resenha

As reflexões de Soul e o amadurecimento da Pixar

A mais recente animação da Pixar mostra a evolução do estúdio desde o primeiro lançamento

Renato C. Marchetto
Published in
3 min readFeb 11, 2021

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Lançado pela Pixar Animation Studios exclusivamente para Disney+ em dezembro de 2020, Soul é o último lançamento do estúdio, que mais uma vez demonstra todo amadurecimento e experiência adquiridos desde sua primeira animação.

Joe Gardner, o pianista que sonha com o sucesso mas que nunca o alcançou | Reprodução/Disney+

O filme conta a história de Joe Gardner, um exímio pianista de jazz que ama a música, mas que nunca conseguiu atingir o sucesso que gostaria. Logo no início do filme Joe morre e vai parar na dimensão dos mortos e dos “futuros vivos” e lá ele conhece 22, uma alma que ainda não teve uma vida no plano terreno e a quem Joe deve ser o mentor. O filme parte daí, propondo uma análise da vida, da morte e da existência humana.

Mais uma vez, a Pixar escolhe por abordar temas que talvez fossem inimagináveis de serem discutidos em um filme infantil, ela traz a mente das crianças mais curiosas perguntas que certamente foram difíceis de serem respondidas pelos seus pais. Essa temática complexa é abordada com uma linguagem verbal e visual muito simples, tornando o filme atrativo para adultos, mas mantendo-o entendível e divertido para crianças. A Pixar faz isso com maestria e é algo que se tornou uma característica de seus filmes, que é percebida também em outras de suas animações recentes como Divertidamente, um diferencial enorme para as suas concorrentes.

Durante o filme, quem o assiste ficará com a cabeça inundada de pensamentos e ideias sobre a sua própria vida, o espectador é convidado a isso, a refletir sobre a forma como vive, as escolhas que faz e como aproveita a sua vida. Afinal, ela é única, ninguém tem outra chance de viver. A Pixar do seu primeiro longa Toy Story até Soul evoluiu de “Como seria se os brinquedos ganhassem vida?” para “Será que você está REALMENTE vivendo?”, um amadurecimento de ideias que reflete também em suas características técnicas. Soul é impecável na qualidade visual de suas animações, que encantam pela beleza e pela riqueza de detalhes. Sua trilha sonora também não passa despercebida, aliás, ela é um componente vital do filme sem a qual ele perderia boa parte de sua identidade e de sua capacidade de fazer sentir.

Joe Gardner (agora como alma) e 22, a alma que Joe deve guiar na escola da vida. | Reprodução/Disney+

Soul é um filme sobre a vida, sobre quem vive e quem deixa de viver. Certamente um filme que divertirá a todos que o assistirem, e mais do que isso, os fará pensar, sentir, refletir, rir e talvez até chorar fazendo valer a arte presente nele. Ele não trata apenas da alma como seu nome leva a crer, mas sim de toda a humanidade que a acompanha.

Texto realizado na Oficina de Verão do Caderno 2

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Renato C. Marchetto
Caderno 2

Estudante de Publicidade e Propaganda na Universidade Federal do Rio Grande do Sul