Prévia das quartas do NBB: Mogi x Vitória

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
Published in
7 min readApr 22, 2017

Confronto de defesas excelentes e ritmos diferentes no ataque

O armador Kenny Dawkins será uma das chaves para que o Vitória consiga embaçar para o eficiente Mogi (Jéssica Santana/Universo Vitória)

Sábado é um ótimo dia para se assistir basquete, não? Finais da LBF, playoffs da NBA, e, logicamente, os playoffs do NBB, hoje com duas partidas! A série em questão que será evidenciada nesse texto é entre baianos e paulistas. Mogi das Cruzes/Helbor Basquete e Universo\Vitória.

No confronto direto, o Mogi leva a vantagem, são duas vitórias na temporada regular, mas por placares bastante apertados. 75 a 72 em casa e 60 a 63 na Bahia. Apesar das derrotas o time de Régis Marrelli pareceu ter um casamento interessante no confronto contra a equipe de Guerrinha, com jogos marcados pela eficiência defensiva e sem permitir os placares de mais de 80 pontos que o Mogi está acostumado a ter. O Vitória, por sinal, é a equipe que permitiu a segunda pior marca de pontos numa partida dos adversários na fase de classificação, com os 63 pontos, ficando atrás apenas do Flamengo, que segurou o Mogi em 57 pontos em determinada ocasião.

O pivô do Mogi, Caio Torres tem certeza do quão complicado vai ser enfrentar o Vitória nos playoffs. “Já jogamos duas vezes. É um time muito bom, que tem jogadores de nomes fortes. Sabemos que lá não é nada fácil e é playoff. Este ano quase não teve jogo fácil e ainda mais agora nos playoffs serão jogos ainda mais difíceis”, disse o atleta por assessoria do clube.

Dito isso temos dois treinadores extremamente competentes e com experiência de finais de NBB, por outras equipes. Guerrinha pelo Bauru e Régis pelo São José. Régis, que aliás é velho conhecido de Mogi, onde foi treinador na época do Corinthians/Mogi, em 2005.

Série dependerá de como seus treinadores furarão as ótimas defesas adversárias (Antonio Penedo/Mogi-Helbor)

Um ponto interessante dessa série é que entram em quadra duas das melhores defesas do torneio. São as duas equipes que menos permitiram pontos por jogo até aqui. Sendo apenas 74.5 pontos sofridos pelo Vitória e 74.6 sofridos pelo Mogi. Além disso temos as duas equipes que mais roubaram bolas na temporada regular, 8.6 por jogo do Mogi e 7.8 do Vitória, empatados com Basquete Cearense. Somando os jogos dos playoffs, essa média do dos baianos sobe para 7.9. Ambos também são segundo e terceiro lugar em pontos permitidos a cada 100 posses, o que dá uma ideia ainda mais sólida do quanto à capacidade defensiva dessas equipes; sendo os rubro-negros os vice-líderes com 101.2 e os paulistas logo em seguida com 102.1, segundo o site The Real GM.

Outro segmento a se destacar antes de avaliá-los individualmente é sobre no que se culmina essas defesas. São ritmos opostos com volumes de chutes e transições diferentes. Enquanto o Vitória é uma equipe com ritmo mais rápido e intenso, fazendo uso de sua defesa para gerar posses, são 73.3 posses por 48 minutos, a quarta maior marca da liga. Enquanto o Mogi tem um ritmo de transição mais lento e confia a maior parte de suas posses num volume alto de chutes do perímetro, eles têm a 4º menor marca em posses por 48 minutos, 71.8

O lento e eficiente Mogi

Já pelos mogianos, vive o encantamento com a torcida. Tiveram um começo mais tardio em número de jogos no NBB, por conta da do Sul-americano (o qual ganharam), mas logo colocaram as cartas no lugar e se fixaram entre os melhores, alcançando o 2º lugar e a vantagem do 5º jogo e casa caso seja necessário. E o Ginásio Hugo Ramos lotado é um verdadeiro caldeirão nesses momentos!

Guerrinha sabe crescer seus times nos playoffs (Antonio Penedo/Mogi-Helbor)

Guerrinha mostra, desde seus tempos por Bauru, que seu negócio é volume ofensivo e principalmente chuvas de triplos caindo. Não é difícil achar bons chutadores de três no Brasil, o treinador juntou vários deles e contou com treino e boas temporadas desses atletas no quesito para formar a segunda equipe mais eficiente da linha de três, com 36.1% de aproveitamento, atrás apenas de Brasília. O quão dependente desse fundamento é o Mogi? À nível de internação! Eles são facilmente a equipe que mais tenta bolas de três no torneio e também a que mais converte, 10.82 feitas em 29.9 tentadas.

E isso tem significação masiva no desempenho do sexto time que mais faz pontos no campeonato, com 81.2 por jogo. As bolas de dois pontos representam uma porcentagem bem menor de desse desempenho ofensivo, em comparação com o resto dos times do campeonato, com os paulistas sendo a equipe que menos tenta bolas de dois e a terceira que menos converte, porém ainda mantendo um bom aproveitamento no quesito, 17.14 feitas em 32.86 tentadas (52.17% de aproveitamento).

Eficiência do trio gringo do Mogi será chave para sucesso na série (Jéssica Santana/Universo Vitória)

A equipe titular é uma verdadeira seleção: Larry Taylor, Shamell, Jimmy, Tyrone e Caio Torres. Quatro deles tiveram médias maiores do que 10 pontos por jogo, sendo que Shamell foi o terceiro com mais pontos por jogo em toda a liga, 19.8, e Larry beirou os 10 pontos, 9.8. Some a isso que quatro deles estão entre os 15 melhores do torneio em pontos permitidos a cada 100 posses, ou seja uma defesa de primeira. E o único que não está é Jimmy, o quarto melhor da liga em Efficiency Differencial, que é o número de pontos feitos a cada 100 posses menos o número de pontos permitidos a cada 100 posses, basicamente, uma medida da capacidade de um jogador de contribuir em ambos ataque e defesa. Particularmente, vejo Jimmy junto a Olivinha e Alex Garcia, como o top 3 de jogadores two-way da liga, e um dos defensores de perímetro mais assustadores!

O defensivo e rápido Vitória

Os nordestinos ficaram em 7º lugar na fase de classificação e acabou de sair de uma série de 5 jogos contra o Campo Mourão. Mesmo depois de liderar a série das oitavas de final por 2 a 0, os adversários correram atrás e forçaram o exaustivo jogo 5. Os rubro-negros, por um bom tempo se mantiveram no G-4 durante a temporada regular, porém perderam força na reta final do torneio e caíram para a posição supracitada.

O time inteiro do Vitória é uma potência defensiva (Jéssica Santana/Universo Vitória)

O Vitória desafia o que se acreditava de um time tão experiente. O ritmo de jogo é intenso e a defesa ativa o bastante para forçar erros do adversário. Nenhum time do NBB tem tantos jogadores no top 30 dos que menos permitem pontos a cada 100 posses de bola, o vitória tem 7. E na mesma medida em que o adversário nas quartas pode se gabar por ter em Jimmy um dos mais eficiente no ataque e defesa combinados, o Vitória tem esse jogador em Edu Mariano, a diferença entre seus pontos convertidos a cada 100 posses, 120.2, e de pontos permitidos a cada 100 posses, 100.8, é 19.6, segunda melhor de toda a liga, atrás apenas de Olivinha.

Com um time experiente e capaz defensivamente, abre-se o jogo para Kenny Dawkins organizar as transições ofensivas. O armador norte-americano de 1,75m é um dos jogadores mais completos do campeonato. Foi décimo em pontos na temporada regular, 16.86; líder em bolas roubadas, 1.89; sétimo em assistências, 5.07; décimo quinto em bolas de três convertidas, 1.96; décimo quinto em bolas de 2 convertidas, 3.68; e décimo em aproveitamento nas bolas de 2, 58.52%.

Um dos baixinhos mais gigantes em quadra (Antonio Penedo/Mogi-Helbor)

Agora, contando as partidas dos playoffs, Dawkins até aumentou sua média de pontos, para 17.18 pontos por partida, demonstrando que playoffs e cansaço não diminuíram o ritmo da equipe. O treinador da equipe, Régis Marrelli, até pontuou o cansaço de uma série de 5 jogos como algo que possa atrapalhar, porém sem previsões, afinal ainda há o que observar na série.

“Na teoria nós estamos mais cansados, porque fizemos 5 jogos muito equilibrados, muito difíceis, e o time de Mogi está sem ritmo de jogo, você pode dizer que eles estão descansados mas estão sem ritmo de jogo. Mas nem sempre isso ocorre na prática, né! Vamos ver como se portam as equipes”, ponderou Marrelli.

Palpite: O NBB está equilibrado o bastante pra não colocar certeza em nada e sim tentar apostar no mais segura. Dada a temporada, o time titular e a vantagem em casa aposto no Mogi passando de fase, mas sem nenhuma facilidade, afinal o Vitória já provou saber jogar contra os paulistas!

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