Minas Tênis Clube — Guia NBB 2017/18

Heitor Facini
buzzerbeaterbr
Published in
6 min readOct 27, 2017

Com o time bem reformulado, será que o Minas consegue apagar a má campanha do ano passado?

O Minas Tenis Clube vem de um ano para ser esquecido. Afinal, ninguém consegue comemorar não ir para os playoffs num campeonato de 15 times que classificam 12.

Ser uma das três piores equipes da divisão de elite do basquete masculino nacional não é algo de muito orgulho. Porém, pelo menos deu para perceber que a equipe se movimentou fortemente na inter temporada para tentar reverter a situação.

Vieram diversos reforços e até o comando técnico mudou. “Eu não estava no Minas na última temporada. Mas, conversamos com todos que permaneceram e tentamos mudar algumas coisas”, comentou Flávio Espiga, comandante da equipe. “O mais importante em esportes de rendimento é entender que não é só o resultado final, estamos preocupados com o processo”.

E aí, será que o Minas consegue apagar a performance do ano passado e voltar ao topo? Ou será mais um ano de desilusões?

Como foi temporada passada?

Como falado, o time do Minas não teve uma jornada muito feliz no ano passado. Em 28 jogos foram apenas 7 vitórias — apenas 1 quarto do valor total.

Muito se relaciona com o desempenho do time em arremessos, tanto em curta como longa distância. Por exemplo, no perímetro, o melhor foi Wesley com 42% de conversão. Abaixo dele, ninguém conseguiu mais que 37%.

Mas, quem chamou a atenção em nível nacional, foi Danilo Fuzaro, ala-armador da equipe. Ele conseguiu 13.1 pontos, 2.4 rebotes e 2.4 assistências. Isso rendeu a ele uma convocação para a seleção brasileira na intertemporada.

O time que terminou a temporada foi: Paulinho Boracini, Danilo Siqueira, Scott Rodgers, Mosso e Maynard.

O que mudou?

Muita coisa mudou na equipe. Primeiro começa pelo comando técnico. Flavio Espiga, que era auxiliar técnico do Basquete Cearense e comandou a equipe no título da LDB, virou o treinador da equipe. “Agradeço toda a experiência que tive no basquete cearense, foram muitas dificuldades e momentos difíceis, mas também, tive momentos vitoriosos, que são coisas que carregamos para nossa carreira”, comentou Flávio. “Tudo vale a pena, os momentos ruins nos ensinam muito e os bons nos dão confiança para executar novos planos”.

Segundo ele, o projeto que ele chega para implementar na equipe do Minas visa o longo prazo. “O momento é de renovar o pensamento, a energia e a cabeça”, explicou. “Pode levar um tempo, acontecerem alguns imprevistos, mas, sempre vamos saber como continuar ultrapassando os obstáculos e não perdermos a linha de atuação durante esse processo”.

Mas a mudança não é apenas fora de quadra. A equipe mudou bastante dentro dela. Um dos reforços é Gegê, ex-armador de Bauru e vencedor das últimas 5 edições do NBB. “Eu venho para somar, literalmente, tanto dentro quanto fora de quadra, falando e ajudando o Espiga”, comentou Gegê. “Tenho 26 anos, sou jovem ainda, mas, acredito que tenho um pouco mais de vivência que o resto do pessoal e não vejo isso como uma vantagem mas sim como
ajuda e apoio. Sou movido a desafios, gosto de surpreender e
estar em lugares em que todos tenham um mesmo objetivo”.

Além deles, chegaram Evan Roquemore (armador norte-americano), os ala-armadores Audrei Parisotto (Basquete Cearense) e Jefferson Campos (Brasília), os alas Billy Rush (Cape Breton Highlanders-Canadá) e Lelê Jacon (Flamengo) e o ala-pivô Teichmann (ex-Pinheiros). Foram mantidos o ala-pivô Mosso, e os pivôs Adriano Big e Wesley Castro.

Evan Roquemore já tinha um conhecimento razoável do Brasil antes de vir pra cá. “Eu conhecia através dos jogadores da NBA, Leandrinho e Nenê”, comentou. “Eu gosto de pensar no jogo ao invés de apenas jogá-lo. Não sou de
utilizar meu atletismo a todo tempo, gosto de decifrar o oponente”.

O interesse de vir pro Brasil veio da indicação do amigo — e agora rival — Jamaal, armador do Botafogo. “Ele me disse que o Brasil é um ótimo país e lugar para se jogar basquete então estou bem animado”.

O treinador disse que o processo de contratação dele aconteceu durante a Summer League da NBA em Las Vegas. “Em um mês que ele está aqui com a gente, não teve um dia em que ele não se esforçou ao máximo nos treinos e para se comunicar com todos. As coisas vão acontecer naturalmente para ele, é um cara que está batalhando muito e sempre está atento a tudo, está feliz aqui e tem muito a ajudar no processo coletivo”, comentou Espiga.

O provável time para início de temporada será Gegê, Roquemore, Audrei, Mosso e Wesley.

Jogador destaque

Por toda a experiência e todas as conquistas que teve na — ainda curta — carreira, Gegê vira o nome dessa equipe a princípio. É um papel que ele não está acostumado a conviver, já que, tanto em Bauru quanto no Flamengo, ele não tinha essa condição.

“Todos que estão aqui querem acreditar, viver e levar este projeto o mais longe
possível. Estou aqui pra isso, motivado e feliz. Muito satisfeito com o que o Minas oferece para mim e toda a minha família. Acho que estando bem e com a minha família ao lado, é preocupar só em jogar basquete”, comentou.

Potencial revelação

Apesar de não começar como titular da equipe, o nome que causa maior expectativa é do pivô Adriano Big. O jogador foi apontado como estando no radar de alguns times da NBA nos últimos tempos. “Vejo isso como uma coisa muito boa”, declarou.

“O meu estilo de jogo consiste em garantir o rebote para minha equipe, dar bons bloqueios para os meus chutadores e dar um show para a torcida, comentou. “Eu me identifico bastante com o estilo de jogadores como DeAndre Jordan, Shaquille O’Neal, JaVale McGee e o Ansaloni — que é muito meu amigo”.

Palavra do técnico

“Tenho falado muito com as atletas que o importante é entender o que e como estamos fazendo e aonde queremos chegar. Nunca irão me ver cobrando uma cesta ao fim do jogo, me preocupo com o processo, em como chegar lá. Só jogar a bola na cesta é a coisa mais fácil de fazer no basquete, então é focar em como vamos defender, atacar, contra-atacar. A partir do momento em que a equipe está com os objetivos definidos em todas as ações, o resultado deve vir” — Flavio Espiga

Expectativa na temporada

Pela forma de organização e pelo projeto pensado, a equipe já começa um passo na frente da temporada passada. E isso não é só falando em quadra, mas principalmente fora dela.

O time como um todo parece bem mais consistente do que estava e com um objetivo bem traçado. Pode ser que a curto prazo não tenha um resultado visível, mas é um projeto muito interessante pros próximos anos. De qualquer forma, é bem provável pensar em playoffs neste momento.

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