A doença como metáfora

Carla Rodrigues
C-19
Published in
1 min readMar 17, 2020

Carla Rodrigues

Depois de curar-se de um câncer, a ensaísta Susan Sontag escreveu “A doença como metáfora”, no final dos anos 1970. Uma década de pois, ao perder seus amigos/as para a epidemia de HIV/Aids, voltou ao tema com “A aids e suas metáforas”. Na semana passada, antes de a OMS declarar que o C19 é uma pandemia, o psicanalista Contardo Calligaris reeditou, num breve texto semanal no jornal Folha de S. Paulo (infelizmente fechado para assinantes, aqui), a ideia de pensar as doenças como metáforas para o contemporâneo.

O argumento central pode ser resumido nesse parágrafo: “Qual seria então, hoje, o significado da epidemia de coronavírus? Ela é metáfora do quê? Não é difícil responder. Estamos (estávamos) no meio de uma extraordinária impulsão em direção a um mundo cada vez mais aberto, sem fronteiras: um mundo de viagens, contatos e encontros. Mas, como sempre acontece, não há fluxo sem o refluxo produzido por aqueles que se sentiram deixados de fora da festa. O refluxo é uma vontade apavorada de ficar em casa, entre familiares e poucos amigos, falando a mesma língua e das mesmas coisas de sempre.”

É difícil refletir sobre metáforas tão vivas quanto um vírus global. Nesse pequeno espaço, convido quem quiser se juntar para pensar, de forma precária, ensaística e improvisada, no C19 como fenômeno social, político, econômico, filosófico e…metafórico.

--

--