Baco Exu do Blues é a resposta
Cantor marcou presença na capital do RS no último sábado e parece que ainda não deixou
O cantor possui mais de 6 milhões de ouvintes mensais no Spotify, mais de 3 milhões de seguidores no Instagram e mais de 800 milhões de visualizações no YouTube. Mesmo que em muitos momentos os números não sejam parâmetro para qualidade, neste caso com certeza são.
Diogo Moncorvo, nascido em Salvador, Bahia, na data de 30 de janeiro de 1995, lançou seu último álbum em 2022, “Quantas vezes você já foi amado” — conhecido como “QVVJFA”. E com este mesmo álbum, Baco encantou. Não, melhor: enfeitiçou toda uma plateia. Apesar do atraso de quase 40 minutos, o show de pouco mais de 1h20min conseguiu entregar todas emoções vividamente das músicas presentes neste álbum.
Desde a faixa apaixonante de “Samba In Paris” até a marcante faixa “Inimigo”. O percurso que o ouvinte realiza durante o show não o deixa parar em nenhum momento para respirar, pois até nas pausas de conversas com a plateia, Baco – em seu estado mais primitivo – cativa.
Não é a primeira vez que ouvimos o cantor em solo gaúcho. Além de seu show em 2019, o astro também participou do Festival Turá em novembro de 2023. E com o sucesso do show do último dia 20 no Araújo Vianna, onde haviam poucos lugares vazios, com certeza não será seu último na Capital.
Com o trio de backing vocals que merecidamente receberam seu espaço para brilhar, uma banda que acompanha a intensidade do cantor e um cantor que canalizou todas suas dores e vivências em letras que emocionam homens e mulheres, em minutos, o show deixou um leve gosto de quero mais.
Não pude deixar de escutar, ao final do show, relatos fortes vindos do público relacionando as letras de Baco com o seu dia a dia. A autoestima do homem e da mulher negra é colocada em pauta neste álbum, assim como outros elementos que muitas vezes são escondidos ou negados na sociedade. Em sua faixa “Inimigos”, Baco reflete com raiva sobre como ele é a resposta ao ataque que seu povo recebeu — e tristemente, continua a receber.
Ainda, o músico pincela letras de seu álbum anterior, como “Flamingos” e “Girassóis de Van Gogh” que abordam, respectivamente, sobre um relacionamento que não vai em frente e sobre suicídio. E mesmo nos hits mais antigos — nem tanto, mas em comparação com o álbum “QVVJFA” –, ninguém ousou ficar parado ou em silêncio.
Baco Exu do Blues se encaixa em diversas categorias de música, alguns o citam como referência do R&B, mas também o categorizam como rapper que combina elementos de soul e blue. Fato é que Baco desabafa suas questões pessoais e impessoais em suas letras e melodias. Essa qualidade o faz se destacar em meio um padrão repetido do meio musical.