Previa das quartas do NBB: Franca x Paulistano

Heitor Facini
buzzerbeaterbr
Published in
5 min readApr 22, 2017

As duas equipes mais jovens. O futuro do basquete nacional em quadra

Alexey x Georginho pode ser a disputa de uma vaga na seleção nos próximos anos (delima/dubem)

Dois times dominados pela Juventude no NBB se enfrentam na série. Nos times titulares de Franca e Paulistano, a média de idade é de 25,2 no primeiro e 24,2 no segundo. São os dois times que buscam o futuro do basquete nacional e é bem capaz que muitos deles estejam convocados na seleção nos próximos anos.

Durante o NBB foram 2 confrontos, com 2 vitórias francanas. No primeiro terminou 76 a 73 e no segundo terminou 78 a 71. Dois confrontos parelhos, bem disputados, com o que tem tudo para ser a série.

Nesse caso, apesar de serem jovens e cheio de folego, a equipe do Paulistano pode acabar tendo dificuldades por conta do cansaço. Isso porque vem de uma série de 5 jogos contra o basquete cearense disputadíssima, decidida principalmente na última bola. O Franca vem descansado por que ficou em terceiro lugar e não precisou jogar as oitavas de final.

Helinho e a juventude francana

A equipe de Franca tem como base de sua rotação jogadores jovens que são do seu time da LDB como João Pedro, Du Sommer e Antônio. Mas o grande destaque da equipe é Alexey, um dos melhores armadores do torneio. Com apenas 21 anos, ele já é o quarto entre os lideres em assistência por partida e ele distribui 39% dos passes para cesta da equipe de Franca por jogo. Mas, mesmo que as assistências estão em alta com Alexey, elas não compõe uma grande parte do jogo da equipe. Franca é a quinta equipe com menor porcentagem de pontos feitos através de assistências, com apenas 59.1%.

Alexey já assumiu o título de um dos principais armadores do NBB (Newton Nogueira/Franca Basquete)

A equipe, no geral, está na média quanto a posicionamento entre as melhores defesas e melhores ataques. É a oitava melhor defesa, com 106.1 pontos concedidos a cada 100 posses, e o sétimo melhor ataque, com 108.9 pontos a cada 100 posses. Isso faz a equipe ser muito equilibrada, sendo o sexto lugar em eficiencia, com 2.8.

Helinho é um dos principais responsáveis pela campanha de Franca (Newton Nogueira/Franca Basquete)

Mas o interessante de se analisar esses números positivos é que eles englobam o campeonato inteiro, periodo em que o Franca demorou um pouco para entrosar. Nesse ano o Franca jogou 17 jogos e venceu 14 deles. Nesse periodo é a segunda equipe que mais faz pontos, 82.63. Ou seja, evoluiu muito e vem numa crescente. Se fosse a segunda metade da temporada, Franca brigaria no topo pelo primeiro lugar. “Eu acho que o principal trunfo que a gente tem para vencer o Paulistano é a nossa defesa. Nós temos que tentar anular características ofensivas importantes que eles tem e a partir disso ditar o ritmo do jogo”, opinou Helinho, técnico do Franca.

O fôlego inesgotável do Paulistano

O Paulistano é uma das equipes mais badaladas de toda essa edição do NBB. Isso se deve muito a dois nomes: George de Paula e Lucas Dias. Os dois vieram do Pinheiros e se incorporaram a equipe nessa temporada. O primeiro cansou de responder entrevistas sobre a possibilidade de jogar a NBA no ano que vem. O segundo já se candidatou e tirou a candidatura do draft há duas temporadas, foi muito bem na LDB, foi muito bem ano passado. São duas possibilidades de futuro do basquete brasileiro. Dois jogadores altos, com boas envergaduras, que causam diversos mismatchs (são jogadores que naturalmente seriam de outras posições jogando com jogadores mais baixos) e extremamente habilidosos.

Georginho já está na mira da NBA (Ale da Costa/Portrait Imagens)

Georginho desde o início da temporada assumiu o comando do Paulistano e por isso atrai tantas atenções. Lucas Dias, pelo contrário, demorou no processo de adaptação do Paulistano. Mas isso não importa mais. Agora, nos playoffs, o ala-armador, ala, ala-pivô — sério, não dá para saber aonde ele joga já que ele se dá bem em todas essas posições — está mostrando serviço. Na série contra o basquete cearense ele saiu com 16 pontos de média e 6.8 rebotes. Ou seja, esqueça Lucas Dias não entrosado e não engrenado com o esquema do Paulistano, isso é passado.

A diferença é que o Paulistano não é só Georginho e Lucas Dias. É Arthur Pecos, é Jonathan, é Mogi e Hubner vindo do banco, é a defesa de proteção de aro de Renato. Com isso a equipe conseguiu um dos ataques mais positivos do NBB, em segundo lugar, com 112.5 pontos a cada 100 posses. “É uma equipe muito homogênea, com muitos jogadores de ótimo nivel técnico. Não é só um aspecto. Playoff qualquer jogador pode decidir qualquer jogo”, afirmou Helinho, técnico do Franca.

Lucas Dias demorou um pouco para engrenar esse ano (João Neto/LNB)

Isso tem muito a ver com a jovialidade da equipe e com o rítmo intenso que Gustavinho imprime com a equipe. É um ritmo muito frenetico que faz que o Paulistano recupere desvantagens muito rápidamente. “Ele [Gustavinho, o técnico] sempre nos disse que, por sermos jovens, teríamos muito a crescer durante o campeonato e que chegaríamos nos playoffs melhor ou igual do que alguns times”, afirmou Georginho, sobre a evolução da equipe. Mesmo com esse ataque frenético é a equipe com menor porcentagem de erros, com apenas 13.7%.

Palpite: São duas equipes jovens. O Franca se acertou no meio do campeonato. O Paulistano, aparentemente, nos playoffs. Mas, acho que o Franca tem uma vantagem pelo momento mais positivo que enfrentam.

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