Ansiedade, querida!

Lidia Saito
Cadê as três?
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2 min readOct 15, 2017

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Hoje resolvi escrever uma carta para você. É certo, que por muito tempo eu não sabia como lidar com as suas visitas, porque era daquelas inconvenientes, sabe? Chegava de fininho, como se não quisesse nada, ia ficando sem pedir minha permissão, e sempre tinha o hábito de ficar por tempo indeterminado. Você sempre causava as piores sensações dentro de mim, coração a mil por hora — e com certeza não era por amor — uma dor no peito, falta de ar, sem nem ao menos me faltar oxigênio, e o corpo pegar fogo, como se eu estivesse queimando. Com você eu sentia que poderia explodir a qualquer hora, como uma bomba-relógio nos seus últimos segundos.

Você foi embora? Ainda não! Estou escrevendo essa carta no intuito de colocar os sentimentos para fora e ver se eu consigo conviver melhor com você. Falando em sentimentos, você adora estragar o dia me confundindo com emoções, elevando os picos de intensidade e bagunçando tudo. Sinto que estou num looping infinito, e ao mesmo tempo pareço não sair do lugar. Não sei se um dia você irá embora por completo, acredito que suas visitas serão feitas com menos frequência… Mas você não desiste fácil, não é mesmo?! Adora me lembrar da sua existência.

Segue o baile, me falaram. E eu sigo, com você do lado — inserir aqui uma expressão de tédio — porque, infelizmente, você ainda não entendeu que eu posso ser sua crush, mas você definitivamente não é a minha! Mas enquanto estivermos juntas, vou tentando lidar com as suas perturbações. Um dia eu ignoro você, noutro já estamos lá enlouquecidas…

Querida ansiedade, na verdade você não é querida! Eu sempre tive medo de falar sobre nosso relacionamento por receio do que as pessoas poderiam achar… E por todas perguntas que passavam na minha cabeça: “será que estou enlouquecendo? ” “Um dia vou poder lidar com ela? ” “E se nunca passar? ”. Medo é o que me vem à mente quando penso em você. Medo de expor meus sentimentos. Medo de ser “só drama”. Às vezes era só o não querer de tornar você pública, e minha bola de neve saia rolando por ai.

Mas hoje tomei minha dose de coragem: estou aqui falando sobre as sensações que você me causa, preciso colocar para fora! Você já está me sufocando! Então, ansiedade, não se demore a ir embora, eu tenho pressa — aprendi com você, querida. Sei que um dia você poderá até me assombrar, mas não se assuste se eu souber como lidar com você, não fique triste por isso, porque eu vou conseguir, é minha natureza.

Terminarei essa carta de forma dura e sincera: nós não somos amigas e nunca seremos! Então, sinta saudades minhas.

Tchauzinho. Até a próxima? Com certeza não!

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