NBA — Semana 16: A troca Mason Plumlee por Jusuf Nurkic é a mais interessante até agora

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
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6 min readFeb 18, 2017

Nuggets e Trail Blazzers foram atrás de objetivos beeem específicos com a negociação.

A troca de pivôs para alguns pareceu mais do mesmo, mas há muito mais por trás disso!

O deadline para as trocas está chegando, termina no dia 23 de Fevereiro, ou seja, logo na semana que vem. Como bem sabemos esse é um período extremamente fértil para rumores e trocas. Afinal, já estamos à frente da metade da temporada e já deu uma boa ideia de quem se encaixou ou não em um time; quem é simplesmente uma moeda de troca ou desvalorizou no quesito; e principalmente, o que os times podem almejar para o resto da temporada.

Nesse sentido já tivemos até algumas trocas importantes. Como a saída de Serge Ibaka do Orlando Magic para o Toronto Raptors. Troca que envolveu o ala-pivô congolês por Terrence Ross e uma pick de primeiro round do Raptors (pertencente a Grizzles ou Clippers).

Porém, apesar do time canadense ter aumentado consideravelmente suas possibilidades com a chegada de Ibaka, a troca que mais me chamou a atenção foi a efetuada entre Denver Nuggets e Portland Trail Blazzers.

A barganha

A troca não tem segredos, e deu até um certo burburinho quando foi efetuada. Mason Plumlee e Jusuf Nurkic não estavam satisfazendo seus times da maneira que se esperava. Ambos não se encaixaram nos planos que lhes tinham na composição dos times titulares de cada equipe. Além dos atletas, o Nuggets recebeu uma pick de 2º round de 2018 e dinheiro, já o Portland recebeu uma pick de 1º round de 2017.

No caso de Nurkic, o Denver esperava, por conta da temporada passada, formar uma dupla infalível de gigantes do leste-europeu em seu garrafão. O único problema é que ela não foi infalível. A equipe do Oeste, oscilou bastante nos primeiros jogos, e a dupla não passava segurança. Nikola Jokic foi colocado numa posição fora de seu habitat, sendo usado com um stretch four em tempo integral (ala-pivô que abre o jogo no perímetro); um baita dum erro considerando que seu jogo mais eficiente acontece passando por dentro do perímetro. Além disso, o time fica extremamente vulnerável nas transições defensivas com dois pivôs lentos e pesados.

Jokic foi para o banco por um tempo, mas voltou a titularidade provando seu talento, e hoje é uma das grandes sensações da NBA (inclusive, quase fez um triplo-duplo no Rising Star Challenge e participará do Desafio de Habilidades). Nurkic perdeu espaço e, desde que o Jokic voltou à titularidade sua média de minutos caiu de 21.3 para 13.8.

Pelo lado de Plumlee, ele não chegou a perder espaço na equipe como o bósnio. Mas ficou nítido, por mais que o pivô estivesse entre os líderes da equipe nas estatísticas principais, ele ficava bastante abaixo dos pivôs dos outros times principalmente nos confrontos diretos.

Com um time que joga bastante aberto, em formações que podem incluir Damian Lillard, C.J. McCollum, Allen Crabbe e Al-Farouq Aminu ao mesmo tempo, se esperaria um pivô capaz de brigar por rebotes ofensivos e passar a bola com qualidade a partir do post. Plumlee é muito bom no segundo quesito, mas seu jeito soft de jogar o inibe de muitos triunfos na recuperação de chutes errados.

Além disso sua capacidade defensiva como protetor solitário de garrafão é bastante limitada. Para uma defesa em transição ele até pode ser uma opção interessante, por não ser tão pesado, mas sua defesa no poste limitada o fez sofrer com muitos pôsters, além de não ter lá um desempenho louvável em impedir pontuações adversárias. Ele é o 26º em menor número de pontos concedidos a cada 100 posses do adversário. Isso contanto apenas atletas que jogaram no mínimo 40 jogos. Para cumprir essa função existem até alguns outros com menos minutagem mas bem mais eficiente no quesito, como Zaza Pachulia, no Golden State, e Willy Hernangomez, do Knicks; ambos com menos de 20 minutos por jogo, enquanto Plumlee teve cerca de 28.

Em seus novos garrafões

O item anterior serviu para pontuar o porquê desses dois não terem obtido sucesso em suas funções. As críticas à esses pontos específicos do jogo deles não chegam a ser apontamentos determinantes em dizer “eles não são bons”, apenas expressa que suas características como jogadores de basquete não serviram naqueles esquemas ou combinação de rotações.

Nurkic tem apenas 22 anos e muito espaço para evoluir. Não, ele não vai virar uma opção de transição e criar capacidades atléticas mágicas que o transformarão radicalmente num pivô top 3 na defesa, mas a possibilidade de evolução que podemos ver no truculento bósnio é imensa, isso se trabalhar mais ainda outros fundamentos que o confiram versatilidade no ataque.

Plumlee já tem 26 anos, porém ainda pode crescer em rotações e acentuar suas qualidades. Ele é inteligente, e se colocado ao lado de alas que possam cobrir suas falhas na defesa pode se tornar uma ótima opção de segunda unidade para o Nuggets

Mas vamos ao ponto deste tópico: O que as qualidades individuais deles agregam em seus novos times?

O Trail Blazzers precisava justamente de um peso pesado para disputar bolas no garrafão. O jogo da equipe, que disputa diretamente com o Denver as últimas vagas nos playoffs, se baseia muito nas trocas de posse entre Lillard e McCollum. A movimentação acontece bastante fora do perímetro, então ter um grandalhão, apesar de limitar a transição pode ser uma excelente opção saindo do banco, por enquanto.

Nurkic pode conferir ótimos screens, até pelo tamanho de seu corpo. E é um exímio reboteiro quando em quadra, agarrando 15.8 rebotes a cada 100 posses, sendo 5.5 desses ofensivos; em seu time anterior apenas Jokic e Faried tinham números melhores. Porém, em relação a Plumlee, que capturava apenas 3.9 rebotes a cada 100 posses, para o Trail Blazzers a ampliação no fundamento foi enorme. Além disse, Nurkic se acostumou a ser o principal bloqueador de chutes da equipe. Quando em quadra ele tendia a bloquear 3.4% das tentativas de dois pontos dos adversários, maior média da equipe.

Com Plumlee, ele chega para agregar sua principal característica ao jogo da estrela em ascensão da equipe, Nikola Jokic. O pivô norte-americano é um excelente passador, desde que saiu do Brooklyn Nets, sua capacidade de passe e visão para achar um chutador livre mostrou enorme evolução. Sua média foi de inexpressivas 0.9 assistências por jogo para 3.4, em sua passagem por Portland. Inclusive nessa temporada ele fazia sua melhor marca no quesito, 4 assistências por jogo.

Plumlee chega, a princípio, como uma opção de segunda unidade, para manter o nível de passe saindo do garrafão mesmo quando Jokic está no banco (ou até lesionado). Além disso, sua transição para defesa mais rápida pode ser bastante eficiente para o time contra times adeptos do shotgun.

Para o ex-Trail Blazzers não haverá um choque tão grande no quesito precisar achar opções fora do perímetro visto que o time tem seu rol de chutadores eficientes, desde o Danilo Galinari ao MVP do Rising Star Jamal Murray. Também, não podemos esquecer da possibilidade do pivô estadunidense e o pivô sérvio jogarem juntos, com Jokic abrindo um pouco na ala-pivô (mesmo que um pouco arriscada pelas qualidades um tanto quanto próximas dos dois).

Enfim, a troca rendeu bastante texto. Foi uma transação interessante e que serviu para suprir falhas focais das duas equipes em suas rotações, bem como fortalecer as segundas unidades, ambos já fizeram jogos razoáveis por seus novos times, e a expectativa é que se encaixem bem em seus novos papeis. Talvez o mais preocupante ao Denver seja precisar renovar Plumlee, já que seu contrato encerra esse ano, mas nada que agrave a situação geral do time!

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