Transformando Dados em Aprendizados — Parte 3

Mauro Tavares
the product discovery
6 min readOct 10, 2020

Transformando a informação em conhecimento

Sobre a série

Este artigo é a terceira parte de uma série de 4 artigos em que falaremos, em algumas pílulas de conhecimento, um pouco sobre como um dado bruto de uma pesquisa pode se tornar um aprendizado compartilhável e aplicável na construção de produtos.

Parte 1 — Coletando os dados

Parte 2 — Transformando dados em informação

Parte 3 — Transformando informação em conhecimento (esta aqui que você está lendo)

Parte 4 — Compartilhando os aprendizados

Boa leitura 😉

“… Dados tornam-se informações, informações tornam-se conhecimento, conhecimentos tornam-se sabedoria …” — Neil deGrasse Tyson

Transformando a informação em conhecimento

Ok, já temos um conjunto de dados que podem transmitir informações, mas antes dos mesmos gerarem conhecimento, é necessário aplicá-los em algum lugar.

Nesta etapa, não podemos deixar de lado o objetivo da pesquisa, as hipóteses geradas e que estamos procurando uma resposta. Além disso, vale chamar a atenção para duas ações que sempre estiveram presentes no processo de pesquisa, mas que ainda não foram abordadas em nossa série. E quais são essas ações? Estamos falando da estratégia do produto e de negócios (estratégia do produto e a estratégia de negócio). Para tanto, é necessário ter clareza da estratégia da empresa, ou seja, precisamos saber onde a empresa quer investir seus recursos para desenvolver um produto que seja viável ao negócio. Se quiser saber mais sobre esse assunto fique de olho em nossas postagens que falaremos mais em breve.

Beleza, mas qual a relação disso tudo com a pesquisa?

Muito simples… Com a estratégia da empresa em mente, identificamos a estratégia do negócio e, por consequência, o que interessa a empresa e como o produto pode dar algum retorno. Assim, temos mais um balizador da pesquisa que é a aplicação correta dos resultados dentro dos produtos. Com isso o designer, ux researcher, pesquisador, ux designers ou seja lá o que quiser chamar, acaba tendo que desenvolver uma visão também de negócio e balancear com a visão do cliente, criando assim a capacidade de pegar a informação que a pesquisa resultou e transformar em um conhecimento direcionado e que pode ser compartilhado com a equipe, aplicar na construção ou em iterações do produto e posteriormente transformar isso em aprendizado para ser utilizado em outros lugares e por outras pessoas.

Pode ser que você faça tudo certo, olhe para os objetivos, tenha em mente as estratégias, saiba todas hipóteses e sua pesquisa não dê um resultado fantástico. Sim, isso pode acontecer. Quando fazemos pesquisa, normalmente queremos entender algo que não sabemos, aprender coisas novas ou ter uma certeza para aquilo que não temos tanta certeza. Entretanto, o resultado pode não ser a descoberta de um novo planeta, mas só a confirmação de que a terra é redonda (tudo bem que isso pode ser uma grande descoberta para alguns). E tudo bem quanto a isso, um conhecimento não deixa de ser um conhecimento por conta de sua magnitude. Sério, tá tudo bem mesmo.

Quando falamos que estamos extraindo algum conhecimento de uma pesquisa precisamos analisar os dados, cruzar as informações entre si e com outras fontes, olhar para a estratégia de negócio do nosso produto e repetir tudo isso muitas vezes. Mas isso por si só não ajuda muito, precisamos encontrar uma aplicação daquilo que observamos.

Se obtemos um conhecimento e não utilizamos, aquilo foi só mais uma informação no meio de diversas que vemos todos os dias. Por isso é necessário ter uma visão de que o resultado de uma pesquisa faz parte de um todo e trabalhar junto com o time para entender onde que o produto pode ser impactado com os resultados da pesquisa.

A forma de aplicação do conhecimento dependerá do momento em que o produto se encontra, podendo existir 3 grandes momentos:

  1. Início do Product Discovery

2. Desenvolvimento do Roadmap do produto

3. Product Delivery

Para conseguir extrair algum conhecimento de nossa pesquisa precisamos analisar os dados, cruzar as informações entre si, cruzar com outras fontes, olhar para a estratégia de negócio do nosso produto e repetir tudo isso muitas vezes. Só assim extraímos algo aplicável ao produto que possa direcionar sua construção ou melhorar o que já existe.

Existem algumas práticas que reforçam o embasamento correto do que realmente será aplicado ao desenvolvimento do produto. Uma delas é tentar evitar extrair informações rasas da pesquisa, pois isso pode ser como andar em um lago congelado, só que com apenas uma fina camada de gelo. O livro O Teste da Mãe: Como conversar com clientes e descobrir se sua ideia é boa, mesmo com todos mentindo para você, de Rob Fitzpatrick, nos conta muito bem como fazer para extrair informações realmente relevantes de pesquisas. Um excelente aprendizado que o autor deixa é como fazer entrevistas em profundidade tendo o máximo de certeza de que as respostas são baseadas na verdade e que realmente poderão auxiliar em uma tomada de decisão posteriormente para a construção do produto:

“1. Fale sobre a vida das pessoas em vez de sua ideia

2. Pergunte sobre acontecimentos específicos em vez de coisas genéricas e/ou opiniões sobre o futuro

3. Fale menos e escute mais.”

Lembrando desses passos durante a pesquisa ajudará a evitar falso-positivos que poluem nossos aprendizados. E assim, quando for analisar os resultados terá um embasamento mais certeiro. Vale reforçar que não será apenas isso que garantirá um resultado confiável, lembre-se sempre de suas outras fontes de informações e cruze isso para encontrar padrões.

E como um um último ponto que gostaríamos de destacar, é não se esqueça de sempre analisar o que é uma evidência forte e o que é uma evidência fraca. Normalmente uma evidência forte é o conhecimento baseado em diversas fontes e existe um padrão entre as informações. Já a evidência fraca, pode ser um novo achado, mas ainda não sabe muito sobre. Se esse novo achado é a resposta de alguma hipótese, vale colocar um esforço em tentar diminuir a nebulosidade em cima dele para ter certeza do que se trata.

Takeaways

  • Não se esqueça do contexto para direcionar o conhecimento. Lembre-se da estratégia que está relacionada a aquilo que está fazendo;
  • Pode ser que você não descubra um novo planeta com sua pesquisa;
  • Embase seu conhecimento, só assim garantirá evidências fortes para tomada de decisão;
  • O conhecimento só vem de um entendimento profundo sobre o que temos de dados e informações. Podemos exemplificar assim:

“Foi possível identificar que pessoas que informaram não estar mais comendo abacaxi foi por conta do momento de vida que estão passando. Relacionando essa afirmação com dados da pesquisa quanti identificamos indícios que pessoas estão trabalhando ou estudando muito além do ideal e estão com problemas relacionados ao sono e a restrições alimentares em consequência de gastrites. O abacaxi por ser uma fruta com uma acidez elevada e causa uma possível dificuldade de ingestão para este grupo de pessoas.”

Notem que nesta afirmação, além da fonte da pesquisa qualitativa houve um cruzamento com outras informações.

Revisão: Bruna Werthajm

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