Guia NBA — Portland Trail Blazers: A estrela de Damian Lillard brilha cada vez mais forte

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
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6 min readOct 12, 2016

Com talento para apoiar o armador, a franquia pode, finalmente dar um passo à frente

Até onde pode ir a ascensão de Lillard? (nikk_la/Flickr)

O sujeito de rosto geométrico, com o número 0 no uniforme tricolor, vermelho preto e branco, está se provando mais um fruto da leva impressionante de armadores que temos nessa era. Se há tempos atrás o destaque estava nos pivôs, em caras como Bill Russell, Wilt Chamberlain ou Kareem Abdul-Jabbar. Hoje temos uma tendência na liga, ter um ótimo point guard é essencial para o sucesso de uma franquia, e Portland tem isso no seu rol.

A consistência nos resultados é uma marca registrada em toda a história da franquia, tendo ido aos playoffs em 68% de suas temporadas (32 de 47). Além disso também mantêm o segundo lugar no recorde de idas consecutivas aos playoffs, jogando a 21 pós-temporadas seguidas entre 1983 e 2003.

Porém, todo time tem aquela maré de azar, a de Portland esteve num passado recente, quando achávamos que veríamos um super time com Greg Oden, Brandon Roy e Lamarcus Aldridge. Ô destino maldito que não deixou vermos esses caras jogarem juntos em plena forma! Quando não era um lesionado era outro. Mas no presente a sorte parece ter dado o braço a torcer.

Sorte não é exatamente a palavra, mas a surpresa com a evolução de determinados jogadores e a funcionalidade de reposições das quais não se esperava tanto foi fenomenal. Nas mãos de Lillard, C.J. McCollum, e quem sabe Allen Crabbe, esse time não possa voltar à sua consistência histórica. Já são três playoffs seguidos, só falta a comprovação e um plano diretor que tire a franquia do status de surpresa.

COMO FOI NA TEMPORADA PASSADA

Da temporada anterior se esperava algo semelhante ao que aguardamos no Oklahoma City Thunder de 2016–17. Viu-se uma debandada geral dos principais jogadores de 2014–15: Nicolas Batum foi parar em Charlotte, Wesley Metthew seguiu para Dallas, e Aldridge foi seduzido pela tentadora proposta de substituir Tim Duncan no San Antonio Spurs.

Foi natural pensar que Lillard tomaria parte ainda maior das decisões do time, afinal ele ficou como a estrela solitária. O pássaro fiel à sua casa que decidiu não migrar. A sensação de sua utilização iminentemente cada vez maior também se dava por uma exposição exponencial na mídia, sendo o rosto da franquia e sua carreira de rapper (não é nenhum Larry Taylor, mas vale à pena).

De fato o armador foi “o cara” do time, liderou em pontos com 25.1 por jogo, assistências com 6.8 por jogo, bolas de três convertidas por jogo com 3.1; além da predominância no seu uso nas jogadas mesmo que não finalizasse sendo usado em 31.3% delas (McColumm que é o segundo ficou em torno dos 27% e os demais, a maioria abaixo dos 20).

O que não era esperado era a consistência das peças de reposição, que não necessariamente vieram de outras equipes. Mason Plumlee apesar de ser um dos jogadores que mais levou enterradas na cara, mostrou linearidade na posição, e tinha um reserva com premissa diferente no banco em Meyers Leonard, algo que funcionou muito bem.

Alle Crabbe surpreendeu saindo do banco. Al-Farouq Aminu (por sinal um dos melhores nomes da NBA) e Ed Davis demonstraram uma evolução pouco esperada, destacando o primeiro, que mostrou eficiência nas bolas de média e longa distância e chocou com um bom drible até para um ala do seu tamanho.

Já C.J. (nada de GTA aqui!) foi um caso à parte, o cara foi eleito o MIP (Most Improved Player, ou o jogador que mais evoluiu), e mesmo que digamos haver outros merecedores, o ala-armador foi sem dúvidas uma das grandes surpresas quanto ao aperfeiçoamento de seu jogo. Subiu 14 malditos pontos de sua média de pontos, em relação a temporada anterior, de 6.8 para 20.8, como também na significativa melhora no chute de trás do perímetro, algo que lhe deu o status de especialista e o levou ao torneio de três pontos.

O QUE MUDOU?

Dessa vez ninguém significativo vazou. Allen Crabbe quase fez seu caminho à Brooklyn, mas o Portland resolveu cobrir a altíssima oferta, algo que por sinal pode afetar decisões futuras quanto ao salary cap da equipe. Dessa vez foi o contrário foi investido dinheiro em peças para completar falhas pontuais da equipe.

No time dos últimos anos, dirigido por Terry Stotts, o plano geral é bem fácil. Ao time falta eficiência defensiva individual, o treinador soube cobrir as falhas com planejamentos táticos coletivos, mas faltava ao time principalmente protetores de garrafão, algo que mesmo os altões Plumlee e Leonard não poderiam garantir ao time. Outro ponto pensado foi a falta de opções para organizar o jogo, que não fossem McCollum e Lillard.

Nessa pegada, chegou a cavalaria. Do vice-campeão Golden State Warriors, trouxeram um cada vez mais desvalorizado Festus Ezeli, por uma quantia bastante alta até, 15 milhões de dólares por duas temporadas. Ezeli é um especialista defensivo, ótimo shotblocker e contribuirá ativamente, com alta minutagem (depois que recuperar da lesão, obviamente).

Para a solução tanto da armação, quanto aumentar a capacidade defensiva no perímetro, chegou Evan Turner. Turner é um jogador versátil e alto, que transita em três posições, em parâmetros tradicionais: armador, ala-armador e ala. Vai ser uma ótima opção para livrar os titulares do acúmulo de responsável, alguém que pode muito bem fazer um papel de sexto homem valioso.

Vale destacar, por fim, que nessas brincadeiras de conratações e renovações sob o novo cap, a franquia se tornou na segunda com maior folha de pagamento nessa temporada, ficando abaixo apenas do Cleveland Cavaliers.

NOSSA OPINIÃO

Essencialmente, o time não é muito diferente do que chegou ás semifinais da conferência ano passado, e que bagunçou o Los Angeles Clippers na 1ª rodada. O que aparentemente vai acontecer é na mudança de responsabilidades, Lillard é um all-star que só não chega ao evento festivo por conta dos guards de sua conferência.

Essa por sinal é a grande dicotomia envolvendo Lillard, ora é chamado de gênio, ora é colocado ao patamar de um bom jogador apenas. Talvez o jogador mais hypado e o mais subestimado da liga. A subestimação é até fácil de localizar, ele entrou tarde na liga, e poucos esperavam que ele colocasse números significativos na carreira, ainda há quem pense assim.

Porém, é inevitável pensar no quanto é fácil fazer não apenas uma avaliação quantitativa de suas estatísticas, mas propriamente qualitativa de sua maneira de jogar. Dame Dolla (seu nome de rapper) tem a combinação explosiva de Russell Westbrook fundida a uma pouco lembrada eficiência no chute de perímetro e bem cluctch, a qual podemos lembrar de caras como Reggie Miller, logicamente, que em escalas menores nessas comparações.

Agora ele tem um elenco de suporte estável, o qual espera-se não se desmantelar tão cedo. As peças em Portland são bem jovens, mas estão numa evolução até assustadora. Não é o caso de uma reconstrução, o time já está em um patamar acima, bem estabelecido. Dificilmente o Trail Blazers ficará de fora dos playoffs em 2016–17.

O jogo se moldará para uma maior movimentação, Lillard vai jogar mais sem a bola segundo Stotts. Algo que o ajudará a achar mais espaços livres e chutes bem posicionados e talvez aumentar sua absurda quantidade de triplos. Detalhe: Ele é o jogador que mais bolas de três converteu em suas 4 primeiras temporadas, 828 no total, os segundo e terceiro lugar são Klay Thompson (784) e Stephen Curry (644).

O time titular vai começar um pouco diferente perto do que se esperava com as contratações, a lesão de Ezeli, traz Plumle de volta a titularidade, pelo menos a princípio. Por enquanto o time titular imaginável é Lillard, McCollum, Crabbe, Aminu e Plumlee.

Chuto Crabbe começando, mais por uma necessidade de justificar um grande salário, do que o ideal. Desse time o máximo de diferente que pode haver é a movimentação de Aminu para a ala, onde ele prefere jogar, e Ed Davis ou Moe Harkless, pegando a titularidade na ala-pivô.

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