o novo estilo de jogo, foram vitórias importantes e que fizeram falta no fim.

Trey Lyles foi o rookie escolhido e foi uma grata revelação. Mesmo dividindo a posição com um dos pilares da equipe que é Derrick Favors, o jovem ala-pivô escolhido na 12ª posição foi muito bem, conseguindo 17.3 minutos de quadra e 8.6 pontos por jogo depois do All Star Game. Rodney Hood é outro que mostoru grande evolução no seu ano de sophomore. O ala-armador subiu quase todas as suas médias, de 8.7 pontos, para 14.5, 2.3 rebotes para 3.4, 1.7 assistências para 2.7. E assim, conseguiu tomar a vaga de titular de Alec Burks, que sofreu muito pela lesão sofrida em dezembro (que fez com que ele perdesse mais de 40 jogos na temporada).

Gordon Hayward se firmou como a liderança da equipe e vai para o seu último ano de contrato com o time. É fundamental um playoff nesse ano para manter Gordon. É nele que as maiores esperanças estão depositadas, e suas temporada vem sendo consistentes e são 2 anos seguidos com mais de 19 pontos por jogo. Rudy Gobert talvez seja o segundo principal jogador nessa equipe. Ele vem mostrando evolução ano após ano e conseguindo entrar pro hall de melhores pivôs em atividade. Fica destaque para sua média de rebotes, que subiu de 9.5 para 11. Derrick Favors segue a mesma linha de Hayward e se firma como um dos pilares da equipe.

Com 40 vitórias e 42 derrotas, o time ficou por 1 tento a mais de conseguir ir para os playoffs. No fim, acabará sendo lembrado como a equipe que fez a festa de despedida de Kobe Bryant e deixou o cara arremessar 50 vezes no jogo.

O QUE MUDOU?

Algumas coisas que podem realmente fazer subir o patamar do time. George Hill veio numa troca tripla entre Utah, Indiana Pacers e Atlanta Hawks. O time de Utah enviou a 12 escolha no draft para o Hawks, o Hawks enviou Jeff Teague para o Pacers e Utah recebeu Hill. O armador vem para assumir a posição no quinteto titular. Quando contrataram Mack, trouxeram por ele ter experiência em playoffs. Bom, isso Hill tem de sobra. Seu poderio defensivo pode ajudar bastante o time (que ano passado teve com Raulzinho utilizando dessa caracteristica — mas Hill está na frente). Além disso, Dante Exum se recuperou de lesão e é mais uma opção para a equipe.

Além disso, destaca-se dois caras com experiência para aumentar o nível do time: Joe Johnson e Boris Diaw. Johnson não é mais o mesmo de antigamente (aliás que nunca foi para receber o segundo maior salário da liga), mas mesmo assim, tem um chute muito bom de longa distância e é extremamente clutch. O Miami Heat da temporada passada ganhou muito com a sua adição no elenco.

Diaw vem ano após ano disputando os playoffs com o San Antonio Spurs e isso aumenta a cultura de playoff dentro da equipe. Vai ser um bom reserva, da mesma forma que vem sendo a carreira inteira.

NOSSA OPINIÃO

O Utah é sim um time que vai aos playoffs, só se lesões ou algum imprevisto no caminho tirar da rota. O time no ano passado já era bom, e alguns como Hood e Gobert estão em franca evolução. Se antes a armação era o problema, hoje o time tem muitas opções, a maioria com qualidade. Se no início da temporada, Raulzinho era o titular, hoje ele é a terceira ou quarta opção (ruim para gente que torce pelo tempo de jogo dos brasileiros, bom para o Utah que melhora sua franquia).

Os reforços sobem o patamar do time de qualidade. São 3 jogadores de playoffs na maioria da carreira, ou seja, a experiência é agregada num time que é ainda relativamente jovem. Gordon Hayward segue sendo a referência técnica, mas não é um time montado para ele, é no geral um time de qualidade próxima ou semelhante (e isso é bom porque Hayward tem qualidade muito elevada).

O time titular deve ser Hill, Hood, Hayward, Favors e Gobert. Mas por exemplo, em caso de lesão, Hill pode ser substituido por Exum, Mack e Raulzinho. Hood por Johnson. Favors por Lyles, Gobert por Diaw.

É o momento da subida e consolidação do time de Utah, onde os playoffs aparentam ser claros.

Dados: Basketball-Reference, ESPN e Yahoo.

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