A difícil situação do Cruzeiro

Rodrigo Romano
3 min readSep 10, 2020
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O texto dessa semana em parceria com o Entrelinhas Gestão Esportiva vai abordar um tema muito falado recentemente. Enquanto alguns se preocupam, muitos comemoram. Estamos falando da situação do Cruzeiro, e como maus hábitos de gestão colocaram o clube em crise financeira e técnica.

Na última semana foram divulgados os números financeiros do Cruzeiro até maio de 2020. De acordo com o globoesportecom, o clube acumulou um déficit de R$ 259,2 milhões de reais. Quando comparado com 2019, o número é maior dentro do mesmo período. Lembrando que no último ano o Cruzeiro fechou com um déficit de quase R$ 400 milhões. Isso tudo tem impacto direto na dívida do clube. Até o final de 2019, o valor estava em R$ 803,5 milhões, e deve chegar à casa do bilhão nos próximos meses.

Dentro de campo a situação também não é boa. Rebaixado para a Série B em 2019, o início da jornada para retornar a elite não está sendo fácil. O clube começou o campeonato com menos seis pontos por atraso no pagamento de dívidas. Após oito rodadas, foram três vitórias, dois empates e três derrotas, somando cinco pontos. Na data da publicação deste texto, o Cruzeiro está na zona de rebaixamento, na 17ª posição. São 10 pontos de diferença para o quarto lugar que garantiria um retorno à Série A. O técnico Enderson Moreira foi demitido na última semana e Ney Franco assumiu em seu lugar.

Durante muitos anos, os dirigentes administraram os clubes do futebol brasileiro sem nenhuma responsabilidade. Afinal, o dinheiro não era seu e todas aquelas dívidas seriam responsabilidade da próxima gestão em um período curto. Para melhorar, de vez em quando surgiam programas de refinanciamento de dívida, que aliviavam a situação da instituição até que mais dívidas fossem acumuladas. Um cenário extremamente convidativo à má gestão, que contribuiu muito para que o Cruzeiro chegasse onde chegou.

O choque de realidade que o clube está passando acaba sendo importante para a indústria. As punições da FIFA retirando pontos do Cruzeiro ainda antes do começo da Série B chamam a atenção de qualquer dirigente de futebol, pois mostram um novo cenário, com menos espaço para erros. Mais clubes precisam entender a importância do equilíbrio financeiro e do trabalho de longo prazo que precisa ser feito. O clube mineiro mostra que o quanto antes essa mentalidade entrar na sala dos diretores de clubes brasileiros, melhor, evitando desastres como rebaixamento, perda de pontos e uma dívida que parece insustentável.

Para fechar o texto, que o Cruzeiro volte ao seu lugar, utilizando boas práticas e ações inovadoras. Estas devem mostrar aos demais clubes do nosso ecossistema que é possível fazer diferente e alcançar bons resultados.

Texto de Rodrigo Romano.

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Rodrigo Romano

Head de Operações FootHub — Gestão e inovação no esporte