Utah Jazz — Guia NBA 2017/18
Sem Gordon Hayward, uma grande virada no desempenho aguarda a franquia
Na temporada passada foi muito especial para a franquia. O Utah Jazz gozou de um elenco muito bem pensado em sua montagem, a evolução constante de suas peças mais importantes e um treinador em sincronia seus jogadores.
Assim, pela primeira vez desde 2012 o time foi aos playoffs, e da melhor maneira. Superando desconfiança e equipes com mais hype eles conquistaram a 5ª posição na complicada conferência Oeste, o 1º lugar em sua própria divisão e um recorde de mais de 50 vitórias — a última vez que haviam conseguido 50+ vitórias foi em 2009/10 com a dupla Deron Williams e Carlos Boozer comandando o show.
Entretanto, da mesma maneira que em uma temporada conseguiram uma virada de desempenho incrível, o mesmo pode acontecer em 2017/18. Só que para o lado negativo, o peso da saída de Gordon Hayward deve ser sentido imediatamente.
Como foi temporada passada?
Um bom desempenho em 2016/17 já era esperado, nós mesmos acreditávamos na equipe como um time de playoff. O que surpreendeu foi a efetividade do basquete proposto por Quin Snyder.
O modelo de transições mais lentas, com um volume de chutes menor e aproveitar ao máximo o tempo do shot clock parecia obsoleto com sucesso Das estratégias de Steve Kerr e Mike D’Antoni em evidência. Isso foi algo que comentei em um dos textos da temporada passada.
Mas o treinador do Jazz fez as coisas acontecerem. Aproveitou os frutos da evolução de seus jovens, deu sustância ao elenco com veteranos como Joe Johnson e Boris Diaw, e confiou num modelo de defesa intensa e polivalente, que se provou muito efetivo.
Ao mesmo tempo que o time possuía a terceira menor marca de pontos por jogo da liga, 100.7, eles também estabeleceram o menor número de pontos sofridos por jogo, 96.8.
Esses números podem dar a entender que a equipe era uma boa defesa com um lado ofensivo deficiente. E essa é a prova do quanto estatísticas tradicionais podem trair a verdade de um modelo de jogo. Como disse, o time de Snyder confiava na eficiência, a produção de pontos por posse estava no top 15 da liga, 109.6 pontos a cada 100 posses.
Os principais agentes desse jogo nós conhecemos já de temporadas anteriores. Gordon Hayward provou mais uma vez que é possível continuar evoluindo constantemente, mesmo em sua sétima temporada — foi a sexta seguida melhorando sua média de pontos em relação à anterior.
O ala é uma das estrelas mais subestimadas e sem mídia de toda a NBA, ironicamente aliado ao fato de ser um dos melhores all-rounders em atividade, o que lhe faltava era sustância de talento ao lado. Enquanto se confiava que esse papel em algum momento esse papel seria ocupado por Rodney Hood, mas veio Rudy Gobert e voltou a colocar os pivôs no radar do prêmio de melhor defensor.
O francês liderou a liga em tocos, com 2.6 por jogo, figurou no top 5 de reboteiros, com 12.8, e foi um perigo constante nos pick-and-rolls. Além de tudo em diversos momentos se provou ágil o bastante para marcar até alguns armadores. Todos esses fatores lhe garantiram a segunda posição na corrida pelo Melhor Jogador Defensivo.
O desempenho dessas duas estrelas, George Hill em sua melhor forma e os atores coadjuvantes fizeram o time quase ficar com o mando de quadra nos playoffs, perdendo apenas nos critérios de desempate para o Los Angeles Clippers — de qualquer maneira eles os venceram na primeira rodada, sendo varridos em seguida pelo Warriors.
O quinteto inicial que terminou a temporada era formado por George Hill, Rodney Hood, Gordon Hayward, Derrick Favors (Boris Diaw) e Rudy Gobert.
O que mudou?
O nome de mais destaque saiu. Só isso já seria o bastante para conferir uma grande virada no status da equipe. Mas o fortalecimento de todo o resto da conferência aumenta as consequências.
Gordon Hayward, assim como Paul George, perdeu a chance de assinar um supercontrato máximo com Utah ao ficar fora dos All-NBA Teams. Sem o diferencial da proposta financeira o atleta decidiu buscar maiores chances de suceder na pós-temporada se juntando ao Boston Celtics.
Os efeitos de acontecimentos semelhantes em outras franquias as colocaram em processo de reconstrução forçado. Esse não é o caso do Jazz. Mesmo sem sua principal estrela, ainda hão peças o bastante no elenco para colocar, mesmo que correndo um pouco por fora, na briga por uma possível vaga nos playoffs.
O motivo óbvio é que apesar das mudanças o pilar defensivo ainda está lá. Rudy Gobert vai mais um vez brigar por um melhor jogador defensor, e acredito que Snyder é inteligente o suficiente para não expor uma mudança brusca de responsabilidade no pivô de maneira a afetar seu desempenho.
O pivô é o talento estabelecido e reconhecido da equipe, o único com reais qualidades de All-Star no elenco, e será importante para uni-los na nova era pós-Hayward.
De resto, o elenco é cheio de jogadores com pontos de interrogação acima da cabeça e com muito a provar — e convenhamos, essa é a hora ideal para fazê-lo!
Rodney Hood vai precisar tomar conta da produção ofensiva da equipe e ele ainda tem potencial para tal, algo que inclusive o coloca na corrida por um prêmio de Jogador que Mais Evoluiu. Ricky Rubio foi outro que ganhhou mais uma chance de firmar expectativas antes lhe atribuídas, só que diferentemente de Hood pode perder muitos minutos se produzir mal e Dante Exum sair bem da segunda unidade.
A franquia, no entanto, fez o seu dever de casa no draft. Assegurou o excelente calouro Donovan Mitchell, que deu um show na Summer League. Caso o time busque um bom início de temporada, ele precisara ter minutos controlados, mas conforme se acostumar com o basquete da liga, certamente ganhará tempo de quadra.
Os outros rookies que chegaram enfrentam uma competição mais acirrada em suas posições. Nigel William-Goss deve passar mais tempo na G-League graças ao elenco recheado de guards. E Tony Bradley pode até conseguir alguns minutos, mas a posição de pivô já tem dono, e mesmo quando Gobert não estiver em quadra, Derrick Favors deve passar para a posição 5, bem como Ekpe Udoh saindo do banco.
O time que deve iniciar a temporada provavelmente será formado por Ricky Rubio, Rodney Hood, Joe Ingles, Derrick Favors e Rudy Gobert.
Jogador destaque
Gobert não é um jogador de 20 pontos por jogo, mas certamente é o jogador de potencial confirmado na equipe.
Em tempos de pivôs versáteis ofensivamente e com chutes o mais longe possível do garrafão, ele é uma raridade à la antiga e muito prazerosa de se ver jogar. Seu jogo ao redor do aro é muito bem polido e seu atleticismo notável para um cara de 2,13m acaba sendo um bullying contra defensores — e atacantes — menores.
Vai ser sem dúvidas mais uma temporada de duplo-duplo nas médias e não se surpreenda caso ele distribua ainda mais tocos na temporada 2017/18.
Potencial revelação
O Utah Jazz tem um grande número de jogadores com muito para provar, principalmente no backcourt. Caras como Alec Burks, Dante Exum e o próprio Rodney Hood poderiam se enquadrar na categoria.
Mas depois do que vi na Summer League prefiro apostar no calouro. A inconsistência dos demais citados pode garantir um aumento na minutagem de Donovan Mitchell no decorrer da temporada.
Estreou fazendo 37 pontos na derrota para o Memphis Grizzles, e nos 5 jogos totais dos torneios de verão fez médias de 20.4 pontos, 2.6 rebotes e incríveis 4.4 roubos de bola. Um teto de evolução fenomenal.
Expectativa na temporada
A competição no Oeste ficou ainda mais acirrada. Sem a segurança de uma potência ofensiva para carregar a produção de pontos da equipe o Jazz larga um atrás de times como Denver Nuggets, Portland Trail Blazzers e até do New Orleans Pelicans que devem disputar essas últimas seeds para playoffs.
Eu apostaria em num 2017/18 sem pós-temporada para a franquia. O que pode colocá-los na briga com essas outras equipes por uma das últimas vagas é o quanto Rodney Hood vai contribuir no ataque.