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Livre para ser o que quiser: Lulu Santos emociona público em passagem pela capital gaúcha
Explorando as nuances do universo musical, cantor faz um convite à sensibilidade e ao autoconhecimento em sua turnê “Barítono”.
Uma mulher relembrando os melhores momentos de sua juventude. Uma professora celebrando seu aniversário com a filha. Duas amigas curtindo uma “noite das gurias”. Um jovem casal fotografando as recém colocadas alianças no final da noite. Um casal, não tão jovem, apoiando-se um no outro para assistirem juntos as trilhas que embalaram suas noites de amor.
“Será que eu mereço vocês?”, com esse questionamento, Lulu Santos se aproximava do término de seu show extra em Porto Alegre, no dia 16 de julho. Reunindo gerações no Auditório Araújo Viana, as apresentações de sábado (15) e domingo (16) compuseram a turnê “Barítono”, que celebra os 70 anos do cantor.
Exibida pela primeira vez na capital, a turnê versa sobre as diferentes extensões vocais que separam o agudo e o grave no universo musical. Em meio a um setlist repleto de sucessos que marcaram época, Lulu descreveu a jornada que perdurou sua carreira e resultou na identificação de sua faixa vocal em uma categoria média, situada entre o baixo e o tenor. “Admiti tardiamente várias coisas importantes sobre mim, entre elas o fato de ser um barítono. […] Meu tom de voz é barítono: nasci assim e gosto muito de ser assim”, afirmou.
Acompanhado de uma banda composta por cinco músicos, o cantor abriu a noite com uma nova versão de “Toda a Forma de Amor”. A música, lançada em 1988, conta agora com uma alteração em seus versos: “Eu sou teu homem / Você é minha mulher” passa a ser “Eu sou teu homem / Você é o que quiser”. Com a substituição do trecho, Lulu envolveu a plateia em um universo de possibilidades, no qual não falta espaço para a liberdade e o respeito.
Além da seleção de clássicos que consagraram o músico como um dos principais nomes do pop brasileiro, o show contou com a faixa “Esse brilho em seu olhar”, de 1983. Integrando o álbum “O Ritmo do Momento”, a canção permaneceu fora de seu repertório até o cantor perceber que, ao baixar um tom, muitas de suas músicas poderiam ser apresentadas ao vivo sem esforço. Ao romper com as barreiras entre o tradicional e o inédito, o espetáculo demonstrou, na prática, a importância da busca pelo autoconhecimento.
Encaminhando-se para o término da noite, Lulu chamou ao palco toda a equipe técnica para uma salva de palmas e, em seguida, presenteou a plateia com um convite especial na performance de “Tão Bem”. Antes de apresentá-la, o cantor — que é casado com Clebson Teixeira desde 2019 — ponderou que o pronome utilizado em “Ela me faz tão bem” já não representa mais sua situação romântica. Entretanto, ao contrário de modificá-la, como havia feito em shows anteriores, convidou o público a personalizá-la de modo a satisfazer a ligação afetiva que cada um pudesse ter com ela. “O passado existe e eu não estaria aqui hoje se não tivesse vivido isso”, justificou o artista.
Com uma performance que transbordou liberdade e afeto, Luiz Maurício Pragana dos Santos — mais conhecido como Lulu — mostrou aos gaúchos que é história, é transformação, é “Lux”. Que é o responsável pelas trilhas que levam uma mulher a se emocionar ao relembrar sua juventude. Uma professora a assisti-lo pela terceira vez. Duas amigas a brindarem suas paixões passageiras. Uma jovem a dizer “sim” para seu namorado. Um senhor a servir de apoio para sua esposa poder assistir, de pé, pelo menos cinco minutos do show.
Lulu mostrou que sim, merece isso e muito mais.
