SACRAMENTO KINGS — Guia NBA 2017/18

Heitor Facini
buzzerbeaterbr
Published in
6 min readSep 19, 2017

Aparentemente, o time de Vlade Divac está nos eixos? Eu nunca imaginei que diria isso, mas sim.

É irônico que seja Vlade Divac quem estava conduzindo o Sacramento Kings rumo a um lodo nos últimos anos. Ele, junto de caras como Predrag Stojaković, Mike Bibby, Chris Webber e Hedo Turkoglu, levou o time a uma final de conferência e há anos gloriosos.

A questão é que, desde que essa geração sumiu, o time não voltou aos playoffs e nem ao menos conseguiu um recorde positivo na temporada. A expectativa era de que melhorassem com Divac, mas ele parece completamente perdido até esse ano.

Mas por que até esse ano? Bom, aparentemente o rumo do time mudou com a ida de DeMarcus Cousins para o New Orleans Pelicans.

Como foi temporada passada?

O início da temporada do Sacramento Kings no ano passado foi como todo mundo imaginava: um time perdido em quadra que só brilhava se Cousins brilhava. Ele parecia uma ilha de talento no meio de tanto perna de pau.

Para começar, no draft do início do ano, eles trocaram a oitava escolha com o Phoenix Suns por outras 2 escolhas. Delas saíram Georgios Papagiannis e Skal Labissiere, que, em primeiro momento, não tiveram um impacto tão grande.

Mas, no meio da temporada o time mudou a chave de tentar construir um time minimamente decente ao redor de Demarcus Cousins, para um rebuild — que eles podem ter conseguido completar em meio ano?

Demarcus Cousins foi para o New Orleans Pelicans e o Sacramento Kings recebeu Buddy Hield, Tyreke Evans, Langston Galloway e a escolha do Pelicans de primeira rodada de 2017.

O Kings, assim, decidiu construir um novo time. Muitos tinham alguma dúvida se o time era ruim pois o elenco era ruim ou se Cousins desmotivou o elenco. Isso a gente só vai descobrir daqui uns anos.

No geral, a equipe antes da troca estava com 24 vitórias e 33 derrotas e depois ficou com 8 vitórias e 17 derrotas. Não piorou tanto, digamos assim. Apesar de ser apenas um rookie, Buddy Hield conseguiu mostrar algumas coisas interessantes quando se mudou para o Kings. Pelo time do Pelicans, conseguia obter média de 10.5 pontos e 3.3 rebotes. No Kings subiu para 15.1 pontos e 4.1 rebotes. É pouco, mas é uma melhora.

No fim, a equipe foi escalada com Darren Collison, Buddy Hield, Rudy Gay, Willie Cauley-Stein.

O que mudou?

O processo de reconstrução avançou. Mas não foi qualquer avanço, foi quase como Juscelino Kubitschek diria, foram 5 anos em 1 mês.

O Kings é conhecido por fazer escolhas de draft horríveis. Sabe o Portland Trail Blazers deixando passar Michael Jordan e Kevin Durant? Então, esse é o time de Sacramento todo ano. Mas, às vezes acontecem alguns milagres. E parece que o draft de 2017 foi um destes.

O time tinha chegado com a quinta escolha (havia conseguido a terceira, mas o Philadelphia tinha direito de trocar com o Kings) e a décima escolha por causa da troca que trouxe Buddy Hield.

Com a quinta escolha, pegaram De’Aaron Fox, armador atlético que foi muito bem na sua única temporada de college. Conseguiu excelentes 16.7 pontos, 3.9 rebotes e 4.6 assistências.

Já com a décima escolha, fizeram uma troca. Enviaram a escolha (que virou Zach Collins) para Portland e receberam a 15ª e 20ª escolha. A 15ª virou Justin Jackson, dito por muitos um dos jogadores mais prontos para a NBA. Em sua última temporada no college conseguiu 18.3 pontos e 4.7 rebotes por jogo. A 20ª virou Harry Giles. Harry é um caso peculiar. Tinha muita expectativa em torno de seu jogo quando entrou na universidade, sendo cotado como possível primeira escolha. Mas uma lesão freou todo esse ímpeto. Se superar a desconfiança pode virar um steal para o Kings.

Além destes, o time draftou ainda na 34ª posição Frank Mason III. Ele acabou figurando em diversas premiações como um dos melhores jogadores da NCAA. Suas médias chamam bastante atenção, com 20.9 pontos e 5.2 assistências.

Draft aparentemente excelente pra quem vinha tropeçando, não é? Melhora ainda se for analisar a offseason. O time conseguiu finalmente trazer para a NBA Bogdan Bogdanovic, da Sérvia. Ele é por muitos considerado o melhor jogador fora da NBA — a frente do badalado Milos Teodesic.

E, por fim veio a free agency. Que novamente o Kings conseguiu fazer bons negócios. O time já tinha um elenco jovem muito bom. Foram atrás de bons valores veteranos para compor essa equipe. Chegaram principalmente George Hill, Zach Randolph e Vince Carter.

Tudo isso com o comando de Dave Joerger, que sabe como lidar com jovens. O provável time para a temporada é George Hill (De’Aron Fox), Buddy Hield, Bogdan Bogdanovic, Zach Randolph e Willie Cauley-Stein, uma mudança tremenda da última temporada.

Jogador destaque

É bem difícil definir qual o jogador destaque do time. Em nível já alcançado com certeza seria George Hill, mas é difícil ver ele liderando a franquia no futuro. Os outros são muito jovens. Por potencial poderíamos colocar tanto Bogdanovic quanto Fox. Mas eu prefiro ir com quem está a um pouquinho mais de tempo na equipe: Buddy Hield.

Hield já se mostrou um excelente shooter (inclusive de distâncias mais longas do perímetro) nesse time do Kings. Ele pode ser uma das pedras fundamentais dessa franquia. Com seu desempenho na meia temporada que estava lá, Hield mostrou que estava sendo mal utilizado em New Orleans.

Potencial revelação

Aqui é bem difícil de opinar. Mesmo. Além de Hield, Skal Labissiere e Giorgios Papagianis tem 1 ano de liga. Caulley Stein tem 2.

Fox, Jackson, Mason, Bogdanovic e Giles não tem nenhum.

Pela possibilidade de mostrar serviço já nesta temporada e pelo teto de evolução, eu aposto em De’Aaron Fox. O armador atlético, levando em conta o histórico de lesões de George Hill, tem muita chance de ter bons minutos em quadra. Pela expectativa em torno dessa classe de armadores, ele pode muito bem acabar conseguindo um destaque.

Expectativa na temporada

O Kings é uma incógnita pra mim. Muitos o colocam como candidatos a ter a pior campanha da NBA, mas não estou tão certo disso. O time tem muitos bons valores, que, se corresponderem, podem elevar o nível da equipe.

De qualquer forma, a ambição é no longo prazo. Para essa temporada, eu colocaria eles entre 10 e 13º colocados na conferência. O futuro, entretanto, pode ser muito mais interessante que o momento atual.

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