Crítica

A Médium: o terror tailandês que mostra tudo e mais um pouco

A aposta de 2021 do diretor de cinema Banjong Pisanthanakun chega ao Brasil, e pode decepcionar com o excesso de informação

Rafaellabrina
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3 min readMay 19, 2022

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Nim (Sawanee Utoomma) no filme “A Médium”. Foto: Divulgação/ Paris Filmes

Uma aldeia tailandesa, uma família médium e espíritos malignos compõem este filme de terror — caracterizado como um pseudodocumentário. Com 2h e 11 min de duração e distribuído pela Paris Filmes, o longa já está disponível nos cinemas brasileiros desde quinta (19/05).

O início da desta história se dá quando um grupo de filmagens busca fazer um documentário numa aldeia — povo Isan — sobre a médium Nim (Sawanee Utoomma). A mulher é famosa na aldeia por carregar o espírito de uma divindade local chamada Bayan, que possui as mulheres da família de Nim há muitas gerações. Ela trata as doenças espirituais dos aldeões e por isso é extremamente respeitada naquele lugar.

Após perder o pai, a sobrinha de Nim começa a demonstrar sintomas de possessão. Até certo momento, Nim acha que Mink (Narilya Gulmongkolpech) apresenta sintomas de mediunidade e acredita que a menina será sua sucessora em carregar a divindade. Entretanto, como não aceitou Bayan na sua vez, a mãe de Mink não permite que a irmã realize o ritual de aceitação da divindade em sua filha.

A trama chega ao seu auge, quando os familiares de Mink percebem que a possessão da menina é uma falange maligna e fazem de tudo para salvarem-na. Diversos rituais locais são feitos para exorcizar os demônios vingativos que possuem Mink, mas nenhum é eficaz.

DESTAQUES DO FILME

Nim (Sawanee Utoomma) realizando um ritual em “A Médium”. Foto: Divulgação/ Paris Filmes

O terror é filmado em forma documental, como se estivesse sendo gravado pelas câmeras dos documentaristas: um pseudodocumentário. Os métodos de filmagens são um pouco ultrapassados e atrapalham a atenção do telespectador no suspense da trama, já que a câmera treme muito numa pegada bem “Atividade Paranormal”. Há momentos em que os operadores das câmeras são atacados (SPOILER!) e as filmagens ficam focadas no chão. Há outros em que a família pede para não ser filmada em momentos de alta tensão, para dar mais realismo à trama, mas isso desperta a curiosidade e transmite a sensação de que falta algo na cena.

Outra curiosidade é que há frequente interferência da edição do filme, pois há frases que contextualizam o telespectador o tempo todo. Mesmo sendo algo típico de documentário, acaba se tornando outro fator de dispersão da atenção do público, porque tudo o que menos se espera é racionalidade num filme de terror. Entretanto, em meio a esse realismo todo, o filme entrega cenas de ataques e canibalismo bem fiéis à realidade, com muito sangue, membros decepados e sem nenhum medo de chocar o público. Uma cena que exemplifica isso, é quando Manit (Yasaka Chaisorn) — tio de Mink — assiste a sobrinha comer o cachorro da família pelas câmeras de segurança. Tenso!

Talvez para a cultura tailandesa o filme seja mais aterrorizante e cumpra melhor o seu papel, já que pode haver identificação cultural. Pelo Brasil, A Médium talvez não entre na lista de melhor filme, pois o método de direção de terror ocidental é o mais apreciado pelo público. A trama mostra demais — há muitos detalhes explicativos — e perde a subjetividade esperada num filme como esse. O longa peca pelo excesso e acaba tornando-se cansativo. Digamos que há terror em demasia e pouco suspense. Mas pode ser um bom filme para conhecer um pouco da cultura e religião oriental.

Abaixo segue uma prévia de “A Médium”. O filme pode ser assistido nas salas de cinema de todo o Brasil.

Reprodução/ Paris Filmes

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Rafaellabrina

20 anos| Estudante de Jornalismo (UFRGS)| Porto Alegre, RS.