Guia NBA — Chicago Bulls: A era de Butler (será?) se inicia

Heitor Facini
buzzerbeaterbr
Published in
6 min readOct 9, 2016

Saiu Derrick Rose, saiu Pau Gasol, chegou Dwyane Wade, chegou Rondo. E a gente consegue entender esse time?

O Chicago Bulls tem uma aura em seu time bem diferente. Para o seu time estourar, temos de ter uma estrela. E não qualquer estrela, sim a que brilha mais forte na constelação da NBA. Isso talvez seja porquê a maior de todas as estrelas passou por lá e deixou sua marca. Quando Michael Jordan estava em quadra pela equipe, nada era mais iluminado que o ginásio dos touros. Um pequeno astro também entrou dentro do corpo de Derrick Rose anos depois. O problema é que o brilho dele foi-se destruindo conforme os joelhos também eram. Chegou uma hora que a luz tinha de se apagar e ela tentou brilhar no New York Knicks.

Bom, Derrick Rose saiu do Bulls. Na nossa página no facebook tentamos analisar o fim da era no time. A verdade é que até hoje condeno o fim e o tratamento errado que fazem com um ídolo. “Mas Rose nunca ganhou nada no Bulls!” Sim, mas não é só isso. Pós Jordan, somente na era Rose que o time voltou a ter resultados grandes. Mas águas passada, certo? Bora reconstruir o time, se livrar de uns jogadores mais velhos, e focar todos os esforços em torno de Jimmy Butler (um dos melhores alas de toda a liga)? É, esse era o discurso, mas na prática as coisas deram uma mudada.

COMO FOI NA TEMPORADA PASSADA

No início do ano, uma coisa mudou. Saiu Tom Thibodeau e veio Fred Hoiberg. Mudança de estilo e de mentalidade. Mas já aí era o indício do fim de uma hora. Thibodeau foi o técnico em toda a era Rose e nesse período o time sempre chegou aos playoffs. Então por que trocar? A idéia era que Thibodeau focava muito na defesa e o time precisava de um foco maior no ataque. Hoiberg era um técnico inexperiente na NBA. Foi um jogador de segundo escalão na sua época como profissional. Mas, conseguiu chegar a uma boa marca como treinador universitário.

Bom, o time inicialmente melhorou. E houve uma proposta de jogo diferente. Inicialmente, em torno de Pau Gasol. O jogador, acostumado muitas vezes a jogar de ala-pivô muitas vezes, foi pro centro do garrafão. Na verdade nem tanto tão no centro do garrafão, ele, com boa condição de passe saia de fora do garrafão, para a infiltração principalmente de Jimmy Butler. Isso deu um ganho tremendo em atuação de Gasol. Principalmente analisando seus números de assistência que subiram para mais de quatro por jogo. A idéia funcionava até o All Star Game. Isso porque Butler se lesionou.

Butler foi o melhor jogador do time. Mesmo com Rose no time, ele se transformou informalmente em Franchise Player da equipe. Suas médias de ponto, antes do jogo das estrelas, subiram de 20.0 ppg no ano anterior para 22.4. Chegou a quebrar o recorde de Michael Jordan pela equipe de mais pontos feitos em um tempo de jogo. Mas, com sua lesão, ficou claro uma coisa: o time dependia e muito de seu jogo. A defesa, após a saída de Thibodeau sofreu muito e não conseguia suprir a falta de ataque sem Butler.

Enfim, o recorde que era de 27 vitórias e 25 derrotas, virou 42 vitórias e 40 derrotas. Sei, não foi muita mudança, mas no momento em que a equipe crescia ficou para trás. Nos dois meses que Butler ficou fora o recorde acabou sendo negativo. Ou seja, com Butler inteiro a chance de playoffs teria sido bem mais latente.

Rose saiu da equipe, mas a temporada anterior foi um alento para quem torce pela sua recuperação. Sim, não veremos mais o Rose MVP exceto por VTs, mas foi a primeira vez desde sua lesão que ele jogou mais de 60 jogos em uma temporada.

Para nós, brasileiros, vimos ainda a figura de Cristiano Felicio surgir. De apenas reserva no Flamengo até conseguir um contrato na NBA e chegar e conseguir espaço na equipe do Bulls. Felicio viu as portas abrirem quando o time perdeu Pau Gasol e Joakim Noah por lesão. Acabou jogando 24 dos 30 jogos restantes, começando 4. A minutagem foi 12.6 minutos por jogo, mas seus números foram crescendo conforme mostrava trabalho em quadra. Em Abril, último mês da temporada regular, chegou a quase 20 minutos por jogo, 7.9 pontos de média, 5.9 rebotes. O mais interessante é o quanto Felicio não erra. Quase 60% de arremessos e quase 80% de lances livres (isso sendo um pivô). Cotado para ser apenas um jogador para compor o elenco, Felicio virou peça importante.

O QUE MUDOU?

Coisa para caramba. Meu deus, muita coisa. Como falamos, saíram Rose, Noah (esse acabou o contrato), Justin Holiday para o New York Knicks. Chegaram Jose Calderon, Jerian Grant, Robin Lopez nessa troca. Pau Gasol não renovou, E’Twaun Moore não renovou. Draftaram Denzel Valentine, de 4 anos no basquete universitário e um último ano com 19.2 pontos de média, 7.5 rebotes e 7.8 assistências, mas com um corpo de vidro, sofrendo com várias lesões.

Reformulação a vista, né? Tankar, conseguir boas escolhas no draft, construir o time em torno de Butler, né? Não. Na free-agency, Rajon Rondo veio pra assumir a armação no lugar de Rose. E no fim, quando Pat Riley não valorizou Dwyane Wade o cara veio para Chicago. Para abrir espaço no elenco, o Bulls mandou Mike Dunleavy Jr. para o Cleveland Cavaliers e Jose Calderon para o Los Angeles Lakers. Ou seja, reformulação para o saco, bora tentar vencer para esse ano.

NOSSA OPINIÃO

Esse time do Bulls ficou muito estranho e é complicado prever qualquer coisa quanto a desempenho. Wade, Rondo e Butler jogam com a bola nas mãos. Ou seja, é difícil pensar quem vai ter mais o jogo com ele. Rondo é o armador, mas todas as vezes em equipes que ele não pode armar tanto, ele não funcionou. Wade também joga com a bola nas mãos a maior parte do tempo. Já conseguiu ser mais coadjuvante na época do Miami Heat com Lebron James, onde o ala foi o jogador que mais armou o jogo. O problema é que as decisões de Lebron armando são muito mais interessantes que Rondo armando.

Outra coisa, numa liga que cada vez pede mais bons chutadores de longa distância, Butler, Rondo e Wade juntos somam juntos a média de 2 cestas de longa distância certa por jogo. Isso é um número ínfimo para os 3 melhores jogadores de seu time. Muito baixo mesmo. Temos de ver como Hoiberg vai trabalhar seu perímetro.

Como chutador de três, temos apenas Nikola Mirotic no elenco. O problema é que Taj Gibson, que briga com ele pela posição de ala-pivô é melhor pelo que mostrou na NBA. Vai depender do técnico ver o que prefere, um “especialista” de longa distância (aspas grandes aí, ele não chega a ser um especialista, só os outros que são muito ruins mesmo). Na posição de pivô, temos Robin Lopez, que consegue defender muito bem, mas só isso também.

Aliás, o time como um todo vai ser bem defensivo. São três jogadores (Wade, Butler e Lopez) com potencial defensivo. Ou seja, um grande avanço quanto a isso, já que sem Thibodeau a defesa penou um pouco.

Rondo, acima citado fez uma boa temporada no Sacramento Kings, mas o Kings é uma bagunça só que nem temos como avaliar direito seu desempenho. Wade sim, com o Miami Heat, foi bem. Mesmo chegando na fase final da carreira, o cara levou o time quase nas costas a semifinal de conferência no ano passado.

O time titular provavelmente será Rondo, Wade, Butler, Gibson e Lopez. Felicio é o reserva imediato de Lopez e não se assuste se sua média de minutos aumentar absurdamente essa temporada.

Com esse time, mesmo com esses problemas todos, aposto no Bulls voltando aos playoffs. É muita qualidade junta num só lugar, então isso, se bem trabalhada, pode superar as adversidades.

Dados: Basketball-Reference, Yahoo, NBA, ESPN

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