NBA — Semana 29: Como os prêmios da temporada afetaram Utah Jazz e Indiana Pacers?

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
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5 min readMay 24, 2017

As conquistas individuais podem mudar o rumo de algumas franquias

Gordon Hayward e Paul George podem acabar em novas casas na próxima temporada (Foto: Keith Allison/Flickr e Divulgação/USAToday)

A NBA passa por um período interessante de mudanças. Podemos apontar vários aspectos que vão desde as questões de quadra como as evoluções táticas e técnicas que se destaca no jogo, até as questões comerciais e de marketing. O antigo comissário David Stern sempre tomou medidas visando uma determinada imagem global da liga, muitas delas polêmicas como o Dress Code (do qual falamos aqui). Porém, à bem da verdade, nunca apostas muito drásticas nos modelos de comportamento na mídia. Com Adam Silver as coisas têm tomado alguns rumos diferentes e interessantes. Não é o caso de idolatrá-lo como um messias progressista e prafrentex, mas algumas de suas medidas até aqui parecem pontos imensamente positivos.

Dia 19 de Maio foram anunciados os finalistas dos prêmios individuais da temporada, com os três nomes concorrentes aos determinados prêmios. Diferentemente dos anos anteriores, nos quais os ganhadores desses prêmios eram revelados durante a pós-temporada, a partir de 2017 as premiações serão entregues num grande evento transmitido pela TNT. O da temporada atual irá ao ar no dia 26 de Junho, e será apresentado pelo rapper Drake, carimbo marcado nos jogos do Toronto Raptors.

Além disso, no dia anterior, 18 de Maio, foram revelados os Times Ideais da Liga, ou, os All-NBA Teams. Entre umas e outras discordâncias que jornalistas e público em geral tiveram, nada tão absurdo ocorreu:

Enquanto alguns podem crer que todo esse “auê” não significa nada mais que condecorações individuais e no máximo acréscimo de valor de mercado e marketing a esses jogadores. Hão, sim, perdedores, tanto jogadores, quanto franquias.

O destino de Paul George e Gordon Hayward

Para quem não sabe, entrar em um All-NBA Team, num All-Star, ou receber os prêmios de Defensive Player of the Year (DPOY) e Most Valuable Player (MVP), podem significar um grande aumento no salário que o atleta pode receber. E não é uma adição simples de valor pessoal do tipo: “Ele é o melhor do time, logicamente irá receber um baita salário quando renovar”.

Como bem sabemos a NBA tem uma série de restrições relacionadas ao Salary Cap, ou o Teto Salarial, um limite máximo na folha de pagamento do elenco que todas as franquias precisam seguir, caso contrário pagam taxas extras e multas. Nada que incomode muito os milionários da liga norte-americana, afinal a maioria das equipes opera além do Cap.

Dentro desse aspecto existem as restrições salariais. Os jogadores têm um mínimo e um máximo que podem receber, sempre de acordo com o Salary Cap da temporada, tudo isso está bem especificado no Collective Bargaining Agreement. O CBA, como é popularmente conhecido, é um acordo entre liga (comissário e donos de franquias) e associação de atletas. Quando sua validade expira e não há nenhum acordo com antes entre as duas partes, pode esperar que terá uma greve na NBA, como aconteceu em 2011! Porém, dessa vez o novo acordo foi fechado, então, PAZ!

O salário máximo que um jogador pode receber depende também de seu tempo de carreira na NBA, como vocês podem perceber na tabela, referente aos salários da atual temporada:

Existem, porém, várias exceções, e é uma delas que motivou esse texto sobre Paul George e Gordon Hayward. Como um incentivo para que as estrelas das franquias continuem em seus times, há uma alternativa para que eles assinem renovações por bem mais dinheiro do que outras equipes poderiam oferecer, algo que é chamado de Designated Veteran Player Extensions.

Dentro desse aspecto há uma nova regra que passou no novo CBA. Nela atletas que estão em seu 8º ou 9º ano de liga, pode qualificar para receber o salário máximo de veterano, 35% do Cap, na off-season caso se enquadre em qualquer um dos seguintes critérios:

  • Entrar para algum dos All-NBA Teams na temporada imediatamente anterior a da renovação, ou em duas das três temporadas precedentes;
  • Ser nomeado o Defensive Player of the Year na temporada imediatamente anterior a da renovação, ou em duas das três anteriores;
  • Ser nomeado MVP em alguma das três temporadas anteriores a da renovação;

Ou seja, o que significou para Gordon Hayward e Paul George, ficar fora dos times ideais? Isso mesmo, eles perderam a oportunidade de conseguir renovações que no total somariam mais de 200 milhões de dólares para cada.

Vamos aos casos, ambos na verdade estão em seus 7ºs anos de liga, o 8º seria o próximo, mas cada um tem sua particularidade.

Gordon Hayward será agente-livre em 2017, um dos mais concorridos por sinal, visto seu papel de jogo para o time, o Boston Celtics é um dos grandes interessados para montar um supertime capaz de bater de frente sem dúvidas com o Cleveland Cavaliers na conferência. O ala do Utah Jazz até poderia exercer sua Player Option, continuar na franquia em busca de alguma das premiações e consequentemente nesse incrível aumento. Mas, convenhamos, essa seria uma estratégia arriscada, ainda mais que nessa situação, o Celtics tem o atrativo de poder realmente vencer a conferência com sua chegada. De qualquer maneira, Hayward é um queridinho em Utah, e há opções contornáveis, visto a excelente temporada do time e o crescimento de Gobert num companheiro de time confiável, a situação não é tão terrível quanto ao outro time.

Indiana Pacers e Paul George não vivem lá suas melhores primaveras e se veem num rolo bem maior que Utah Jazz e Gordon Hayward. PG13 só será agente-livre em 2018, teoricamente, ele ainda conseguiria uma chance de entrar em um dos times ideais e ganhar a super renovação. Porém, novamente é uma alternativa arriscada para ambos, mas principalmente para a franquia!

George tem dois grandes interessados: Boston Celtics, que buscará uma estrela entre free-agency e trocas para 2017–18; Los Angeles Lakers, time da cidade natal dele e o qual ele já declarou interesse em defender as cores algum dia. Sim, o Pacers pode sim oferecer mais dinheiro que qualquer outra franquia mesmo assim, o máximo que podem oferecer é um contrato de 177 milhões em 4 anos (30 milhões a menos do que poderia oferecer na situação ideal), enquanto o Lakers, por exemplo, pode oferecer 130 milhões por 4 anos. Ou seja, a diferença nas ofertas, que poderia ser de 77 milhões, caiu para 47 milhões. Valor contornável caso PG queira voltar para sua cidade natal, ou participar de um supertime ainda na mesma conferência, hein!

Por isso, muitos sites e especialistas apontam na grande possibilidade de que ele seja trocado, talvez ainda na off-season. E os times anteriormente citados ainda aparecem como os principais interessados na troca. Celtics tem ótimos valores de troca, tanto em jogadores, como em picks (1ª escolha geral no draft de 2017). Enquanto Lakers têm picks interessantes, da mesma maneira, e vários atletas jovens que poderiam interessar!

Nada é 100%. Não há como prever que essas mudanças acontecerão, porém dadas as situações e o alvoroço na mídia é bem provável que algum desses dois jogadores troque de time. Com a primeira cerimônia de recebimento dos prêmios individuais e esses impasses contratuais, a off-season tem tudo pra ser movimentada!

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