Televisão

Euphoria 2: A Nostalgia do Agora

Atordoante e sensível, a segunda temporada é ainda mais arrebatadora que a primeira.

Maria Fernanda Freire
Published in
2 min readFeb 11, 2022

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Segunda Temporada de Euphoria. Reprodução: HBO.

Mais de dois anos após o lançamento de sua primeira temporada, uma das produções de maior sucesso da HBO atualmente, o drama Euphoria, retornou causando impacto. Até agora 5 episódios da segunda temporada foram liberados na plataforma de streaming HBO Max, o primeiro deles no dia 9 de janeiro. A série, que conta com nomes como Jacob Elordi, Hunter Schaffer e Zendaya — que já faturou um Emmy por sua performance na obra — ficou conhecida por retratar a juventude de forma visceral, e tem se mostrado ainda mais intensa em sua continuação.

Seguindo uma estrutura de roteiro similar à que o público conheceu em 2019, os três primeiros capítulos da nova fase apresentam foco narrativo em um personagem específico. Apesar dessa semelhança, é possível perceber diferenças significativas no enredo a medida que a história avança. Uma dessas mudanças é o tom que a trama assume: as consequências de acontecimentos da primeira temporada — especialmente a recaída de Rue com o abuso de substância — passam a aparecer de maneira brutal. Nas palavras do diretor Sam Levinson, responsável pela produção: “Se antes o clima de Euphoria era o de uma festa as 2 horas da manhã, agora a sensação deve ser de 5 horas da manhã, quando todos ali já passaram do ponto”.

Outro fator que contribui para marcar as diferenças entre a primeira e segunda partes da série é a fotografia. A primeira temporada foi filmada de maneira convencional, em uma paleta formada principalmente de tons de roxo e azul. A nova remessa de episódios, por sua vez, foi gravada de maneira analógica com filmes Kodak feitos especialmente para essa produção. Outra diferença é a paleta de cores, que dessa vez é constituída por tons terrosos, com variações de vermelho, laranja e marrom. Essa filmagem gera uma espécie de melancolia que, combinada com a narração de Rue, sempre feita no pretérito, dá ao espectador a sensação de estar assistindo algo que já aconteceu, e se eternizou em uma fotografia.

Acredito que a segunda temporada de Euphoria proporcionará sensações complexas e paradoxais ao espectador, quem quer que esse seja. É difícil não se envolver com os personagens e suas experiências. Digo isso pois, apesar de a maior parte dos eventos da série serem retratados de maneira bastante hiperbólica, a obra captura precisamente todas as nuances de sentimentos que cabem em uma reunião de amigos, em uma aula de colégio. Com exceção de alguns enredos, a série funciona como um retrato preciso e — nas mesmas proporções — romantizado de uma adolescência mediana. Assistir a segunda temporada de Euphoria é contemplar uma fotografia recém feita e sentir saudade do momento presente, é ser tomada pela nostalgia do agora.

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