CINEMA

Em "Rivais", a partida não termina no match point

Zendaya eleva o tênis a muito além de um esporte em novo romance eletrizante do diretor Luca Guadagnino

Diogo Duarte
Published in
3 min readApr 25, 2024

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Foto: Divulgação

Quando pensamos em filmes sobre esportes, a grande maioria deles segue o mesmo molde: o protagonista enfrenta diversos obstáculos, ganha a partida decisiva e se consagra como um exemplo de superação. Apesar disso, qualquer pessoa que já tenha assistido outros filmes do diretor Luca Guadagnino ("Me Chame pelo seu Nome", "Até os Ossos"), sabe que ele não costuma seguir pelo caminho mais seguro ou previsível. Muito longe disso, na verdade. E "Rivais", seu novo romance que possui o tênis como pano de fundo, definitivamente não é exceção.

No filme, os melhores amigos Art (Mike Faist) e Patrick (Josh O'Connor) se apaixonam por Tashi Duncan (Zendaya), estrela em ascensão que parece estar se encaminhando para se tornar a melhor tenista de seu tempo. Ela se interessa por Patrick, mas, após uma briga feia e uma lesão irreparável, se torna treinadora e esposa de Art, o levando ao topo dos rankings enquanto Patrick cai no esquecimento. No entanto, seu relacionamento vira de cabeça pra baixo, quando, anos depois, Art e Patrick se enfrentam uma última vez, em uma partida na qual a vitória não é a única coisa em jogo para nenhum dos três protagonistas.

Esse é o seu problema. Você acha que ganhou antes do jogo terminar.

O filme — juntamente com "Duna: Parte 2", lançado no início deste ano — consolida Zendaya como uma potência também nos longas-metragens. A atriz, que iniciou sua carreira na Disney e já venceu dois Emmys por seu papel na série "Euphoria", comanda com muita intensidade esse triângulo amoroso que ferve em dominação, demonstrando seu talento aparentemente inesgotável seja qual for o dever de casa.

Além disso, a forma como as cenas são filmadas é outro grande destaque da produção. Muitas vezes, as discussões são retratadas com um número excessivo de cortes, que alternam entre um personagem e outro. Essa escolha pouco comum lembra, em parte, uma própria partida do esporte que permeia o filme. É como se cada fala fosse uma jogada, na qual a bola passa de um lado da rede para o outro até que algum dos dois jogadores ganhe o ponto.

Ainda, o ritmo frenético da trama contribui para que seja impossível tirar os olhos da tela. Cenas em primeira pessoa, efeitos em câmera lenta e até sequências nas quais a câmera é lançada de um lado para o outro constroem uma atmosfera magnética, que coloca o espectador no meio desse fogo cruzado absurdamente fascinante.

Nós estamos falando sobre tênis?

Sempre estamos falando sobre tênis.

Assim, "Rivais" se consolida como mais um ‘winner’ do diretor Luca Guadagnino, costurando temas como sexualidade e ambição em uma narrativa não-linear que respira tênis ao longo dos seus 132 minutos de duração. O filme encapsula a tentativa incessante de ganhar um jogo sem vencedores. Na verdade, dessa vez, quem vence somos nós.

O filme estreia dia 25 de abril nos cinemas brasileiros.

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Diogo Duarte
Caderno 2

Estudante de Jornalismo (UFRGS). Estagiário de Economia no Correio do Povo. https://letterboxd.com/diogobduarte/