Liga Sorocabana — Guia NBB 2017/2018

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
Published in
6 min readOct 26, 2017

Depois de terminar entre os dois últimos, a equipe do interior de São Paulo confia em seu novo trio de estrangeiros para mudar o panorama

A Liga Sorocabana de Basquete, carinhosamente chamada de LSB, já está indo para sua 7ª participação no NBB. E nunca em toda a história do seu desempenho na competição nacional ficaram acima da 10ª posição.

As melhores campanhas foram em 2011/12, na sua estreia, quando conseguiram o 11º lugar na fase de classificação e no ano seguinte quando mesmo com um campeonato de 18 times ficaram em 12º — com seu melhor recorde de vitórias, 15.

O time não vai aos playoffs justamente desde 2012/13, contando com um ano na lanterna em que não foi rebaixado por conta do afastamento do Palmeiras da competição.

Será que nessa nova oportunidade o time muda sua sorte. Chegaram reforços experientes e principalmente, três estrangeiros, algo que a equipe pesquisa há bastante tempo segundo o treinador Rinaldo Rodrigues.

“Foram os americanos que a gente mais estudou em todos esses oito anos de NBB, eu acredito muito no potencial físico e na alegria que eles trazem nos jogos”, afirmou o treiandor

Como foi temporada passada

Desafiar equipes capazes de assinar cheques de pagamento maiores é sempre um desafio. E a própria equipe tem dificuldades para reencontrar o ritmo razoável que lhe rendeu playoffs nas suas duas primeiras temporadas.

Em 2016/17 foram apenas seis vitórias, uma acima da lanterna e duas abaixo do Macaé 12º lugar e última vaga na pós-temporada.

Apesar do progresso interessante de jovens jogadores como Lucão e Lucas Farina — que já não está mais na equipe — o time não tinha um grande destaque no lado ofensivo.

A função acabava dividida entre o argentino Enzo Cafferatta, agora no Caxias do Sul; Rafael Castellon, Ted e até umas entradas decisivas do querido Jefferson Sobral. Cafferatta foi o cestinha do time com 13 pontos por jogo e líder em assistências com 4.4.

Outro que contribuiu bastante foi Alexandre Paranhos e suas proezas atléticas e defensivas, o terceiro melhor reboteiro da liga com 7.7 por jogo.

Porém, se os fundamentos ofensivos não funcionaram — com a equipe tendo a pior marca de pontos por jogo da temporada regular — a defesa foi superior que a maioria dos times de playoffs. Apenas 77 pontos sofridos por jogo, quarta melhor marca do torneio.

Ao fim o time titular era formado basicamente por: Caferatta, Castellon, Ted Bruno (Lucas Farina) e Paranhos (Maique).

O que mudou?

Coma uma mentalidade defensiva bem postada, o que o time precisava era de definidores, jogadores que poderiam fazer a diferença em momentos mais decisivos.

O time mudou bastante até, grande parte dos veteranos saíram e além de apostas jovens o time fez algo que como o citado, já estudava há um bom tempo. Trouxe seu pelotão de norte-americanos. Foram três, Anton Cook e Dontrell Brite, ambos chegaram para a disputa do paulista, e o mais recente que precisa ser testado Kevin Crescenzi.

Da esquerda para a direita: Anton Cook, Kevin Crescenzi e Dontrell Brite

Detalhe, todos são bastante jovens. Kevin é o mais velho, com 24 anos e Cook o mais novo jogou sua jogou sua última temporada no basquete universitário em 2016/17.

“Sobre o basquete brasileiro, achei que em quadra não muda muita coisa, para mim basquete é basquete em qualquer lugar. Um técnico meu falou sobre o Campeonato, que era uma boa oportunidade para o início da minha carreira profissional”, disse Brite sobre suas primeiras experiências no basquete brasileiro. “Em relação ao Brasil, estranhei apenas a falta de pasta de amendoim e panquecas (risos)”.

Brite e Cook tiveram bom começo em suas primeiras experiências. No paulista o primeiro fez 15.2 pontos, 4.4 assistências, 5.2 rebotes e 1.6 bolas roubadas. Já o segundo fez 16 pontos, 2.7 rebotes e 1.4 bolas roubadas.

Dentre as principais chegadas podemos citar os veteranos Drúdi que estava no Vasco e Mineiro, que jogou na LSB em 2011/12.

O time ainda deve sofrer variações com as mudanças na equipe mas o que faz mais sentido é: Brite, Cook, Jackson, Drúdi e Mineiro. A formação deve mudar dependendo da chegada de algum outro ala, do desempenho de Kevin e do garoto Lucão, que pode roubar minutos como pivô.

Jogador destaque

O time passou por uma grande reformulação, muitos jovens atletas chegaram, substituindo inclusive veteranos importantes na última campanha. Mas depois de ver a distribuição de responsabilidade no campeonato paulista ficou meio claro o quanto o foco serão os estrangeiros.

Dentre eles acredito que Brite tenha se postado mais para controlar o jogo. O armador contribuiu bem na produção de pontos além de colocar excelentes números em assistências e rebotes. O tipo de jogo completo que pode alavancar o status de uma equipe.

“Jogar o Campeonato Paulista foi uma grande experiência e é uma ótima preparação. Agora o nosso técnico sabe quais são nossas qualidades, o que pode esperar de nós como atletas. Estou pronto para esse desafio”, disse o gringo.

Potencial revelação

Dentre os muitos jovens do elenco podemos apontar diversas chances para demonstrar serviço e evoluir. São os casos de Jackson Henrique, jovem ex-Rio Claro e o próprio Lucão que tem tamanho e espaço para se estabelecer como um talento na posição 5.

Mas eu fico com Lucão. Ele tem a confiança de Rinaldo desde a última temporada e a tendência é ganhar mais minutos, mesmo com o mais experiente Mineiro sendo a primeira opção de imediato.

Eu até falaria em Cook por ser recém-saído do basquete universitário. Mas minha consciência me pede para apostar na molecada nacional para tomar conta.

Palavra do Técnico

“Estamos trabalhando bastante a parte psicológica deles, de acreditar que eles podem ser jogadores de ponta também, sempre trazendo o lado surpresa com muito trabalho da comissão técnica em cima dos jogadores que querem dar certo um basquete brasileiro”.

Expectativa na temporada

O time perdeu um pouco do que tornava ele grosso — no bom sentido. Caras como Cafferatta, Castellon e Paranhos tinha experiência e e fisicalidade que alguns desses jovens podem encontrar como dificuldades no início.

Mas a ideia de revitalizar o elenco com mais garotos, além de apostar em jovens estrangeiros que possam crescer na mesma medida que o resto do time.

Se pensarmos bem, com a saída de Brasília e Macaé, são dois times à menos que foram aos playoffs, além de que a LSB disputaria essas vagas teoricamente contra Caxias, Minas, Joinville e Botafogo. Eu até os vejo à frente deles em possibilidades, mas não muito, um time mais inexperiente sempre é um risco.

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