Lidia Saito
Cadê as três?
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3 min readJan 13, 2018

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Um pedacinho do Japão em Belém

Imagem: internet

Oie, gente boa! Hoje o texto vai ser todo especial, porque vou compartilhar com vocês um pouco da cultura que a minha vó me deu de herança. Utako Saito, um nome estranho, esquisito, engraçado, mas foi o nome que meus bisavós deram a ela. A primeira curiosidade, ou nem tanto assim, é que quando uma família japonesa batizava sua criança, eles poderiam colocar um outro nome no batismo, por isso que a Utako logo virou Aurea. E que mulher, meus amigos!

Minha avó era aquela típica japonesa, parecia ranzinza, quase nunca demonstrava seus sentimentos e extremamente disciplinada, se a gente fizesse alguma “tolice” o bicho comia. E não, ela não falava pastel de flango. Aprendemos muita coisa com nossa vó, do jeito dela, ela nos passou todo amor que precisávamos, foi uma mulher forte, feliz e a melhor.

Meus pais moraram no Japão durante 19 anos, eles foram pra lá antes mesmo de eu nascer. A mamãe voltou ainda grávida pro Brasil, eu nasci e com 4 anos de idade ela me levou para morar com eles. Foi uma experiência horrorosa, que eu prefiro não entrar em detalhes… Na época não foi muito difícil para meus pais me levarem para morar com eles lá, o que com certeza seria mais complicado agora; por exemplo: somente descendentes até a terceira geração podem ter autorização para viver no Japão, fora um milhão de documentos que é preciso ter para poder entrar no país.

Mas tudo isso se alguém decidir ir por conta própria; há outras possibilidades: aqui em Belém existe o Consulado Japonês, e eles distribuem bolsas de estudos para quem quiser ir para o Japão sem muitas dores de cabeça. O bom de tudo isso é que existem dois tipos de bolsas, uma para quem é nikkei e outra para os brasileiros que não possuem nenhum grau de descendência. Então, se você gosta da cultura japonesa e algum dia pensou em morar no país, dá uma entrada no site do Consulado pra conferir os programas de estudos e as bolsas que eles disponibilizam.

Ah! Mas o Japão é muito longe, eu não daria conta de morar sozinho num país com o fuso horário de 24h de diferença. Tudo bem, porque a Associação Pan Amazônia Nipo Brasileira, ou para os íntimos, Nipo, proporciona um pedacinho do Japão em Belém.

Todo primeiro domingo de cada mês acontece uma feirinha japonesa, ela é aberta ao público e você pode participar sempre que quiser. Sem contar na tradicionalíssima Semana do Japão, uma semana cheia de cursos e com uma famosa festa de encerramento. Conhecida por alguns como Bon Odori.

A Nipo está localizada na 14 de abril, bem ao lado de um restaurante, também japonês, chamado Hakata, um dos mais tradicionais da nossa cidade, e se você gosta de comida japonesa, por favor não deixe de ir lá. Belém possui uma infinidade de restaurantes japoneses muito bons, e muito deles são administrados por brasileiros (amo esse sincretismo!). Então opções é que não faltam. Podemos estar num continente muito distante do asiático, mas o Brasil sabe como trazer um cadinho dele para cá.

Porém, trago uma informação nada boa para quem não é Nikkei: existem várias atividades na Nipo, das quais somente nisseis, sanseis e todos esses “seis” podem participar, então, infelizmente, se você não herda nenhum tipo de “sei”, estará automaticamente fora dos campeonatos de futsal, futebol e vôlei. Mas não fiquem com raiva de nós, é só um momento que a comunidade nipônica achou para poder estar reunida.

E por fim, há o Miss Nikkei Pan Amazônia, onde uma menina nikkei é escolhida para representar o Pará no concurso nacional de misses que acontece todos os anos em São Paulo.

Chegamos ao fim de mais um texto, mas não precisa ser o fim, então que tal compartilharmos nossas experiências? Vou adorar conversar com todos vocês sobre a minha descendência e do pedacinho do Japão em Belém. Um beijinho em todos os corações que batem forte pela cultura japonesa.

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