Ativismo antirracistas nas redes sociais

Júlia Ruvinski
Código Antirracista
3 min readDec 22, 2021

Popularização das mídias auxilia na expansão de movimentos negros

2013.

Esse foi o ano de grande impacto do ativismo digital, que também é conhecido como ciberativismo. Os cidadãos das capitais brasileiras saíram para as ruas, em protesto contra o aumento nas tarifas do transporte público, que, mais tarde, tornou-se protesto para revelar a insatisfação da população com a classe política. Toda a articulação teve seu início por meio das redes sociais, com o Facebook e o Twitter.

O Facebook teve uma taxa de participação de 70% dos brasileiros com a presença no site no dia 13 de junho, aponta o levantamento realizado pela consultoria Serasa Experian e divulgado pelo Jornal Valor Econômico. O Twitter contabilizou cerca de 11 milhões de tweets com a palavra “Brasil” e dois milhões com “protesto”, durante o mês de junho. Os números representam o impacto que as redes sociais tiveram nos protestos de rua.

Desde então, as mídias digitais têm crescido exponencialmente. Por meio de perfis próprios nas plataformas, é possível conectar-se com temas distintos e posicionar-se sobre eles, trocando ideias — até mesmo ofensas — com outros usuários. Com o passar do tempo, comentários racistas, considerados normais por grande parte da sociedade, deixaram de passar batido, dando espaço para o ativismo antirracista nas redes sociais.

Em maio de 2020, George Floyd, um homem negro, foi morto por um policial branco, em Minneapolis, nos Estados Unidos. Em vídeo de 10 minutos divulgado na Internet, o policial está ajoelhado no pescoço de Floyd, que diz seguidamente que não consegue respirar. No local, testemunhas pediram para o agente parar com a ação, mas nada foi feito. Os trechos do vídeo causaram indignação no mundo todo, dando surgimento ao movimento #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam, em português).

Reprodução: Pixabay

Milhares de manifestantes foram para as ruas protestar contra a morte de George Floyd. E nas redes sociais não foi diferente. As mídias foram bombardeadas de publicações referentes à violência policial, dados sobre racismo e publicações com dizeres “não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. Diversos famosos e influenciadores, como Bruno Gagliasso, Tatá Werneck e Ingrid Guimarães, por exemplo, se pronunciaram sobre o caso, liberaram seus perfis para que personalidades negras falassem sobre o tema para os seus seguidores, no intuito de aumentar a visibilidade do debate e causar reflexão.

Reprodução: Pixabay

Gabriela Isaías, jornalista e pesquisadora, diz que toda essa articulação nas redes é importante, porque leva o movimento a outras pessoas, que abraçam e se engajam com a causa: “Quando você tem a Internet, você tem a possibilidade de dar o seu ponto de vista, você tem a possibilidade de fazer essa crítica e espalhar para o mundo. É uma coisa que você percebeu, outras pessoas perceberam e falaram, debateram sobre isso”.

Com o surgimento do movimento Black Lives Matter, surgiu também a hashtag #BlackOutTuesday, na qual usuários fizeram publicações em seus perfis com uma foto preta, em solidariedade à morte de George Floyd. Personalidades com grandes alcances fizeram o mesmo, o que acabou despertando a curiosidade de seus seguidores.

“Existe um desejo não só dessas pessoas célebres mas, também, de grande parte do público, de compreender o que é o quadradinho, de compreender, de como participar dessa causa, de pesquisar mais” diz Gabriela.

Mas publicar somente quando o assunto está em alta, não é o suficiente. É preciso mais.

“Bacana, você colocou o seu posicionamento, as pessoas estão te lendo como uma pessoa antirracista, mas no seu dia a dia você pesquisou sobre isso? Você viu quantos jovens negros morrem no Brasil?” reforça a jornalista.

É preciso ter a sequência do debate. As redes sociais propiciam um ótimo espaço para os movimentos antirracistas, mas, também, vai de cada usuário seguir levantando a bandeira. De novo: Não basta não ser racista. É preciso ser antirracista.

Reprodução: Pixabay

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