Crítica

A Sra. Harris vai a Paris: nada é tão nosso quanto nossos sonhos

Nova produção da Universal Pictures chega aos cinemas brasileiros na quinta-feira (24)

Maria Fernanda Freire
Published in
2 min readNov 24, 2022

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Reprodução: Universal Pictures

Dirigido por Antony Fabian e estrelado por Lesley Manville, o longa "A Sra. Harris vai a Paris" chega aos cinemas brasileiros nessa quinta-feira (24). Com tom leve e sensível, o filme oscila entre comédia romântica e drama, e relembra ao público, de forma sutil, a importância de sonhar para não ficar estagnado.

Ambientado na Londres de 1950, o início do filme faz um trabalho bom em apresentar a protagonista, a diarista Ada Harris, para o público. Com cerca de 60 anos, querida por todos com quem convive, ela é reconhecida por sua gentileza e generosidade. Essas mesmas características, entretanto, acabam gerando dificuldades para a personagem, que acaba sendo excessicame passiva, não conseguindo se impor para defender a si mesma.

Após anos sem ter notícias do marido, Eddy, um Sargento da Segunda Guerra Mundial, Ada recebe um telegrama que confirma o falecimento dele. Enquanto vive seu luto de forma silenciosa, Ada continua a trabalhar. E é limpando a casa de uma cliente que ela se depara com aquilo que passa a ser seu sonho, não apenas de consumo, mas também de vida: um vestido Dior.

A partir disso, Ada passa a economizar para ir para Paris e comprar seu tão sonhado vestido. Esse novo sonho, faz com que Ada se movimente, e dá a ela um novo ânimo. Quando ela conquista a quantia necessária e chega na Cidade Luz para comprar o vestido, percebe que o dinheiro foi apenas o primeiro obstáculo que ela teria que enfrentar. Nesse processo, ela conhece inúmeros trabalhadores da Maison Dior, e cada um dos novos personagens apresentados parecem reforçar a ideia central do filme: Nada é tão nosso, e nem nos define tão bem, quanto nossos sonhos.

A forma como o filme tangencia uma série de questões importantes, sem deixar de ser leve e ter um tom positivo. Desde o luto, passando pelas relações patrão e empregado, o filme não está totalmente alienado da realidade. Mesmo assim, permite que o espectador de um respiro e saia do cinema sentido um acalento confortável.

O fato de a personagem principal ser uma mulher de cerca de 60 anos que é sonhadora, apaixonada e se permite viver uma aventura é algo que chama atenção, especialmente quando consideramos que atrizes mais velhas tendem a perder os espaços de protagonistas de filmes do gênero. A fotografia, clara e iluminada, produz a sensação de estar assistindo algo que beira o conto de fadas, ajudando a construir o tom sonhador do longa. De forma geral, a Sra. Harris vai a Paris é um filme aconchegante, que definitivamente vale a ida ao cinema.

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