Cap 3. — Caça e caçador

ravi freitas
Cacto0083
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2 min readMay 23, 2020

Maria e seus companheiros bateram em debandada ao presenciar aquela cena. Eles sabiam que não conseguiam enfrentar o Caçador. E isso o divertia.

“Não corre, seus mizera! Vocês vão ter o mesmo final!”, gritou o Jagunço. “A única diferença é que vai ser ainda mais divertido pra mim”.

Caçador não tinha esse nome a toa. Jogou para o lado sua pistola, tirou uma peixeira que fica escondida em seu braço esquerdo, e saiu a procura deles pela cidade. Não demorou muito até encontrar Zé e Marreco. O primeiro ergueu sua arma e atirou no Jagunço, acertando sua testa, fazendo com que ele recuasse.

Os Jagunços, nome dado aos comandantes da Polícia, eram amedrontadores. Apesar de não terem a força física de um Cacto, todos eles tinham implantes mecânicos que orgulhosamente deixavam a mostra. Caçador não. Ele adorava o olhar de terror da sua caça quando descobriam que boa parte do seu rosto era metálico, escondido por uma camada fina de pele sintética.

Em dois rápidos movimentos a peixeira atravessou o pescoço de Marreco e o pulso de Zé, que deixou sua arma cair. Caçador o pegou pelo pescoço com o braço mecânico e sem fazer esforço esmagou sua traqueia.

Motô sabia que seria a próxima vítima quando viu o gigante galego pular de cima de uma casa bem na sua frente. A lâmina perfurou seu estômago três vezes rapidamente, sem tempo de nenhuma reação. “Agora só falta mais um desses fi de rapariga!”, gritou Caçador.

Ao contrario de Maria, o Jagunço conhecia a cidade como a palma da sua mão e também a encontrou rapidamente. Quanto mais ele caçava, mais ele se divertia e mais ele sentia vontade de esfolar sua caça. Em uma arrancada se aproximou dela, erguendo o braço esquerdo para segurar a fugitiva pelos cabelos.

Com rapidez ela pôs o cano da sua Carabina de encontro com a palma de Caçador e atirou. O tiro destruiu o braço mecânico até o cotovelo e os estilhaços acertaram os pescoço dos dois, fazendo com que ambos sangrassem. O coice do Papo Amarelo fez com que ela girasse, e se aproveitando desse impulso, levou o cabo da arma até o pescoço do policial, que caiu atordoado com o impacto.

Maria conseguiria escapar. Achou o carro, que estava escondido, e seguiu destino à saída da cidade. Lá, pulou o carro, que foi em direção ao sertão que rodeava Cordel de Aço, e voltou para se esconder dentro da cidade.

Roubou comida e entrou em um armazém que parecia abandonado. As janelas eram bloqueadas por uma fina película preta, que bloqueava o sol. Dentro, já com as luzes acesas, viu dezenas de peças de Cactos. Alguns mais inteiros que outros, todos já manipulados por alguém que parecia menos ter tentado consertar e mais descobrir como eles funcionavam.

No centro da mesa principal estava o único Cacto que parecia intacto, apesar do seu péssimo estado. Se aproximou e leu o seu número de série: 0083.

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ravi freitas
Cacto0083

eu sou o inverno russo matando todos aqueles que se aproximam