Guia NBA — Golden State Warriors: Saia da frente, ou a cavalaria passará por cima!

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
Published in
6 min readOct 24, 2016

Quando o time parecia não poder ficar mais forte, deu-se um jeito

Tínhamos certeza que as coisas em Oakland não poderiam ficar mais insanas. Um título depois de 40 anos da franquia (e com tremenda propriedade); um MVP capaz de encantar e mudar aspectos do jogo; um Big Three não tão esperado assim, mas que se consolidou como força dominante na NBA.

Em um intervalo pequeno, uma franquia que até 2012–13 acumulava fiascos virou a sensação da liga. No mesmo ponto em que a liga confirmou sua expansão global, com o mercado internacional indo à cada vez mais lugares, o Golden State Warriors fez seu nome. Muitos chamam de modinha, e dependendo do contexto até pode ser.

O Warriors é uma das marcas mais antigas, ativa desde 1947, e com real significância, era o time de Wilt Chamberlain, time pelo qual fez 100 pontos em uma partida. Porém, se o time de hoje é “modinha” ou não, o que há de errado nisso? É um sinal de popularização da liga; um sinal de popularização do basquete em si. Se o discurso desse novo fã perdido no hype do time ainda é raso, vale-se pelo mesmo de quando os mais antigos começaram, aos poucos acontece um entendimento da cultura que cerceia esse meio e uma integração no jogo.

Agora com Kevin Durant, o GSW entra com o status de time a ser batido. Poucos apostam em bater os recordes da temporada passada, mas ainda assim, um time com 4 estrelas titulares capazes de balançar qualquer adversário.

COMO FOI TEMPORADA PASSADA

Alguém aí se escondeu numa caverna ou fechou os olhos para o que aconteceu temporada passada? O time comandado por Steve Kerr, fez um show à parte na NBA. Demolindo recordes e passando o trator em quem quisesse colocar seus pezinhos na frente.

Muitos esperavam um rendimento não tão absurdo quanto temporada passada. Stephen Curry tratou de desparafusar o queixo das pessoas e teve a maior evolução de desempenho de um MVP, de uma temporada para outra. Resultado? O armador foi escolhido de de forma unanime como melhor jogador da temporada regular.

Steph fez história em vários aspectos. Obliterou seu recorde de 286 triplos em uma temporada, fazendo 402. Entrou para o seleto grupo de jogadores a fazer 50–40–90 (pelo menos 50% dos arremessos, 40% das bolas de três e 90% dos lances-livres). Teve tempo de igualar o recorde de bolas de três em uma única partida, 12. E ainda estabeleceu estatísticas bizarras como o primeiro jogador a ter média de pontos 30+ em tendo menos de 35 minutos por partida e o aproveitamento de 61,5%, 32 de 50, em bolas entre 28 a 50 pés de distância do aro (lembrando que a linha de três fica a cerca de 23 pés de distância).

Além disso somou-se a combinação dos coadjuvantes espetaculares em Klay Thompson, que mesmo aquém da temporada passada jogou muito, 22.1 pontos por jogo e 42.5% de aproveitamento nos triplos. E um genial e enérgico Draymond Green, mostrando o estrago que um monstro polivalente pode fazer (só 13 triplos-duplos na temporada nada demais).

Vale lembrar também a eficiência de Shaun Livingston e Andre Iguodala saindo do banco e em muitos momentos do jogo garantindo ao time maior capacidade defensiva.

Isso foi o bastante para garantir o recorde de melhor aproveitamento em uma temporada, 73 vitórias e 9 derrotas. Mas, mas não o suficiente para vencer a sede maluca de LeBron James nas finais. A nova temporada porém promete ser bastante absurda pro Warriors.

O QUE MUDOU?

Oras, não mudou nada! Pra quê acrescentar alguém, é um time base finalista de NBA, recordista e campeão em 2015. Sem motivos para alterações mais drásticas.

Era mais ou menos isso que desejavam muitos adversários. Eis que uma grande bomba cai em nossas caras. Kevin Durant, outro atleta com um trofeuzinho de MVP na estante pousa na ponte dourada. Pois é, Big Three é coisa do passado, o negócio agora é um quadrado, que só não é mais mágico que o do Parreira na seleção brasileira de futebol em 2006.

A contratação de KD, por 2 temporadas, causou bastante burburinho. Torcedores do Oklahoma City Thunder queimando uniformes do jogador, atletas se manifestando contra o movimento escolhido por ele e uma grande novela na mídia a respeito de sua relação com Russell Westbrook.

Espetacularizações à parte. Agora Durantula une-se a um time “pedreiro”. Se agora o favoritismo dele e Curry para serem MVPs da temporada diminui, por conta da divisão de responsabilidades. O time se envolve em talento.

Manteve-se Iguodala e Livingston como peças fundamentais do banco. Foram-se as opções de pivô em Festus Ezeli e Andrew Bogut, mas para não dependerem de rookies, atletas irregulares (Anderson Varejão) ejogadores baixos chegaram Zaza Pachulia, David West e JaVale McGee, sendo o último ainda sem contrato garantido.

Chegaram também os rookies Patrick McCaw e Damian Jones, que já demonstraram personalidade e podem virar bons steals para a franquia.

NOSSA OPINIÃO

Não dá! Não dá para olhar para esse time e não ver um concorrente fortíssimo ao título. Antes de vermos as experiências do quinteto titular em quadra, rolava uma certa desconfiança quanto à adaptação de Durant ao time.

Como seria a divisão de estrelismo com Curry, já que sempre o sobrevalorizavam em relação à Westbrook no OKC? Como ele se viraria com um esquema pouco egoísta, cheio de movimentação de bola, como o do GSW, sendo que no time anterior ele passava grande parte do jogo com a bola na mão?

Essas questões tiveram um princípio de resposta na pré-temporada. KD parece bem acostumado ao time, terá bastante espaço para melhorar ainda mais seu eficiente chute de longa distância com as divisões de marcações perdidas em quem marcar no perímetro. Algo do tipo: “O que faço? Foi no Durant, Thompson ou Curry? todo matam com o mínimo de espaço!”

A fórmula achado pela maioria dos times no ano passado foi vencê-los em aspectos do jogo em que apenas a eficiência dos arremessos não traduz vitórias. Vimos times formados por defensores assíduos e atléticos e com pró-eficientes reboteiros fazerem frente ao time (e inclusive vencê-los nas finais).

Mesmo assim fica difícil medir esse contra-jogo agora. O próprio jogo da principal contratação oferece uma proposta mais all-around do que o antigo titular da posição Harrison Barnes, que também foi viver o sonho do protagonismo em Dallas.

Pachulia e seu belíssimo rosto georgiano parecem fazer bem a função de Bogut, como uma âncora de garrafão capaz de distribuir a bola a parir dali e contribuir nos cortas-luz e rebotes.

Ah! Essa cara de boxeador de carreira (Chrisjnelson/Wikimedia)

O titular aparente vem com Curry, Thompson, Durant, Green e Pachulia. Mas como bem sabemos do small ball e bastante rotação que o monstro Steve Kerr gosta, é muito provável que vejamos alguns reservas com mais tempo de quadra que o pivô do time, caras como Iguodala e Livingston terão muito tempo de quadra.

Apostar no título do Warriors, ou, pelo menos, em uma terceira final consecutiva não é clichê, é uma aposta segura. O time aparente caminhar para o topo, mas todo trem corre risco de descarrilhar, a confirmação virá nos primeiros jogos da temporada e no confronto direto com equipes desafiadoras.

Dados: Basketball Reference, RealGM e ESPN

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