Música

“Mil Coisas Invisíveis”: A beleza que habita no fim

Maria Fernanda Freire
Caderno 2

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O segundo álbum solo do vocalista do Terno é tão honesto e emocionante quanto o primeiro.

Capa de Mil Coisas Invisíveis. Reprodução: Bandcamp.

Após sua estreia solo em 2017, Tim Bernardes lançou, em junho de 2022, seu segundo disco sem a banda “O Terno”. Um dos maiores nomes da MPB contemporânea, Tim se popularizou após seu single “Só nós dois” ser incluído na trilha sonora da novela “Amor de Mãe”, em 2019. O novo projeto solo do artista parece ser uma progressão natural do primeiro: enquanto “Recomeçar” (2017) narra o sofrimento causado por um término de relacionamento, “Mil Coisas Invisíveis” apresenta um processo de reflexão, aceitação e conciliação com os próprios sentimentos.

O álbum é composto por 15 faixas, sendo a de abertura “Nascer, Viver, Morrer”. A música traz à tona a temática de encerramento e recomeço de ciclos que permeia não só esse álbum, mas a maior parte dos projetos do artista. As outras canções do disco seguem uma linha parecida, como “Mistificar”. A capacidade de Tim de colocar sua subjetividade nas músicas de forma franca é bastante emocionante, e convida o ouvinte a mergulhar dentro dos próprios sentimentos.

Apesar da voz potente e melodiosa, o maior dom de Tim Bernardes está na letra de suas músicas. A sensibilidade presente em suas composições torna todos os trabalhos do cantor singulares, mesmo quando tratam de temas universais. Um coração partido, uma despedida, uma reconciliação. As canções do artista constroem com maestria as nuances de vivências como essas. Para quem já acompanhava o trabalho solo de Tim, o novo disco soa como amadurecimento, não apenas de seus talentos musicais, mas também de suas percepções de mundo e dos relacionamentos. Em “Última Vez” e “Velha Amiga”, é possível perceber que, apesar de não menos arrebatadores, os fins de ciclo, tão sofridos em Recomeçar, agora parecem menos doloridos, e até mesmo belos.

Mil Coisas Invisíveis vale cada um dos seus 58 minutos de duração, e provoca reflexões sobre finais de ciclos e vivências afetivas. O álbum está disponível no Youtube, no Spotify e nas principais plataformas de áudio.

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