Série

“Daisy Jones & The Six” dá vida a maior banda fictícia já existente

O cenário do rock dos anos 70 enche a tela na adaptação da obra de Taylor Jenkins Reid

Rafaela da Silva Bobsin
Published in
4 min readApr 5, 2023

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Reprodução: Prime Video

“Daisy Jones & The Six”, lançada recentemente no Amazon Prime Video, é uma adaptação do livro de mesmo nome da autora Taylor Jenkins Reid. Ambas as obras mostram a história da banda fictícia “Daisy Jones & The Six”, que foi um grande sucesso nos anos 70. A história se organiza com a narração dos fatos feita pelos próprios integrantes 20 anos após a sua separação, de forma quase documental. Eles contam sobre o que levou ao término após um grande show em 1977.

A série é composta por 10 episódios, de mais ou menos 50 min, que mostram o início da banda sem Daisy Jones (Riley Keough), sua quase ascensão e o “ressurgimento” com a formação completa (incluindo Daisy). Os episódios foram lançados ao longo de quatro semanas, sendo que nas duas primeiras foram liberados três episódios e, depois, dois por semana.

Logo no primeiro episódio, fica claro que a banda já não está junta há muito tempo e que, após um grande show da turnê do álbum “Aurora”, eles se separam. Nas duas décadas seguintes nenhum dos integrantes, ou outros envolvidos com a banda, falaram sobre os acontecimentos que levaram ao término para nenhum tipo de veículo. Até o momento em que a série começa.

Ao longo dos dois primeiros episódios, somos apresentados a primeira versão da banda, que ainda tem o nome de “Dunne Brothers”, composta por Billy Dunne (Sam Claflin), Graham Dunne (Will Harrison), Eddie Roundtree (Josh Whitehouse), Warren Rodes (Sebastian Chacon) e Chuck Loving (Jack Romano), enquanto eles ainda tocavam apenas em Pittsburgh. Com a saída de Chuck da banda, eles continuam tocando com apenas quatro integrantes até conhecerem Karen Sirko (Suki Waterhouse) que assume a posição de tecladista e completa a formação de “The Six” — aqui cabe comentar que no livro a banda tinha um integrante a mais que foi retirado da série, provavelmente por não contribuir muito para a trama. Ao mesmo tempo que a banda “The Six” se consolida e se muda para Los Angeles em busca de mais oportunidades, Daisy Jones vai se descobrindo como cantora e compositora.

Com o sucesso de “The Six” é retratado todo o contexto de drogas e álcool envolvendo os astros de Rock — isso afeta especialmente o vocalista da banda, Billy Dunne, mas tem consequências para toda a banda. Devido aos acontecimentos mostrados na série, a banda fica sem credibilidade com a gravadora e a maneira que encontram de “renovar” é com uma nova integrante que não é muito bem recebida: Daisy Jones.

Com a colaboração de Daisy a banda consegue evoluir, porém, isso não significa que a relação deles seja simples. Na verdade, essa é uma característica forte da série: as relações não são simples. Apesar de boa parte da banda gostar das contribuições dela, Billy não aceita muito bem que alguém chegue querendo mudar as coisas.

Billy Dunne e Daisy Jones passam toda a série em uma relação complicada, onde é óbvio que eles tem algum magnetismo, mas, ao mesmo tempo, são parecidos demais — em um nível perigoso para ambos. A relação deles é marcada por períodos de muitas brigas e desentendimentos.

Além destes personagens, alguém muito importante para a trama, mas que não é membro da banda, é Camila Alvarez— depois Camila Dunne — (Camila Morrone), namorada de Billy que está sempre presente e investida em ajudar a banda a ir para frente. Em muitos momentos ela age como uma “intermediária” e faz os comentários e as sugestões necessárias para que “The Six” ande na direção do sucesso. Além de ser quem, muitas vezes, consegue manter Billy com os pés no chão.

Existem ainda outros personagens relevantes que deixam a história ainda mais interessante, como Simone Jackson (Nabiyah Be) que é cantora e amiga de Daisy, ou Teddy Price (Tom Wright) que é produtor da banda e apresenta Daisy para os outros integrantes de “The Six”.

Esta é uma série que faz com que, em muitos momentos, o espectador tenha raiva dos personagens por diferentes motivos, ao mesmo tempo em que ela mostra bem o porquê de eles serem como são. Fica muito difícil amar um personagem ou dizer que ele “nunca errou”, porque a série retrata muito os erros, desentendimentos e tentativas de superar esses momentos — também fica claro que nem sempre é possível superar. Outro fator muito positivo é que, embora fique claro que a Daisy e o Billy são os protagonistas, a história não é só deles. Existem outros pontos de vista e outras narrativas, não só o que envolve esses dois personagens, e isso é muito importante para o desfecho da banda.

Como uma adaptação, a série tem seus prós e contras. Ela não segue totalmente o livro e, particularmente, acho que nem todas as alterações foram bem colocadas, algumas mudaram características muito marcantes de personagens — como a relação de Karen e Camila em certos momentos. Por outro lado, outras foram muito bem-vindas, como o espaço que Simone ganhou na série.

Embora não seja uma grande produção, é uma série boa de assistir. Para mim, algo que contribuiu para que eu gostasse foi a trilha sonora. As músicas parecem ser encaixadas nos momentos certos e dão todo um “clima” para várias cenas. Além disso, conseguir ouvir as músicas de fato — coisa que não dá para fazer no livro — fez com que eu me prendesse um pouco mais a série, parecia que o processo de construção das músicas fazia mais sentido já que podia ser escutado. Vale ressaltar que a autora inclui no final do livro as letras completas de todas as músicas, mas elas foram adaptadas na série.

Se você gosta de músicas, de passar um pouco de raiva e de relações bem complicadas, “Daisy Jones & The Six” é a série certa para passar o tempo.

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