NBA — Semana 12: Utah Jazz e o poder através das limitações
Com 7–3 nos últimos jogos, o time da conferência Oeste vai se consolidando como time de playoff
Não é a décima segunda semana de NBA, mas é a décima segunda de texto. Nessa temporada podemos destacar facilmente os impactos individuais de diversos jogadores. James Harden e Russell Westbrook fazendo triplos-duplos à rodo; as estrelas do Golden State Warriors; ou até a consolidação do baixinho Isaiah Thomas como uma estrela (como falamos no último texto).
Dessa vez, porém, se há um time a destacar nessa semana de jogos que passou é o Utah Jazz. São 4 vitórias seguidas, além de 7 vitórias nos últimos 10 jogos, um ótimo desempenho sólido que transformou o time em um candidato até pra tascar uma das concorridas 4 primeiras posições da conferência Oeste. O primeiro a frente é o Los Angeles Clippers, sem Blake Griffin e Chris Paul, lesionados, ou seja, é possível, sim!
O trabalho paciente de Quin Snyder
Rever o bom momento desse time passa por primeiro avaliar a insistência num projeto que colocou no banco de reservas Quin Snyder. Snyder até tinha suas experiências como assistente de bons treinadores, como o Coach K., e como treinador principal na Universidade do Missouri e no time da D-League afiliado ao San Antonio Spurs, o Austin Toros.
Só que sua experiência como treinador na NBA ainda era nula. Chegando em 2014, para a temporada 14–15, a palavra no momento era reformulação. As peças mais consolidadas já haviam saído: Paul Millsap, Deron Williams e Al Jefferson.
O estilo de Snyder parecia até um pouco obsoleto. Com o basquete volumoso de chutes e transições rápidas para o campo ofensivo se consolidando como nos modelos de Steve Kerr e Mike D’Antoni, por um momento parecia que só o Spurs de Gregg Popovich poderia ir na mão contrária sem maiores falhas.
Quin Snyder vem provando o contrário. Com um recorde que permitiria ao Jazz ser o terceiro colocado na Conferência Leste (27–16), eles ocupam a 5ª colocação no Oeste. E isso sendo o time com o menor número de posses por 48 minutos jogados, em toda a liga. São 91.2 posses por 48 minutos.
Provando, assim, que um basquete de transição de grande eficiência pode muito bem ser performado em alto nível, isso se tiver a aplicação defensiva que esse time tem. Os caras podem não ter o ataque mais brilhante, têm a 3ª pior marca em pontos feitos por jogo, 99.2. Porém, na via inversa, eles são o time que menos permite pontos por jogo, 94.9, além de serem o segundo que menos permite pontos a cada 100 posses do adversário, 104.1, um feito notável, visto que os outros times tendem a ter mais posses.
A boa rotação (exceto na armação)
O outro fator que contribui para a afirmação desse Utah Jazz é a qualidade e profundidade do elenco. Diferentemente de muitos times da liga que têm no máximo uns 9 ou 10 jogadores capazes de contribuir imediatamente pro time dependendo a situação e da compatibilidade com o adversário, o Jazz tem uns 12 ou 13 que se encaixam nesse quesito.
Esse elenco entra em quadra sem uma definição exata de quais serão os 5 jogadores que estarão em quadra faltando 5 minutos do fim. Sabe-se que Rudy Gobert, Gordon Hayward e George Hill (quando inteiro) provavelmente estarão, por serem as grandes peças desse time. Mas temos um caminho aberto dependendo do adversário. Será Derrick Favors, Trey Lyles, Joe Ingles ou Boris Diaw; será Rodney Hood, Joe Johnson, Dante Exum ou Shelvin Mack. Além de ter Raulzinho e Alec Burks como opções.
Esse jogo defensivo e coletivo foi é responsável por uma das boas sequências de jogos em 2017 por parte de uma franquia. O bastante para premiar Hayward como Jogador da Semana da Conferência Oeste. Sim, ele foi muito bem chutou mais de 50 % tanto nos field goals quanto somente nas bolas de três (57.4% e 54.2%, respectivamente), mas podemos garantir que esse foi um prêmio condizente com o esforço coletivo.
Esse time tem apenas um problema mais agravante. A caça por um armador regular parece interminável. George Hill é ótimo, e figuraria (ou figurará?) facilmente em um time defensivo da liga, além de seus bons desempenhos ofensivos no começo da temporada. Infelizmente, ele tem sofrido muito com as lesões, importante como ele é, jogou apenas 19 partidas até agora. A substituição fica uns 200 níveis abaixo. Nem Exum, Nem Shelvin Mack conseguem desempenhar um papel sólido. O primeiro vive à sombra da expectativa de um excelente guard defensivo que ainda esperam ver. E o segundo era uma opção como pontuação saindo da posição, mas cada vez mais vê cair minutos na rotação.
Raulzinho ainda é um pouco cru, e está longe de poder substituir Hill, mas parece ser uma melhor opção imediata que os outros dois. Mesmo que não receba muitas chances. O brasileiro faz bem seu papel nos poucos minutos que passa em quadra. Digam que estou dando uma colher a ele por ser brazuca, tudo bem… realmente quero ver brasileiros tendo mais destaque na NBA. Mas acredito que o item faltante ao Utah para um passo além é justamente um PG regular e sem lesões (se Hill manter-se fora da área médica que seja ele por enquanto), e profundidade no banco para a posição.
Enfim, de qualquer maneira, o Utah Jazz segue firme mesmo com essas peças em falta. Um bom exemplo que o jogo pode ser levado ao alto nível de diferentes maneiras!