NBA — Semana 8: O que acontece em Indiana?

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
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4 min readDec 17, 2016

Mesmo com um elenco muito sólido montado, o time do Leste não consegue regularidade

Paul George vem tendo uma temporada bastante aquém do que se esperava (Mark Runyon & Erik Drost/Flickr)

Antes de começar o texto aqui vai um relato sincero. A ideia era escrever sobre o interessantes time do Toronto Raptors, avaliar a atuação dos brazucas na temporada e ver em números o poder da dupla Kyle Lowry e DeMar DeRozan. Mas como já dissemos, o Buzzer Beater é, possivelmente, o meio mais pé-frio sobre basquete, agouramos até quando a ideia ainda está na cabeça, e depois da derrota dos canadenses optei por algo mais frio.

O que rola nesse Indiana Pacers, o time foi um dos mais ativos no mercado de intertemporada. “Roubou” jogadores importantes de outras equipes, montou um entorno muito saudável para Paul George, bem como um banco sólido. A escolha contestável de Nate McMillan parece estar saindo pela culatra. Bora então pensar um pouco nos aspectos desse time cheio de talento mas muito inconstante.

Fator Paul George

Podemos começar pelo mais simples. A estrela do time, o homem que era cotado para ser uma superestrela da liga ao patamar de caras como LeBron James e Kevin Durant. Antes de qualquer confusão, já adianto, a responsabilidade pelo insucesso não é de PG, mas seu desempenho aquém, como estrela desse time é um grande fator pra essa oscilação da equipe

Obviamente que ele não deixou de ser uma estrela, um grande jogador ou o franchise player do Pacers. Mas seu nível de produção está muito abaixo do que se esperava. “Oras, mas e a lesão, a fratura seríssima que o deixou muito tempo de molho?”, essa poderia até ser uma justificativa plausível, caso ele mesmo não tivesse provado que está muito bem fisicamente, o bastante para contribuir estatisticamente com o time nos níveis de um All-Star.

Estrela o cara tem, só está faltando provar na temporada atual

Ele não está tendo lá uma temporada horrível, tem 21.6 pontos, 7 rebotes e 1.9 roubos de bola por partida. São números até interessantes, e seriam mais efetivos caso houvesse algum outro companheiro que dividisse uma marca semelhante em pontos. Porém, isolado, esses não são os números de uma superestrela e o colocam abaixo de caras como Giannis Antetokounmpo numa corrida por prêmios.

Um dos problemas está na distribuição desses pontos, PG-13 tende a fazer a maior parte de suas boas atuações no primeiro e terceiro quarto, quando tem 6.6 e 6.3 pontos em cada partida, respectivamente; o que não é ruim, mas novamente, o coloca abaixo de forças reais carregando seus respectivos times. Há uma queda de rendimento nos últimos quartos, para 5.7 pontos por partida, porém o mais preocupante são seus segundos quartos, dos quais ele praticamente some; mesmo passando cerca de 7 minutos em quadra nesses períodos ele tem uma média de 3.7 pontos, menor que o reserva C.J. Miles.

Além disso, agrava-se pelo seu desempenho ofensivo e defensivo não tão expressivos nessa temporada. Seu Offensive Rating (pontos a cada 100 posses) é bem baixo, 106.3, e seu Defensive Rating (pontos permitidos a cada 100 posses), não é tão bom também, 104. Esses números são até mais críticos se avaliarmos os 35.5 minutos que ele costuma passar em quadra. Em suma é muito pouca produção para tanto tempo em quadra.

McMillan?

Tudo isso aí acima, quanto a queda de produtividade de Paul George, e a sobrecarga em caras como Jeff Teague, Myles Turner e Thaddeus Young para desempenhar os entornos de sua estrela pode ser muito bem atribuído ao treinador.

Como disse nos dois primeiros parágrafos do intertítulo anterior George ainda é uma estrela e se bem aproveitado estaria brigando facilmente por prêmios de temporada. Porém, estamos vendo a faca de dois gumes que foi a escolha do presidente de operações Larry Bird e, principalmente, a escolha do treinador.

Nate McMillan fez um bom trabalho à frente de seu Portland Jail-Blazzers, mas isso está no passado. A ideia foi trazer alguém mais preocupado com o ofensivoque o anterior, Frank Vogel. Porém ao invés de trazer alguém que conseguisse explicitar a capacidade de um time enérgico e atlético como esse, trouxeram McMillan, um cara que apesar de priorizar a defesa tem um modelo bem quadrado de plano tático e faz seu time jogar num ritmo bem menos expressivo, diminuindo inclusive suas posses por 48 minutos, o chamado Pace.

Nessa temporada o Indiana até tem uma pontuação razoável nesse quesito, o Pace é de 97.8, o 11º da liga. Porém, isso não se converte em efetividade no ataque, são 104.9 de Offensive Rating, o 21º em toda a liga. Isso se dá por conta do não ajuste de filosofia de treino e aplicação tática com as peças em mãos. O elenco é montado para uma estratégia com alta volumagem de chutes e não é assim que Nate trabalha. Bem como os jogadores não vão mudar suas características da noite pro dia para se adequar.

Há também um outro fator crucial. Paul George não pode ser o cara que terá menos posses num time titular. Ele é o que tem menos posses a cada 48 minutos entre os 5 inicias, com 100.6. Ou seja, a ideia do treinador é de um jogo de ampla movimentação e jogo off-the-ball quando o time está posicionado no ataque, algo que não serve a um definidor como PG-13.

Enfim, ainda temos uma grande parte da temporada pra correr, mal chegamos em 25% de seu decorrer. A questão é caso Indiana não se acerte e engate uma boa sequência de resultados pode ficar em situação perigosa. Na maneira que se desenham as classificações da Conferência Leste, ficar no entorno das 50% de vitórias pode significar ficar fora de playoffs. Ainda que pelo time montado, eu acredite numa pós-temporada hão coisas que precisam muito bem serem revisadas.

Dados: ESPN, Basketball-Reference e RealGM

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