Guia NBA — Atlanta Hawks: Um pequeno passo para trás visando o melhor

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
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5 min readOct 18, 2016

A perda de titulares sólidos pode parecer pesada, mas ainda falamos de um time de playoffs

Um Paul Millsap saudável será essencial para continuar nos playoffs (Keith Allison/Flickr)

Bastante coisa mudou na cidade da prata do nosso basquete feminino. Sim, é assim que falamos sobre Atlanta aqui!

Quer dizer, dos nomes que estavam nesse elenco na temporada passada, uma grande porcentagem se manteve. Mas a saída de duas peças essenciais, inclusive na belíssima campanha em 2014–15, quando o time foi o primeiro lugar da conferência.

A questão é, a saída de Jeff Teague já era programada, ainda na temporada 2015–16, muito se especulava sobre rumores nesse sentido, na imprensa. A renovação de Al Horford também era uma incerteza, e a contratação de Dwight Howard acabou selando o caminho do pivô para o Boston Celtics.

O passado, mesmo que recente, não vem ao caso nesse momento. De uma temporada para outra houve uma queda no desempenho, o time de 60 vitórias, virou um time de menos de 50. Isso não indica, necessariamente, um fracasso; a premissa que uma vez deu certo, simplesmente não pode se repetir. Em Atlanta o que veremos agora é manutenção, reestruturação e formalização de um elenco, que caso se entrose, pode sim causar bastante dano na conferência Leste.

Assistir ao comportamento do Atlanta Hawks nessa temporada será bastante interessante!

COMO FOI TEMPORADA PASSADA?

A temporada passada indicou uma queda significativa no que o Hawks fez em 2014–15. Obviamente, que aquele desempenho, o casamento do trio Jeff Teague, Al Horford e Paul Millsap foi um fenômeno, que, inclusive, os enviou para o All-Star Game daquele ano (Kyle Korver também foi, como substituto de Dwyane Wade que se lesionou).

A mesma fórmula não funcionou em 2015–16. Teague já estavam pouco desgastado na armação, não conseguiu movimentar o time para espaços abertos, tampouco aproveitar sua velocidade para causar impacto nos contra-ataques. Horford diminuiu bastante o ritmo de sua importância, manteve médias razoáveis com 15.2 pontos, 7.3 rebotes e 1.5 tocos, mas nada que tirasse as responsabilidades das costas de Millsap.

Outro fator sentido foi a saída de DeMarre Carroll. O ala era extremamente importante para o funcionamento tático da equipe, normalmente o carrapato que era colocado na cola dos craques adversários. Kent Bazemore mandou muito bem tentando entrar nesse papel, mas ainda falta consistência no jovem que vai ainda pro seu 4º ano de liga.

O time não capengou para conseguir sua vaga na pós-temporada, Millsap foi bastante determinante em momentos necessários. Porém ficou em risco de acabar em uma posição menos privilegiada, visto que o quarto lugar conquistado ficou empatado com o 3º, o 5º e o 6º (Miami Heat, Boston Celtics e Charlotte Hornets).

O QUE MUDOU?

Muitos dos nomes se mantiveram os mesmos, além da adição de um ou outro reserva pontual e a chegada de dois rookies que podem conquistar seus minutos, pela falta de profundidade no banco. DeAdre Bembry e Taurean Prince podem ganhar espaço na rotação e surgirem como bons steals desse draft.

As principais alterações aconteceram justamente no time titular. Bazemore já era titular na ala, e agora chega com o status de 3º mais bem pago do time, fruto da lucrativa free agency.

Al Horford e Jeff Teague saíram. Ambos foram para projetos com grandes chances de desbancar posições do Hawks na conferência. O primeiro nas mãos do jovem Brad Stevens e Isaiah Thomas. E o segundo indo participar do colar de talento colocado no entorno de Paul George no Indiana Pacers.

A grande problemática dessa situação fica nas reposições. Na armação quem assume é o jovem alemão Dennis Schroder, que funcionava muito bem como uma peça explosiva saindo do banco, mas carece de experiência nos holofotes, além de precisar melhorar bastante nas decisões que toma. Porém,com apenas 22 anos, há bastante espaço para evoluir durante a prórpria temporada.

No pivô, veio uma das principais movimentações da temporada. Dwight Howard voltou para sua cidade natal. O pivô busca redenção em relação às suas últimas atuações. Ano a ano o ex- melhor jogador defensivo por 4 anos seguidos vem se provando obsoleto e indisciplinado. Porém parece que os os pratos começaram a bater na sua cabeça. O interesse demonstrado pela franquia e a volta para casa parece ter renovado os ânimos dele, e o fazer querer provar que ele ainda, sim, é um dos principais caras grandes da liga.

NOSSA OPINIÃO

A situação em Atlanta é um pouco complicada, mas diferente do que muitos podem apontar não é desastrosa. Acredito que a palavra mais adequada é “arriscado”.

Há milhões de anos atrás (Mark Runyon/Flickr)

Durante as últimas 9 temporadas a franquia estabeleceu o status de dificilmente não o veremos nos playoffs. Seja isso na 8ª, 4ª ou 1ª posição. Nesse período passaram muitos momentos, também, que vai de um franchise player chamado, pasmem, Josh Smith ao que vemos hoje.

Diferentemente, dos dois anos anteriores, o time não tem a solidez coletiva no time titular. Exceto por Paul Millsap que já provou seu valor carregando o time em muitos jogos, todos têm algo a atestar.

Schroder precisa provar que é mais do que um sexto-homem e que não é jovem demais; Korver que não é velho demais; Bazemore que vale seu salário e Howard que ainda é uma estrela.

O pior, ao meu ver, não é essa necessidade de provação (que pode muito bem ser saudável para a competitividade do time), mas sim a falta de opções no banco. Temos uma relação mais quantitativa do que qualitativa nos outros 15 que ocupam esse elenco. Os únicos que parecem poder oferecer algo de surpreendente são os calouros, que jogando juntos podem contribuir até com um small ball bastante atlético quando juntos em quadra.

Tenho uma grande relutância quanto à Dwight, acho ele não apenas indisciplinado, mas bastante burro taticamente. Porém a aplicação demonstrada através dos videos de treinamento e uma demonstração de um jogo de garrafão mais inteligente, na pré-temporada, pode indicar um Howard 2.0.

Dentre os guards ninguém pode substituir consistentemente as características dos titulares. E dentre os forwards e centers fica o eterno medo do festival de lesões, do qual o brasileiro Tiago Splitter faz parte.

O time titular é óbvio com Schroder, Korver, Bazemore, Millsap e Howard. Imagino que qualquer alteração feita durante a temporada se dará mais por conta de jogos perdidos por lesão do que por uma vaga conquistada.

O falcão não vem tão imponente no início, mas pode se provar mais perigoso do que realmente é!

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