NBB — Semana 19: Macaé na busca da última vaga dos playoffs

Felipe Haguehara
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4 min readMar 26, 2017

O baixinho norte-americano é uma das grandes forças ofensivas dessa temporada

Ilustração: Felipe Haguehara/Buzzer Beater

O campeonato nacional está chegando na reta final de sua classificação. Faltam apenas 2 jogos a serem disputados pela maioria das equipes (exceto Vasco e Caxias do Sul, que resta apenas um). A quantidade parece pouca, mas ainda é o bastante pra manter o campeonato disputado, 11 das vagas para a pós-temporada estão garantidas, porém ainda há as últimas vagas do G-4 e a cobiçadíssima 12ª posição.

Aqui falarei justamente desse último posto para a fase seguinte. É até verdade que teria mais apelo destacar a briga entre Bauru e Franca para tascar a 4ª posição, mas por não darmos a atenção necessária para as equipes fora dos holofotes, faz-se necessário deixar um pouco de lado essas equipes, já com bastante mídia, e ver o que acontece lá na parte debaixo da tabela.

Macaé ainda firme na briga

O objeto dessa análise é a Associação Macaé de Basquete. A equipe está na sua quarta participação no NBB, sendo que apenas na temporada 2014–15, sua segunda temporada, foi aos playoffs. A situação atual não é fácil e depende bastante de resultados tantos seus quanto alheios, mas a esperança ainda é vívida.

Atualmente três equipes disputam essa última vaga, Minas (que por enquanto é quem está levando), com 33 pontos, e Macaé e Liga Sorocabana com 32 pontos ambos. Lembrete: no NBB vitórias valem 2 pontos e derrotas valem 1 um ponto. Sabendo disso, para que a equipe carioca consiga roubar a vaga eles, além de ganhar suas duas partidas, precisariam que os mineiros perdessem suas duas. “Oras, mas se o Minas vencer uma e perder a outra, e o Macaé ganhar as duas eles ficam empatados em pontos!”; bem, nesse cenário hipotético, eles realmente empatariam, mas o primeiro critério de desempate é o confronto direto, e por enquanto o Macaé não está muito bem nisso.

Por enquanto… Na primeira partida os adversários é quem se saíram bem, mataram o jogo por 86 a 78. Aí que vem a parte interessante dessa peleja, o último jogo dessas duas equipes é entre si. Pois é, se a combinação de resultados for favorável, espere por um baita jogo entre as duas equipes no Dia da Mentira, 1º de Abril. Detalhe: Vais ser na casa do Macaé!

Por que o torcedor macaense ainda deve acreditar?

As chances estão bastante à favor do Minas, na verdade. Exceto pela possível digladiação citada acima, há grandes chances do torcedor macaense se frustrar. Uma delas é o próximo adversário, um Brasília querendo deixar sua vaga no G-4 garantidíssima! Porém, esse jogo também é em casa, ou seja, sangue nos olhos sem torcida alheia lotando ginásio.

Agora, o principal fator que deve alimentar a expectativa são os momentos um pouco distintos dos protagonistas dessa briga de baixo. Enquanto o Minas não vence há 7 jogos, o recorde do Macaé nesse mesmo espaço é de 50%, 3 vitórias e 4 derrotas. Nesse período foram 75 pontos por jogo, contra 79.7 sofridos, um balanço até bizarro, mas que se explica pela falta de proficiência de outros jogadores na parte ofensiva, que não Kendall Anthony. Mas se o problema é a diferença entre pontos feitos e sofridos, os mineiros estão ainda pior, são 80 pontos feitos para 91.2 sofridos.

Falando em Kendall Anthony, que baixinho monstruoso, hein! Aos 24 anos, o norte-americano está em sua primeira temporada no NBB, depois de ter passado pelo basquete tcheco, e parece que isso pesou? Imagina! O cara é simplesmente o maior pontuador desta edição do campeonato nacional até aqui, com 19.8 pontos.

E, particularmente, vê-lo jogando é um show à parte. Durante a cobertura do Buzzer Beater no Jogo das Estrelas do NBB foi possível ver de perto como aquele armado de 1,73m era capaz de pontuar tanto. Acredito que não tenham jogadores tão rápidos quanto ele hoje na liga nacional, e isso se junta a uma agilidade e habilidade para driblar com a bola sensacional, afinal, com essa altura, um diferencial era esperado.

A adaptação ao ritmo brasileiro foi rápida, e se o Macaé Basquete corre risco de não ir à pós-temporada, ele é o último dos culpados! Além dos pontos, ele é o 2º, empatado com Alexey e Arthur Pecos, em assistências, com 5.5 por partida e é um notável roubador de bolas, com 1.0 por partida.

Engana-se quem acha que para driblar a altura Anthony resolve com chutes de longa distância. Ele é o jogador que mais arrisca bolas de 2 pontos, e o segundo que mais converte. Esse é o jogo que o baixinho nutre desde seus anos de college, quando em seus dois últimos anos arrebentou com médias de 15.9 pontos, no penúltimo, e 16.4, no último.

E se o Macaé precisa desse monstro em boa forma para essas duas partidas finais, então não há preocupação, afinal ele está melhor do que nunca. Nas últimas 10 partidas o número de pontos a cada 100 posses de bola, o offensive rating, do cara é de 121. Esse número é semelhante ao de Kawhi Leonard na atual temporada. Por isso, mantenham vivas as esperanças torcedores macaenses, e fé em Anthony!

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