Cinema
FUBAR é um sentimento e descreve a nova série com Arnold Schwarzenegger
O lançamento, que entrou rapidamente para top 1 da Netflix, mistura o dinamismo do ator de ação com comédia leve e uma história sobre relação pai e filha
A série de 8 episódios, no mesmo estilo dos recentes lançamentos Netflix, conta a história de Luke Brunner (Arnold Schwarzenegger), um agente da CIA que está amarrando as pontas dos seus últimos casos para finalmente se aposentar, focar em sua família e reconquistar sua esposa. No entanto, é chamado para uma última missão para auxiliar uma agente cuja identidade havia sido revelada, continuando um caso em que havia trabalhado anos antes. O que não esperava era descobrir que tal agente se tratava de sua filha, Emma (Monica Bárbaro), que, assim como o pai, mantinha sua vida de espiã em segredo.
Já de primeira vista, o nome da série chama a atenção: FUBAR. Em letras maiúsculas, este acrônimo se refere à gíria de guerra “fucked up beyond all recognition”, podendo ser traduzido como ‘ferrado além de todo o reconhecido’, vinda de uma palavra em alemão com sonoridade semelhante: furchtbar (péssimo, terrível). Se tornou famosa durante a Segunda Guerra Mundial, em que soldados estadunidenses ouviam os alemães a pronunciarem e imitavam a expressão, adicionando um significado em inglês.
Esta palavra também ajuda a descrever a forma que a série foi construída, em que cada episódio traz um problema diferente que dá a sensação de que tudo está prestes a dar mais e mais errado. Os finais terminam com divertidos cliffhangers que motivam quem os assiste a ver ‘só mais um episódio’.
No entanto, por mais que haja diversos conflitos paralelos, a trama principal segue a mesma: a relação familiar. Após anos escondendo da família seu trabalho como agente da CIA e se passando por um pequeno vendedor de aparelhos para academia — fazendo uma possível referência à antiga carreira do ator no fisiculturismo — Luke passou por um divórcio com a mulher que ainda ama e que, nos primeiros episódios, descobre estar saindo com outro. Junto a isso, ao descobrir que o pai é um espião, Emma passa a culpá-lo por priorizar o trabalho ao invés da família, não deixando de demonstrar seu descontentamento em toda a chance que pode. Entretanto, passa por dúvidas ao se deparar com uma situação semelhante à do pai com seu namorado, Carter (Jay Baruchel). O equilíbrio entre a carreira cheia de ação e aventura e a vida calma e romântica faz com que Emma se identifique com o pai, por mais que tente ao máximo não reconhecer isso.
No geral, a série não inova no que tenta trazer, mas não deixa de ser agradável e divertida de assistir. A fórmula de casos de espionagem com problemas novos que aparecem logo após a resolução do anterior pode beirar o repetitivo, mas a escalada de relações entre personagens em torno da trama ajuda a manter o interesse.
A atuação de Schwarzenegger tenta se assemelhar em partes à de suas antigas produções, mas é aparente que o gênero de ação não é o foco. A série traz dinamismo e humor para a trama, deixando mostrar o carisma do ator que, apesar de sua estatura intimidadora, não deixa de ser um pai amável que se importa com suas amizades e família.
Por fim, para os fãs mais conhecedores dos trabalhos de Arnold, é possível encontrar diversos Easter Eggs em referência aos seus filmes, o que pode tornar a série ainda mais divertida de assistir.
