A você

Caroline Pestana
Cada lua que vejo
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3 min readApr 13, 2020

Prazer,

sou um caos em meio a ordem

mas a ordem é insana e minha mente acelerada

eu transbordo porque sinto

e o que sinto não dá pra conter

em nenhum lugar

tento ser sensata

tenho tentado

tento ser calmaria e acabo tempestuando qualquer lugar

quero dizer e não sei nem por onde começar

e não encontro as palavras

mas elas estavam ali agora pouco

e minha mente já corre em assuntos mil

mas o coração está ali, batendo forte

desesperando

oscilando

e desesperando de novo.

entende o que quero dizer?

talvez não esteja tão claro

quanto estava antes de ser escrito

é que você me causa isso

saltos

saltos profundos em todas as direções

saltos no coração, na alma, na barriga

saltos curvados do meu corpo no prazer que só você me dá

na surpresa de sempre surpreender

no físico, na mente, naquilo que nem sei se tem nome

saltos no escuro da incerteza

saltos que nunca dei por ninguém

saltos de uma mente que corre mais rápido que o próprio raciocínio

me perco em mim mesma tentando entender como cheguei aqui

e a resposta é sempre você

é você

tem sido você por um tempo

mas como eu podia falar se me perco em palavras num simples olá?

você é uma música que toca

incessantemente

nos alto-falantes da minha alma

do meu coração

bombeando esse som pelas minhas veias

inflando de amor

e eu esperei e esperei

esperei mais até

e esperarei mais até após escrever essa carta

mas em algum momento percebi que o medo me impede

e não gosto de impedimentos

não sei me conter

eu já disse isso?

eu esperei para ver o amor florescer no jardim do seu olhar

tentei ver se havia sequer um brotinho de amor por lá

mas a mente eu ainda não aprendi a ler

e minha visão é turva para sentimentos

não sei ler intenções e entrelinhas

sou ingênua demais no amor

talvez porque nunca amei

ou talvez tenha amado mas nunca percebi o amor

nunca

até você

porque você me infla desse sentimento estranho

que é tão bom e gera tanto medo

e impulsiona o meu mundo naturalmente acelerado

e de novo

me perco em palavras

não chego a lugar algum

perdão, não sei me conter

eu já disse isso?

o fato é que esperei

esperei e esperei mais um pouco

e um dia percebi que não precisava esperar

o que eu sinto é tão natural quanto cair no sono

talvez por isso eu cai por você

talvez por isso eu sinta que estou sonhando

não preciso de confirmações para amar

basta amar

não preciso de respostas para meu amor

amo sem contraprestações

amo até doer

e como dói

e porque eu não ligo?

acho que não sei me conter

eu já disse isso?

é que amor verdadeiro

é abnegado

eu só quero amar

você entende o que quero dizer?

talvez não esteja tão claro

quanto estava antes de ser escrito.

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Caroline Pestana
Cada lua que vejo

Brazilian writer and lawyer. Trying to make sense of things.