Guia NBA — Orlando Magic: Garrafão lotado e fundo sem confiança, mas ainda podemos ver magia

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
Published in
6 min readOct 5, 2016

Reforços na mão, agora é ver o perigoso limiar em que o time está do “vai dar muito certo ou vai dar muito errado”

Uma jovem franquia, com um jovem time, está aí uma combinação interessante (Mark Ortiz/Flickr)

Estamos num momento bastante interessante dessas análises. Vamos saindo dos times que terminaram nas últimas posições temporada passada, chegando mais perto dos que foram aos playoffs de 2015–16 ao mesmo tempo em que acontece a pré-temporada. Ainda que possa não ser uma base tão profundo para se ver o desempenho dos times, já que as estrelas não entram para dar espaço aos coadjuvantes loucos para mostrar serviço e garantir minutagem, é possível fazer uma pequena análise do que pode pintar como um time titular ou a proposta dos novos treinadores de cada time.

Deu saudades, Dwight? (Keith Allison/Flickr)

Assim vemos o Orlando Magic. O time está em um longo processo de reconstrução e restabelecimento desde as confusões com Dwight Howard, em 2012, quando ele pediu veementemente para ser trocado para New Jersey Nets ou Los Angeles Lakers.

A franquia por sinal é um fenômeno interessante. Foi criada em 1989, está entre as mais jovens da NBA, ou seja, é difícil fazer cobranças do tipo falta um ídolo ao time. É verdade que o único uniforme aposentado é o #6 em referência ao torcedor como 6º jogador, pela falta de nomes de carreira fundadas lá como já há em franquias tão jovens quanto como: Minnesota Timberwolves e Kevin Garnett; e Miami Heat e Dwyane Wade.

Mas tivemos passagens bem interessantes e destacadas que vão de um jovem e dominante Shaquille O’Neal antes de ir pra Los Angeles, passam pela energia de Penny Hardaway e vão até as 12 temporadas de Howard, antes da briga que citei acima. Não há ídolos mas há referência quando houve sucesso.

Isso, além de possibilidades de trabalho contínuos para reconstrução, aparentemente as coisas estão um pouco mais sérias. Tendo como referência as apostas em treinadores e saber contratá-los para os times que têm em mãos, como foi com Steve Van Gundy e Doc Rivers no passado.

COMO FOI TEMPORADA PASSADA

Como já dito, o Magic é um time que passa por um longo período de reconstrução. Não pega playoffs desde 2012, e não se esperava que pegasse na temporada passada. A verdade é que o time acabou onde se esperava, metade de baixo da tabela na conferência Leste, até pela proximidade na competitividade que os times que disputam aquela 8ª vaga têm em nível.

O saldo foi negativo (35–47) e foram notadas falhas fundamentais na definição das funções dos atletas em quadra. Desde a postura de Nikola Vucevic que insistiu ser um pivô que sai do garrafão para chutar, mas nem tanto foi consistente nisso e nem mostrou distância relevante no arremesso para amedrontar os adversários. Até a não consistência dos guards, Elfrid Payton ainda não amadureceu o bastante; Victor Oladipo foi um dos melhores sextos-homens da liga, mas foi inconscistente; Mario Hezonja ficou um tanto quanto longe do que se esperava de uma evolução até o final da temporada.

Vucevic salvou o Magic muitas vezes na temporada passada, mas não foge das críticas (Michael Tipton/Flickr)

O time desencontrado de Scott Skiles rendeu ao técnico a demissão. O problema não foi o número de vitórias mas a própria maneira que o time se portou para conseguir esse recorde. Não havia padrão: “prezava-se o ofensivo ou o defensivo?”, “cozinhar o relógio e procurar passes ou transição rápida?” Não se podia responder perguntas simples como essas, o resultado foi um time que terminou abaixo do 16º lugar em pontos convertidos e pontos sofridos ao mesmo tempo, o único em toda liga com a proeza.

Além disso foi uma das equipes que mais chegou perto de matar torcedores do coração (fosse uma franquia mais velha, talvez a ambulância tivesse que trabalhar mais em Orlando). Foi o terceiro time que mais foi à prorrogações na temporada passada, 8 vezes, mostrando que mesmo, quando se vencia ou se recuperava na partida, não havia poder de decisão, vencendo apenas 3 desses jogos.

Não quer dizer que tudo foi horrível, fedendo a caixa de areia de gato depois da chuva (jamais mosquem com isso!). Vimos uma possível estrela aparecer cada vez mais em Aaron Gordon, o destaque no Dunk Contest, trouxe uma cara comercial há franquia, e confiança o bastante para que o jovem voador tivesse mais chances na segunda metade da temporada. Sua minutagem subiu em 6 minutos por jogo, de cerca de 21 para cerca de 27, e, naturalmente suas médias melhoraram indo de: 7.7 pontos, 6.1 rebotes, 1.4 assistências e 0.6 roubos; para: 12.0 pontos, 7.3 rebotes, 2.0 assistências e 1.1 roubos por jogo.

O QUE MUDOU?

Mudou muito? Em nomes até que não, houve uma manutenção em tipos específicos, facilmente classificáveis. Foram mantidos os jovens principalmente, guards com menos de 25 anos, e priorizou-se a contratação de veteranos em seus auges físicos ou perto de tais com proficiência no garrafão, e principalmente defensiva.

Nessa pegada não foram anexados rookies, nada além do altão Stephen Zimmerman que pouco entrará. O que rolou, foi a “grande troca” do dia do draft e uma peça específica da free agency.

Vazaram Oladipo, Ersan Ilyasova e os direitos de draft de Domantas Sabonis, para a chegada de Serge Ibaka, ex- Oklahoma City Thunder. Da louca agência livre veio Bismack Biyombo, com o grande salário de 70 milhões de dólares por 4 anos. E ainda chegaram Jeff Green e D.J. Augustin, para compor o banco.

Um time pontualmente montado, sem estrelas máximas, alguns dos principais jogadores, ainda em seus contratos de calouros, e principalmente, muita eficiência defensiva nos selecionados. Do jeitinho que Frank Vogel, o novo treinador, gosta de trabalhar. Jovem e com bom relacionamento entre os jogadores temos por referência seu último trabalho no Indiana Pacers, mais uma aposta bem refletida da diretoria.

NOSSA OPINIÃO

O elenco que o técnico do Orlando Magic é muito, mas muito interessante mesmo. Indo na contramão do que Jared Dudley disse recentemente, não há estrelas, e mesmo os grandes nomes na lista do plantel não são jogadores incontestáveis.

Frank Vogel pode ter sido a principal aquisição da franquia. Seus apenas 42 anos e o bom trabalho com a defesa podem aproveitar ao máximo a capacidade dos recém chegados Ibaka e Biz, bem como trazer à tona uma melhora nas estatísticas defensivas de caras como Gordon e Payton que como um bom armador clássico precisa aproveitar mais sua antecipação.

Olhamos para a defesa com bons olhos mas ainda não é possível garantir um bom desempenho ofensivo. No time, os que tem características bem definidas na quadra de ataque são Vucevic e sua artilharia de média distância e Evan Fournier com seu consistente chute de três. Mesmo assim jogadores como Vucevic que ainda exitam em dar um passo para trás e confiar nos triplos estão perdendo espaço nos times titulares e até sendo melhores aproveitados no âmbito coletivo saindo do banco (vide Enes Kanter).

Ibaka pode ser esse cara? Ainda há o que avaliar, precisamos vê-lo em quadra. Enquanto um coadjuvante no campo de ataque, que muitas vezes ficava livre por conta da marcação acirrada em Kevin Durant e Russell Westbrook, dava tudo certo, mas e agora que ele será um dos “caras” do time? Aaron Gordon ainda não tem essa eficiência garantida atrás do perímetro, cai uma ou outra bolinha nos jogos. E Payton… bem… o cara é um armador com 58.9% nos lances livres, ele não está lá para chutar, temos nele um Rajon Rondo 2.0, excelente drible, visão de jogo e passe, mas esqueça as finalizações.

Tenho uma pequena esperança nesse time, acredito que possa brigar por uma última vaga por playoff, ou no pior dos casos, melhorar sua porcentagem de vitórias em relação à temporada passada, que fique acima de times como Washington Wizards, por exemplo.

O time titular deve vir com Payton, Fournier, Gordon (parece um interesse dos próprios executivos que ele vire um ala), Ibaka e a princípio Vucevic. Mas com bastantes chances para jogadores de maior experiência e postura defensiva como Biyombo, Green e Augustin entrarem. Não é impossível ver um Hezonja trocado caso não mostre finalmente o basquete que o levou à 5ª escolha geral no draft de 2015.

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