NBA — Semana 25: Redenções e surpresas nos playoffs

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
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4 min readApr 23, 2017

Com alguns jogos inesperadamente disputados e lideranças imprevisíveis, a primeira rodada dos playoffs pode encaminhar alguma(s) zebras

Rajon Rondo, sempre imprevisível, foi importantíssimo na constituição da liderança do Chicago Bulls (Ilustração: Felipe Haguehara/Buzzer Beater)

Algumas disputas da pós-temporada da NBA já aparentam encaminhados para definições. Os atuais campeões e vice-campeões, Cleveland Cavaliers e Golden State Warriors, têm varridas encaminhadas. Do lado azul e dourado atuações massivas dominando o Portland Trail Blazzers, foram apenas 2 jogos, e os seguintes serão em Portland, porém Steve Kerr e seus comandados não mostraram dar muitas brechas (até JaVale McGee fez jogão!). No time de Tyronn Lue, LeBron James mostrou estar em seu modo tanque de guerra, e eliminou um déficit de 26 pontos no jogo 3 contra o Indiana Pacers, e pelo jeito não dará sorte ao azar.

Se em algumas partidas vemos disputas acirradas já esperadas e outras que já se esperava alguma dominância, temos dois jogos que pegaram de jeito quem esperava mais incisividade dos time melhores posicionados na temporada regular. Um deles é o jogo entre o o 1º e o 8º colocado da conferência Leste, Boston Celtics e Chicago Bulls, respectivamente . O outro é entre o vice-campeão da conferência Leste nos playoffs do ano passado contra uma das equipes mais promissoras da liga, o Toronto Raptors contra o Milwaukee Bucks, 3º e 6º colocado em 2016/17.

Boston vs Chicago

O Boston teve uma temporada regular iluminada. Boa o bastante para desbancar o Cavaliers do trono da conferência e ir aos playoffs com o privilégio de ser a 1ª seed. Ancorado num time muito bem ofensivamente, num ritmo moderado e bastante movimentação de bola até que ela chegue em um homem livre, Brad Stevens conseguiu construir um time produtivo.

O Boston tem o sétimo melhor desempenho em Defensive Rating, ou seja, o número de pontos feitos em 100 posses de bola, com 111.2. Isso junto com o 2º melhor Assist %, que mede a porcentagem de assistências que um time faz em seus jogos, em relação aos adversários, com 65.3%, atrás apenas do Golden State Warriors.

Outro ponto fundamental em Boston é o óbvio. A especialidade do time que é a qualidade ofensiva só consegue ser positiva quando o pequeno demônio verde, Isaiah Thomas está no top de sua condição. Ele normalmente participa de 34% das jogadas da equipe quando está em quadra, 6º maior índice da NBA, e foi o terceiro maior cestinha de toda a liga, com expressivos 28.9 pontos por jogo. O peso de quando Isaiah não está em quadra é notável, o número de pontos da equipe cai de 116.7 para pífios 102.3.

Dada a importância do armador de 1,75m para o Celtics, um mal momento de sua vida ou carreira poderia balançar a performance do time, certo? Pois foi isso que aconteceu! Logo na véspera da partida de abertura, Isaiah recebeu a notícia de que sua irmã mais nova, Chyna Thomas, faleceu em um acidente de carro. O jogador estava visivelmente afetado no pré-jogo. Assim, os celtas desandaram, perderam suas duas partidas em casa.

Mas e o Bulls, só contou com a desgraça alheia? Naturalmente, que não! O time começou com um reforço que já estava na equipe desde o início da temporada e resolveu dar um flashback nas nossas memórias de seus tempos na equipe anterior. Rajon Rondo foi sólido na partida de abertura, e excepcional na segunda, beirando um triplo-duplo, fazendo 11 pontos, 14 assistências e 9 rebotes, além de ter roubado 5 bolas. Assim um Chicago que tinha apenas a 20º marca da liga em pontos a cada 100 posses, é até aqui, pelo menos, melhor do que o Boston, fazendo 108.6.

Porém o armador do Bulls vai ficar um tempo de molho, por umas duas semanas, machucou o dedo. E sem dúvidas vai fazer muita falta no time titular.

Toronto vs Milwaukee

Que série meus amigos! O jogo 4 aconteceu hoje mais cedo, série empatada em 2 a 2, cada time venceu uma dentro e uma fora de casa. Dois times que jogam com poucas posses. Um que depende bastante de ISOs de DeMar DeRozan para produzir. O outro, um dos times que mais distribui a bola, com uma máquina absurda de 2,20 de envergadura liderando a equipe em pontos, rebotes, assistências, roubos de bola e tocos.

Por mas excitantes e promissores que Giannis Antetokounmpo & Cia sejam, era difícil esperar que fizessem frente ao terceiro colocado da conferência, empatado em número de vitórias com o Cleveland Cavaliers. Porém, veio a prova de que os playoffs pode muitas vezes ser um recomeço, e principalmente, um campeonato inteiramente diferente.

Não que eu veja o Bucks passando de fase, ainda aposto nos dinossauros, porém não mais com a mesma certeza que tinha antes. Os 6ºs colocados do Leste, que tinham apenas o 19º melhor índice em pontos permitidos por 110 posses, com 109.3, evoluiu consideravelmente sua defesa, para apenas 96.7 a cada 100 posses. Segundo melhor nos playoffs e algo que os deixaria de folga na liderança da temporada regular.

Com apenas 96.7 pontos por 100 posses, o time que antes fazia 112.3, 6º melhor da temporada regular, agora amarga a segunda pior marca da NBA nos playoffs, à frente apenas do Trail Blazzer, que até agora só foi doutrinado pelo Warriors. Muito disso passa pela eficiência do Bucks em segurar seu principal pontuador, DeRozan. O ala-armador que tinha cerca de 27 pontos por jogo, está fazendo 19.3 na pós-temporada. Se antes ele produzia 113 pontos a cada 100 posses, na série ele mantém 97 por 100 posses. Inclua nisso os lastimáveis 8 pontos que ele fez no jogo 3.

A culpa, obviamente, não é só de DeRozan. Lowry que é a segunda opção de pontuação da equipe vai pior ainda, caiu de 123 pontos produzidos por 100 posses para 95. Ou seja, caso o Milwaukee consiga limitar as estrelas adversárias, como fez bem em duas oportunidades, o Raptors corre sério risco de cair fora.

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