Emanuele como Lucélia (Créditos: Vitor Estácio).

Vamos falar sobre “Desterro”: um espetáculo de grandes reflexões

Emanuele Corrêa
Cadê as três?
Published in
4 min readMar 12, 2020

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Finalmente dando o ar da graça por aqui, nesta quinta-feira (12) chuvosa no meu país Belém. Estou com um grande frio na barriga, a ansiedade tá batendo e eu queria contar pra vocês a razão.

Hoje é a passagem de palco, a pré-estreia do espetáculo que estarei em cartaz de sexta a domingo. Estou muito empolgada com a possibilidade do público conhecer a saga da protagonista Dira! O espetáculo se chama “Desterro uma ópera rock Amazônica”, é baseada no álbum homônimo da banda de Hard Rock paraense, Álibi de Orfeu. O álbum tem 14 músicas e a galera da banda estará no espetáculo tocando ao vivo junto com elenco, que é composto de 21 atores e atrizes.

E estamos fazendo história! “Desterro” é a primeira Ópera Rock autoral feita no Brasil, saindo aqui da cena artística de Belém e que eu faço parte deste elenco. EU FAÇO PARTE!!!! (respira, Manu, tranquila).

E por qual razão eu venho falar dessa obra? Não pensem que é só porque estou no processo e eu amo teatro musical, não, mas o que me faz enaltecer esse espetáculo é a sua temática, uma narrativa muito urgente de se debater diante do cenário político que vivemos.

Desterro fala sobre as várias formas de violência e as mazelas do ser humano, fala de violência no campo, assassinatos de lideranças campesinas por causa da grilagem; e o cenário é a “Terra do meio”, interior do Estado.

Carola Maia como Dira (Créditos: Vitor Estácio).

A nossa protagonista Dira — que é filha da Lucélia, quem eu interpreto — vai embora para Belém após o assassinato da sua avó, Dorotéia do Carmo, uma grande liderança da Terra do Meio. Dira se depara com uma situação terrível, talvez dependendo do ponto de vista, até pior do que a do interior, pois na capital ela conhece Raul, uma figura impiedosa, que é dono do bar/boate, ele e seus capangas oferecem refúgio, mas ela conhece o inferno de perto.

Como ninguém vive sozinho, então, Dira também tem nessa boate as figuras de Miriam, Adelaide, Jonathan, Jaci, Brian e outros funcionários como seus amigos, eles se apoiam para sobreviver.

Matheus Lensi como Raul (Créditos Vitor Estácio).

Bem, as coisas que acontecem, nem se eu descrevesse com riqueza de detalhes não seria suficiente para mostrar a entrega que o elenco colocou nesses 5 meses de preparação, além da estrutura de palco que estão montando. Eu sei que Desterro é um espetáculo para rir, chorar, emocionar e indignar bastante. Mas ele também é um espetáculo de descobertas pessoais, pelo menos para mim.

Além de uma história rica e evolvente, Desterro tem trazido para mim uma mensagem muito poderosa sobre a força da luta aqui na Amazônia, sobre preservação ambiental, sobre pessoas aguerridas, mas também tem provado a minha própria força, tem mostrado que eu posso participar de um espetáculo e dia após dia crescer trabalhando com uma equipe incrível.

Eu nunca pensei que estaria cantando, dançando e atuando da forma que estou em um espetáculo de alta performance. Não por não ter competência de aprender e pôr em prática, mas por ter medo de não ser boa o suficiente e, acreditem, tem diferença. Eu melhorei a minha confiança e autoestima ensaio após ensaio, nesse meio tempo também fiz acompanhamento com a fonoaudióloga.

Mais uma vez o teatro me salvou, salvou das próprias armadilhas que a minha mente queria criar. Por isso, eu sou tão grata aos processos que eu estou inserida e neste momento eu queria compartilhar sobre o Desterro e convidá-las (os) a assistir nesta sexta, sábado e domingo (13, 14 e 15 de março) no Teatro Margarida Schivassapa (Centur), sempre às 19h30. Os ingressos serão vendidos na bilheteria do teatro a partir de hoje: R$60,00 inteira e R$30,00 a meia ou online.

Se vocês forem ao teatro, passem no final para me dar um abraço. É sempre bom trocar afeto e agradecer ao público. Até mais! ❤

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