Orlando Magic — Guia NBA 2017/2018

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
Published in
6 min readSep 16, 2017

O time precisa de uma evolução milagrosa de seus jovens para avançar nas estatísticas

O Orlando Magic faz parte de um grupo de franquias mais novas na NBA, fundadas a partir de 1989. Desde então existe o Miami Heat, que alcançou um sucesso absoluto, e algumas franquias que apesar de montar alguns bons times não conseguiram adicionar anéis de campeão.

A franquia jogou sua primeira temporada em 1990, na verdade. De lá para cá montou times interessantíssimos, que vão da dupla Penny Hardaway e Shaquille O’Neal, ao sólido elenco com Rafer Alston, Hedo Turkoglu e Dwight Howard, em grande fase.

Hoje o panorama é diferente. Com muitas peças jovens no histórico recente que não vingaram, Elfrid Payton e Victor Oladipo são exemplos, a experança é que alguém desponte para levar a equipe de volta aos playoffs.

Como foi temporada passada?

Já havia certa desconfiança em como o time chegaria para 2016/17. Justamente pela questão da estagnação de seus jovens. Somava o fato do time estar um pouco na contramão da valorização dos arremessos de três que a liga pede já há algum tempo, pois seus principais jogadores não eram exatamente excelentes chutadores de longa distância.

Porém alguns fatos animavam. Um deles era a possibilidade de Nikola Vucevic virar um stretch-big — jogador de garrafão capaz de chutar do perímetro. Porém ele falhou em dar esse último passo para trás, chutando apenas uma bola de três por partida, com aproveitamento de 30.7%.

A concorrência no garrafão também não ajudou. Chegaram Bismack Biyombo para distribuir tocos e Serge Ibaka para assumir um protagonismo ao qual ele não estava acostumado no Oklahoma City Thunder.

Biz, pouco conseguiu se firmar, também, na competição pela titularidade. Continuou como uma boa opção defensiva a partir do banco de reservas, semelhante ao seu papel no Toronto Raptors, com o adendo de um salário inflado da Free Agency de 2016.

Ibaka também não foi o protagonista esperado. Os 15.1 pontos por partida, 6.8 rebotes, 1.6 tocos, 38.% de aproveitamento nos arremessos de três pontos, seriam ótimos, caso ao seu lado estivesse um verdadeiro Franchise Player. Logo o time viu que o casamento não daria certo e após 56 partidas o mandou para o Raptors.

A maior esperança, de fato, era a perspectiva de evolução de Aaron Gordon. O desempenho no torneio de enterradas da temporada anterior lhe atribuiu mídia o bastante para criar expectativas sobre o que mais ele poderia fazer. O hype criado porém foi um tanto quanto danoso para a imagem dele.

Em sua terceira temporada, ele melhorou sua pontuação sim. Passou de 9.2 pontos para 12.7. Porém o resto de suas estatísticas caiu. E isso não foi nenhum demérito necessariamente pessoal. Com o inflado garrafão que citei acima, a mando da própria diretoria, Frank Vogel o tirou da posição 4 e começou a utilizá-lo como um ala. Na nova posição ele pouco conseguiu aproveitar seu atleticismo que o permitia cobrir rebotes e cravar putbacks nas costas de adversários maiores. Além disso exigiu mais chutes de perímetro, 1.5 a mais por partida em relação à temporada anterior, algo que nunca foi sua zona de conforto.

Aos 22 anos, completados na redação deste texto, ainda há muito espaço para evoluir. A baixa na exposição que teve pós-All-Star Game pode beneficiá-lo nesse crescimento.

O resultado das contratações desequilibradas foram apenas 29 vitórias, terceira pior campanha no Leste e a sétima pior campanha da história da franquia

O que mudou?

Habemus coerência. O time pagou por apostar em Ibaka como uma referência ofensiva. Evan Fournier foi o cestinha do time na temporada; ele é um bom jogador, mas se Fournier é quem está comandando seu ataque, mudanças precisam ser feitas.

O Magic não foi ambicioso ou megalomaníaco em suas mudanças. Nas contratações foi atrás de jogadores que possivelmente gostariam de papeis maiores em um elenco, mas que não necessariamente seriam um jogador símbolo da franquia.

Nessa premissa, veio o eficiente Jonathon Simmons, ex-San Antonio Spurs e uma das melhores histórias de Cinderela da liga, e Aaron Afflalo, como um especialista de longa distância que volta ao time pelo qual jogou entre 2012 e 2014.

Essencialmente as peças jovens de mais valor foram mantidas. Gordon, Payton e Mario Hezonja terão mais chances de mostrar que podem ser valiosos à franquia. Foi ainda adicionado um ótimo candidato a steal do draft de 2017, Jonathan Isaac, uma ala de 2,11m de altura que pode muito bem alternar funções com Gordon.

Jogador destaque

O Magic não tem um jogador de destaque absoluto. Baseado no desempenho recente e no tempo de clube, a função seria dividida por Vucevic e Fournier. Porém, a presença de determinado jogador na mídia pesa bastante, por isso a cara da franquia hoje, o rostinho singelo vendido como o futuro é, sem sombras de dúvidas, Aaron Gordon.

É praticamente impossível falar do time de Orlando sem pensar nas enterradas que o elevaram ao status que tem hoje.

Hão duas opções envolvendo a evolução do ala-pivô/ala. Uma é continuar contando com que ele acostume à nova posição, já que Isaac — pensando no futuro — pode jogar como um 4. A outra é relocá-lo de volta para sua posição original e fazer testes mais imediatos alternando o próprio Isaac e Terrence Ross.

De qualquer modo, não se deixe enganar pelo desempenho aquém da evolução pretendida, ele ainda tem 21 anos. Se desenvolver um arremesso mais consistente será uma ameaça constante.

Potencial revelação

É bizarro considerar alguém que foi escolhido na 6ª posição do draft como um potencial steal, mas digo isso baseado na avaliação que alguns scouts fizeram. Jonathan Isaac não tinha a pompa que Markelle Fultz, Lonzo Ball, Jayson Tatum e Josh Jackson construíram.

Mas, o aspecto físico, altura sobrecomum para a posição aliado ao atleticismo que poucos possuem, fez muitos o verem como alguém que se treinado da maneira correta pode ser o jogador de mais sucesso da classe. Alguns até tentaram lhe fazer comparações levianas a LeBron James — calma lá, né, 19 anos ainda o menino!

De qualquer maneira Isaac é um bom prospecto, e pode ajudar, no mínimo, na parte defensiva desde já. Afinal em sua única temporada em Florida State, uniu seus 11.9 pontos por jogo, com 7.8 rebotes, 1.1 roubos de bola e 1.5 tocos. Versátil e comprido, pedida muito bem-vinda na NBA.

Expectativa na temporada

Aaron Gordon declarou que levará, juntamente com o resto de seus companheiros, o Magic de volta aos playoffs, algo que a franquia não vê desde 2011/12.

Confiança é sempre algo bom de se ter, e a Conferência Leste não está no seu nível mais alto de estrelas também. No entanto, ainda não dá pra imaginar a franquia da Flórida com cacife pra encarar playoffs. O time corre sério risco de ser passado inclusive pelo Philadelphia 76ers, caso seus principais jogadores estejam saudáveis.

O enfraquecimento de franquias como Indiana Pacers e Atlanta Hawks podem ajudar vitórias acumularem de melhor maneira que antes. Mas, ficamos naquela: Isso só acontece, se algum dos jovens realmente toar a equipe para si, principalmente o senhor que está prometendo as coisas!

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