Crítica

Adão Negro: nem só de Dwayne Johnson vive um filme

Carisma do ator e roteiro frenético prendem qualquer um à tela, mas não espere mais do que isso do novo filme da DC

Anselmo Berté
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3 min readOct 20, 2022

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Dwayne Johnson interpreta o anti-herói Adão Negro / Foto: Divulgação

O novo filme da DC, que estreia hoje (20) no Brasil, apresenta o anti-herói Adão Negro aos cinemas. O personagem, interpretado pelo ator Dwayne “The Rock” Johnson, tinha a faca e o queijo na mão pra ser um clássico logo de cara. No entanto, o filme segue os mesmos passos de qualquer outro do gênero, com uma trama sem pé nem cabeça, mas com muitos chutes e cabeçadas, raios e socos também.

A história se passa nos dias atuais, na cidade fictícia de Kahndaq, que pelo visual remete ao norte da África ou Oriente Médio. A cidade está ocupada por uma força militar estrangeira chamada de Intergangue, que explora seus recursos naturais. Lembra alguém?

Adão Negro tem sua origem no passado da cidade. Ele viveu 5 mil anos atrás e, com os poderes que recebeu de um grupo de magos, libertou sua nação do rei que a escravizava. O “campeão” de Kahndaq, como ficou conhecido, foi desperto na atualidade por um grupo de revolucionários que buscava libertar o povo novamente.

Apesar de ser uma crítica a ação militar estadunidense no Oriente Médio, a Intergangue é pouco explorada na trama. Na verdade, ela serve mais como saco de pancada para o Adão Negro ao longo de todo filme. O grupo não tem líder e nem uma motivação clara.

Esmaga Átomo, Gavião Negro, Ciclone e Senhor Destino // Foto: Divulgação

Apesar do sucesso recente de Coringa e Batman — dois filmes solos da DC que arrancaram elogios do público e crítica — , o estúdio parece voltar a ideia de filmes conectados com Adão Negro. A obra, nas palavras de Dwayne Johnson, é o início de uma nova era no Universo DC.

No filme, somos apresentados à Sociedade da Justiça, organização de heróis que será importante nessa nova fase. O grupo destaca quatro membros para conter a violência que Adão Negro utiliza com aqueles exploram seu povo. São eles: Esmaga Átomo (Noah Centineo), Gavião Negro (Aldis Hodge), Ciclone (Quintessa Swindell) e Senhor Destino (Pierce Brosnan).

O motivo da presença deles é bastante moralista e faz com que a discussão do filme se concentre em Adão Negro ser um herói ou não — o que sequer é uma preocupação do personagem principal. Questões como a luta de classes, revolução e a ação militar estrangeira, ficam em segundo plano.

Imagem: Twitter / @ therock

Apesar de tudo isso, é preciso ser justo: Adão Negro é um bom filme. É impossível desviar a atenção da tela, pois o ritmo da narrativa é frenético e as cenas de combate são muito bem feitas. O humor do filme funciona e torna a experiência leve.

A obra deixa claro que não tem intenção de se aprofundar em muita coisa e funciona como uma apresentação dos personagens, deixando um gostinho de quero mais. No fim, esse é o objetivo da DC. O que nos resta é torcer para que essa nova fase seja melhor do que a última.

Obs: Caso vá ao cinema, lembre-se de ficar até o fim dos créditos. Vale a pena.

Adão Negro chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (20)

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Anselmo Berté
Caderno 2

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).